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Pesquisa do IAC resulta em controle alternativo para plantas daninhas em lima ácida Tahiti com aumento de produtividade

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O uso adequado de plantas de cobertura nas entrelinhas de pomares de lima ácida Tahiti com adoção de braquiárias em conjunto com a utilização da roçadora lateral do tipo ‘ecológica’ constitui um manejo alternativo. Este sistema, que ainda pode ou não ser aliado a herbicidas, proporciona altos índices de produtividade. Esta é a descoberta de uma pesquisa inédita desenvolvida na Pós-Graduação do Instituto Agronômico (IAC) em Agricultura Tropical e Subtropical sobre os efeitos de diferentes técnicas de manejos no controle de plantas daninhas em pomares de lima ácida Tahiti. O estudo é conduzido pelo doutorando Rodrigo Martinelli, sob orientação de Fernando Alves de Azevedo, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

A produtividade acumulada neste sistema alcançou cerca de 100 toneladas, por hectare, nas primeiras cinco safras, enquanto no método convencional a produção foi de 75 toneladas. A técnica, denominada de roçagem ecológica, também não altera significativamente o custo de produção, pois além da braquiária implantada, basta o uso da roçadora ecológica, ao invés da roçadora convencional.

“O método pesquisado é uma alternativa ao convencional de controle de plantas daninhas, que envolve o controle químico, com potencial para utilização em diversas localidades, inclusive em outras culturas, além da possibilidade para a agricultura orgânica”, explica Martinelli, responsável pela pesquisa, que ainda está em andamento.

Se o citricultor não combater as plantas daninhas, as perdas podem chegar a 52% da produção. Isso porque elas competem com os citros por recursos essenciais, como água, luz e nutrientes, e ainda liberam substâncias alelopáticas, além de serem hospedeiras intermediárias de pragas e patógenos. “Todos estes fatores de competição podem prejudicar o desenvolvimento dos citros, diminuindo sua produtividade. Muitas vezes as plantas daninhas passam despercebidas, por seus efeitos serem menos dramáticos que os das pragas e doenças”, afirma.

Segundo Martinelli, embora a roçadora ecológica seja utilizada pelos citricultores, muitas vezes elas são subutilizadas pela má condução da cultura de cobertura, além de não haver estudos demonstrando quais benefícios essa técnica traz aos pomares ao longo do tempo. Neste estudo, foram analisadas duas espécies de braquiária (Urochloa ruziziensis e U. decumbens), duas roçadoras que projetam a biomassa de maneiras distintas e duas situações: com e sem uso do herbicida glifosato. As duas espécies de braquiária foram escolhidas por serem perenes, característica que facilita o manejo do produtor por dispensar a semeadura anual da cultura de cobertura.

“Escolhemos a espécie U. decumbens por ser a gramínea de maior disseminação em nosso país, além de ser agressiva e ter relatos de alelopatia aos citros, enquanto a U. ruziziensis por não haver relatos deste tipo; a utilização de braquiárias como cultura de cobertura, aliada ao uso da roçadora ecológica, pode promover um tipo de controle adicional às plantas daninhas”, afirma Martinelli.

Porém, a U. ruziziensis não ocorre naturalmente e só é encontrada em pomares onde é instalada. Em caso de ser necessário o plantio de braquiária, o custo é de, aproximadamente, R$ 100,00 por hectare, com a vantagem de ser feito o investimento uma única vez, já que se trata de cultura perene.

A biomassa projetada para linha de plantio pode proporcionar o controle de plantas daninhas, igual ou superior ao alcançado com herbicidas. Porém, ao usar produtos químicos, os citricultores podem gastar de R$ 70,00 a R$ 200,00, por hectare, dependendo do herbicida adotado. Além deste benefício, a técnica também propicia melhores condições físicas, químicas e biológicas do solo, como menor erosão, manutenção e acréscimos de teores de matéria orgânica e nutrientes, menor compactação, maior umidade, dentre outros.

De acordo com Martinelli, a roçadora lateral é um equipamento que facilita a roçagem mais próxima das plantas de citros, por conseguir alcançar mais próximo das copas. A máquina do tipo ‘ecológica’ tem a função adicional de projetar lateralmente a biomassa cortada. “No caso da utilização da roçadora lateral em pomares de frutíferas, a deposição da biomassa é realizada na faixa da linha de plantio, ou seja, abaixo da copa dos citros, promovendo a cobertura do solo pela palhada da cultura de cobertura, criando o efeito conhecido como mulching”, explica. Há experimentos em Cordeirópolis, Mogi Mirim e Araras.

A pesquisa vem sendo conduzida desde 2011, quando o aluno realizava estágio como bolsista de Iniciação Científica (PIBIC), no IAC. O estudo teve continuidade em mais dois anos, durante seu mestrado também realizado no Instituto Agronômico. O estudo foi fomentado, primeiramente, pela Fundação Agricultura Sustentável – Agrisus, no período de 2011 a 2013, e posteriormente pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), de 2014 a 2017. Atualmente, o trabalho conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A pesquisa foi publicada na revista científica Weed Technology, em 2017 com o título Ecological Mowing: An Option for Sustainable Weed Management in Young Citrus Orchards”. A partir dessa divulgação, Martinelli foi convidado pelo governo da França para participar do evento Carrefours de l’Innovation Agronomique, na Guiana Francesa, nos dias 23 e 24 de outubro de 2017. Ele também apresentou o trabalho no Congresso Internacional de Plantas Daninhas em Praga, na República Tcheca, em junho de 2016. Segundo Martinelli, a comunidade europeia pretende banir o herbicida glyphosate até dezembro de 2022. “Como este é o herbicida mais utilizado no mundo, há preocupação em viabilizar técnicas alternativas ou que possam reduzir o seu uso”, completa.

No Brasil, o doutorando e seu orientador têm feito palestras para divulgar a técnica. Em 2017, Martinelli esteve nos municípios paulistas de Pindorama, Socorro e Itápolis, e também em Jaíba, Minas Gerais, transferindo essa nova tecnologia gerada no IAC. Em um levantamento informal feito durante a Semana de Citricultura realizada pelo Centro de Citricultura “Sylvio Moreira”, notou-se que a técnica vem sendo adotada por boa parte dos produtores.

O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, afirma que o IAC sempre busca estar na vanguarda das necessidades da população como orientação do governador, Geraldo Alckmin.

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