Edição 184

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Arnaldo Luiz Corrêa

Naturalidade – Santos, SP

Estado Civil – Casado há 26 anos com Silvia e tem duas filhas

Formação – Administração de Empresas, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV, e membro da PRMIA (Professional Risk Manager’s International Association)

Cargo – Diretor da Archer Consulting

Hobbies – Ouvir muita música, ir ao cinema, teatro e tocar com a sua banda

Filosofia de vida

“Fazer o bem sem olhar a quem.”

Natália Cherubin

O executivo deste mês divide-se literalmente entre lado A e lado B. Se de um lado ele dedica-se totalmente a gestão de riscos no mercado agrícola de commodities, no qual atua há 40 anos, o outro lado é 100% dedicado à música. Este é Arnaldo Luiz Corrêa, diretor da Archer Consulting, empresa criada por ele e especializada em gestão de riscos para commodities agrícolas, e vocalista da Seabelt, uma banda que faz cover de Beatles e outros conjuntos dos anos 60, como The mamas & the papas, Beach Boys, Kinks e Monkees.

Ao lado de seus amigos e companheiros da banda Seabelt, que faz cover de Beatles e outras bandas, como The mamas & the papas, Beach Boys, Kinks e Monkees

Corrêa formou-se em Administração e logo iniciou sua trajetória no mercado de café. Entre os anos de 1975 e 1994, ele passou pela Cargill e pelo Grupo Esteve Irmãos, onde atuou nas áreas Comercial e de Risco. Mas foi em 1994 que teve sua primeira experiência com o açúcar, quando foi trabalhar na Copersucar. “Na verdade, eu esperava que fosse trabalhar na área de café da Copersucar, que na época detinha a União. Mas nunca o fiz, sempre fiquei no açúcar. ”

Depois que saiu da Copersucar, Corrêa pode realizar um sonho antigo. Foi convidado para ser diretor agrícola da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), em São Paulo. Na BM&F participou da abertura do mercado para os investidores estrangeiros, o que considera uma experiência muito gratificante. “No entanto, como não me adaptei a questão institucional, porque gostava mais das operações, decidir ir trabalhar na Macquarie Bank, onde fiquei por dois anos, na área de Riscos. Meu último emprego foi na Coimex Trading, como diretor da mesa de derivativos, a qual era responsável pela operação de váriascommodities, como café, açúcar e soja”, relembra.

Em 2004, ao sair da Coimex, ele revela que recebeu algumas ofertas de emprego, mas decidiu tirar uma semana para clarear as ideias e ver o que realmente queria fazer a partir daquele momento. Corrêa foi para Ouro Preto, MG, sozinho. No retiro de uma semana, decidiu que iria montar uma consultoria e que iria escrever um livro sobre derivativos agrícolas. E assim fez!

“Em 2005, me juntei ao jornalista do Valor Econômico, Carlos Raíces, e escrevemos o livro Derivativos Agrícolas, que foi um best seller, publicado pela Editora Globo e que teve duas edições esgotadas. Eu queria repassar a minha experiência como trader para aqueles que estavam iniciando e, até o momento, não havia literatura em português sobre o assunto que retratasse de maneira didática o funcionamento dos mercados de commodities. Então essa foi uma experiência extremamente gratificante”, conta Corrêa.

Já a consultoria foi criada para ser uma empresa especialista em Gestão de Riscos e focada em commodities agrícolas, com ênfase no mercado de futuros de opções e derivativos, com objetivo de mitigação de riscos, inerente das próprias commodities, e também focada no desenvolvimento da gestão dessas operações.

Surgia a Archer, palavra que no inglês significa arqueiro. Nome escolhido por traduzir o objetivo dos projetos, serviços, consultoria e planejamentos estratégicos oferecidos pela empresa de Corrêa. “Em nossos trabalhos, buscamos sempre a assertividade. Lidamos diretamente com o mercado de futuros, opções e derivativos, o qual a exigência pelo acerto ao alvo é premissa básica para executar nossos serviços com total eficiência. Acertar o alvo, ou melhor, ser o arqueiro assertivo é nosso propósito!”

LADO A: O MERCADO DE COMMODITIES

Ao lado da filha Isabela, Corrêa descreve sua emoção ao conhecer a casa onde viveu Paul McCartney: “as histórias de quem conviveu e viveu o clima da época remetem-nos a uma emocionante, comovente e fantástica viagem ao tempo.”

Hoje, Corrêa oferece através da empresa um trabalho focado na construção de uma gestão de riscos, com forte conhecimento na área de futuros, opções e derivativos, e na otimização do uso de instrumentos de hedge para posições no mercado. A ideia principal, segundo ele, era a implantação e disseminação da cultura de hedge dentro das empresas por meio de Workshops e Companies, a elaboração de Política de Risco e Gestão de Risco eficiente do agronegócio. “Hoje nós temos um curso que é um intensivo de futuros, opções e derivativos que já virou referência. Já estamos no décimo quarto ano e mais de mil pessoas já fizeram este curso”, adiciona.

Outro trabalho que Corrêa realiza através de sua consultoria é a implantação do relatório diário de lucros e perdas, o qual auxilia as empresas a entenderem sua posição proprietária, as operações de spread, de arbitragem, a quantificação de risco por meio das gregas, a reestruturação completa na abordagem comercial, utilizando derivativos e objetivando agregar valor ao acionista.

“Também atuamos com bastante ênfase no monitoramento das posições dos mercados futuros. Nós elaboramos as posições, operamos com estoque, tiramos vantagem da volatilidade, fazemos estudos estatísticos diversos, temos um relatório semanal do mercado de açúcar e café, que é enviado para mais de 5 mil pessoas. Além disso também fazemos previsões de safra, de preços para o médio e longo prazo, atuamos no monitoramento de custos de produção, acompanhamos a fixação de preço nas usinas, elaboramos estruturas de hedges adequadas a cada cenário, entre muitos outros”, detalha o executivo.

Hoje ele trabalha com uma equipe formada por freelances, pessoas que fazem alguns trabalhos dedicados e que o ajudam na elaboração de relatórios, pesquisas e modelos de preços. “Temos alguns tentáculos, pessoas que estão orbitando em volta da Archer e ajudando em diversos setores. São mais ou menos dez pessoas que colaboram efetivamente com a gente.”

Corrêa acredita que a maior conquista do seu trabalho foi mudar o conceito de hedge e de derivativos dentro das empresas que auxiliou. Segundo ele, é muito gratificante ver empresas ganhando dinheiro com as estruturas que foram montadas por ele. “Na parte de gestão, onde risco é muito importante, eu acredito que o setor sucroenergético, onde estão a maior parte dos meus clientes, teve uma maturidade muito grande ao longo desses últimos anos. Eles sabem usar de maneira correta os instrumentos de derivativos que estão disponíveis no mercado. Algumas coisas que surgiram também ao longo desses últimosanos, principalmente a fixação de preços já em reais por libra preço, foi muito importante e trouxe grande contribuição para o resultado das empresas sucroenergéticas.”

LADO B: A MÚSICA

Ao lado da esposa Silvia, com quem é casado há 26 anos e com quem tem duas filhas, Isabela e Priscila

Por viajar muito para visitar e atender clientes em várias localidades do Brasil, Corrêa quase nunca vai a sede da sua empresa, que fica em São Paulo. Apesar de adorar a falta de rotina de escritório, ele conta que mesmo assim preza por ser bastante organizado em seus planejamentos. “Consigo organizar meu dia a dia e minhas tarefas profissionais tranquilamente.”

O lado B de Corrêa certamente poderia deixar as pessoas que o encontram em grandes eventos de mercado, trajando terno e gravata, e falando o linguajar financeiro, bem surpresos. Seu lado B é recheado de música. É o que ele mais gosta de fazer. “Minha relação com a música é muito íntima. Eu gosto muito de música, coloco música para quase todas as minhas atividades. Algumas quando estou escrevendo, quando estou trabalhando. A música me relaxa. Mas também gosto de ler, de assistir séries, gosto de ir ao teatro e cinema, então eu procuro sempre dedicar algumas horas na semana para todos estes hobbies.”

A paixão pela música se tornou algo tão latente na vida de Corrêa que ele montou, em 2002, junto com amigos, uma banda chamada Seabelt, nome criado a partir de um anagrama da palavra Beatles e também uma referência ao mar (Sea, em inglês) pela origem de seus primeiros componentes, originais de Santos, SP. “Focamos o nosso repertório em Beatles e nas carreiras solos de seus integrantes, mas também tocamos músicas de bandas que foram sucesso nos anos 60, como Beach Boys, The mamas&the papas, Monkees, Kinks e Herman’s Hermits.”

A dedicação é tanta que a banda de Corrêa já gravou dois cds. Um só com versões de músicas dos Beatles e um com as músicas das carreiras solos de seus integrantes, principalmente Paul McCartney e George Harrison.

PAUL OU JOHN?

Todo fã de Beatles já foi questionado alguma vez na vida sobre a preferência entre Paul McCartney e John Lennon. Corrêa surpreende com a resposta. Seu Beatle favorito é George Harrison. “Eu gosto muito de todas as músicas deles e tenho que admitir que todos eles são geniais dentro de suas especialidades. O John como letrista e o Paul como grande musicista e multi-instrumentista, além de criador de harmonias simplesmente inesquecíveis. Mas acho que se tivesse que escolher um deles para ser meu amigo, escolheria o Harrison, por parecer o Beatle mais cool e o mais pé no chão de todos eles”, revela Corrêa.

Sua música predileta? In my life, de autoria de McCartney e Lennon. “Os Beatles nos desafiam a todo momento, porque apesar de fazer quase 50 anos que a banda deixou de existir, a gente se surpreende com os detalhes, com as harmonias, com os arranjos, com os backing vocals, que a gente tenta reproduzir de maneira bem fiel na Seabelt. Acho que essa é até a principal diferença da nossa banda.”

O foco da Seabelt não é fazer turnê pelo Brasil, mas o executivo conta que eles fazem de oito a dez shows por ano. Em 2014, a banda foi uma das três escolhidas de todo o Estado de São Paulo para participar da Beatle Week, evento anual que ocorre em Belo Horizonte, com o apoio do Cavern Club de Liverpool, terra dos Beatles, e que traz bandas de toda a América Latina. Seabelt também se apresentou em duas casas de shows de rock da capital mineira: Lord Pub e Jack Rock Bar, com direito a casa cheia.

“É uma terapia que traz muita energia. Já fizemos shows para muitas entidades carentes. Adoramos fazer shows beneficentes. Como nenhum de nós vive da música, a gente gosta muito deste tipo de atividade onde podemos juntar o que mais gostamos, com a oportunidade de ajudar pessoas”, exalta Corrêa, que vive uma filosofia de vida bem simples: “fazer o bem sem olhar a quem.”

Corrêa acredita que a maior conquista do seu trabalho foi mudar o conceito de hedge e de derivativos dentro das empresas em que prestou consultoria

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