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Desestímulo a biocombustíveis na UE

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Uma polêmica proposta da União Europeia (UE), de cortar quase pela metade sua meta de uso de biocombustíveis convencionais para o período 2012­2030, traz riscos mas também oportunidades ao Brasil, avalia a representante da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) em Bruxelas, Géraldine Kutas.
 
Pela proposta europeia, apresentada na última terça­feira, a participação do biocombustível de primeira geração declinará de 7%, em 2021, para 3,8% em 2030, dentro da meta do bloco de atingir 27% de energia renovável no consumo final de energia no mercado comunitário.
 
A UE argumenta ter proposto essa modificação para "minimizar a mudança indireta do uso da terra" com o biocombustível feito a partir de cana­de­açúcar e grãos, deixando essas commodities para o consumo humano.
 
Produtores de biocombustíveis europeus reagiram furiosamente, já que se consideram traídos pela UE. Alegam que investiram 17 bilhões de euros em capacidade de produção. Etanol e biodiesel da primeira geração são considerados uma alternativa de receita, especialmente importante atualmente, diante do excedente na oferta de cereais.
De acordo com Geraldine Kutas, o Brasil sofreria impacto negativo se o texto fosse aprovado na forma atual. Mas ela acredita que não será o caso. A produção brasileira é quase inteiramente de etanol de primeira geração. Há apenas duas usinas de etanol de segunda geração, com produção ainda muito pequena.
 
A expectativa brasileira é de que a participação mínima de 3,8% para o etanol de primeira geração seja alterada nas intensas discussões que vão ocorrer, antes de aprovação no Parlamento Europeu e pelos Estados-membros. Um texto final não estará definido antes de um a dois anos.
 
Além disso, a proposta europeia traz oportunidades para o Brasil, avalia Geraldine. Primeiramente, junto com a retração do biocombustível convencional, a UE prevê um mínimo de 3,8% de produtos de segunda geração, a partir de lixo, algas e outras fontes que não representem uma interferência na agricultura, entre 2012 e 2030. E, nesse período, a expectativa é de que a produção brasileira desse segmento seja mais significativa.
 
A União Europeia prevê ainda um contingente de 3,2% para uso de produtos alternativos, incluindo carro elétrico, óleo de fritura, gordura animal e também etanol de melaço (resíduo da produção de açúcar) para o setor de transportes.
 
No Brasil, 10% da produção é de etanol de melaço, e essa pode ser também uma boa saída para os produtores brasileiros, acredita a representante da Única.
Atualmente, o Brasil exporta pouco etanol para a UE. Mas faz uma vínculo entre a nova proposta europeia de energia limpa e a negociação entre o Mercosul e a UE, pelo qual espera garantir um bom acesso para a produção brasileira de etanol. "A gente vê as duas coisas casadas, e esperamos ter boas oportunidades de toda maneira", afirmou Kutas.
 
Para organizações agrícolas europeias, o biocombustível de primeira geração e o avançado são parte da solução para garantir a existência de um setor de transportes mais respeitoso em relação ao ambiente. 
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