Home Edição 186 Em busca da satisfação e realização pelo trabalho: é possível?
Edição 186

Em busca da satisfação e realização pelo trabalho: é possível?

Compartilhar

Encontrar significado no trabalho é hoje uma das maiores buscas dos profissionais de mercado. O sentido do trabalho mudou, mas algumas crenças ainda precisam ser revisadas

*Beatriz Resende

Gosto das fases que nós chamamos de finais de ciclo. O final de ano, que a cada vez chega mais rápido, nos convida a fazer reflexões em espaços de tempos aparentemente menores. Pelo menos é a sensação que todos nós temos. Final de ciclo para uns, início para outros. Não importa. O importante é preservar, na sua linha de tempo particular, o exercício da autorreflexão com foco na evolução, crescimento, aquietamento interno ou outro propósito que se tenha no âmbito pessoal e/ou profissional.

Na esfera profissional, o aprofundamento de uma reflexão sobre felicidade no trabalho é sempre muito invadida por questões que, por força maior, acabam por entorpecer os nossos chamados internos e externos sobre uma avaliação fidedigna do quanto somos ou estamos felizes em nossa trajetória. Fatores como insegurança, baixa autoestima, auto cobranças, medo de mudança, instinto ou formato distorcido de sobrevivência e segurança pelo ter, crises econômicas, dependências em vários níveis, e até as síndromes descobertas num presente mais recente, como a síndrome do impostor, esses e outros acabam por congelar, adiar ou amenizar qualquer análise que precisaríamos fazer como adultos e pessoas responsáveis pela própria felicidade. Sim, temos que trabalhar, mas podemos fazê-lo com prazer, paixão, força de vontade, comprometimento e de forma diferenciada. E encontrar pontos que, por questões de afinidade, competência ou oportunidade, nos permitam transcender para um patamar de contribuição, de fazer a diferença para um lugar ou para alguém, de servir a um propósito nobre, mas, principalmente, que faça sentido para nós, que nos nutra daquela sensação tão boa de missão cumprida. E isso é possível para todos. Cada um naquilo que escolheu, que mais se encaixou e que entende poder, dali, entregar algo que será importante para um micro ou macrocosmo.

Somos responsáveis pelo sucesso das próximas gerações. E este pensamento não se resume às pessoas que têm filhos e pensam num futuro a partir deles como uma continuidade da sua história. Também somos responsáveis pelo sentido de mundo que vamos deixar para as próximas gerações. Somos responsáveis, como empresa, profissionais, gestores, educadores e representantes da gestão de pessoas nas organizações, por deixar um sentido melhor sobre o trabalho como legado para essas gerações. Os jovens já estão entrando na vida profissional e trazendo uma imagem, dos seus lares e das suas relações, com a visão e a responsabilidade já comprometidas sobre a condução da sua vida profissional. Isso é muito preocupante. Como vamos evoluir como empresas e lideranças para atender a este novo grupo de trabalhadores se não temos nem como dar a elas um sentido melhor sobre o homem e o trabalho?

Um grande incômodo pessoal e profissional meu sempre teve um pensamento ancorado nessa visão. Para mim isso sempre foi claro e fiz movimentos constantes na tentativa de buscar novos horizontes, uns bons, outros nem tanto. Mas nos últimos anos é forte o meu esforço e dedicação para que esse cenário mude. Me sinto bem e acho estar contribuindo para essa mudança de pensamento. Trabalho por uma visão menos mecânica sobre as relações de trabalho e a relação de cada um com o seu trabalho, com a responsabilidade pela felicidade a partir dele.

E, para finalizar, como uma homenagem respeitosa aos lugares e pessoas que estive, conheci e servi, aos acertos reconhecidos, aos erros cometidos, a tudo que pertenci, guardado de forma sagrada na minha alma, digo, com toda certeza, que o estado de felicidade nem sempre está fora de nós ou do lugar que estamos e com quem estamos. Ele está exatamente no lugar onde estamos, e é uma questão de mudar o olhar e valorizar.

Como diria Boaventura de Souza Santos: “Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades”.

Um feliz final ou início de ciclo a todos os leitores, profissionais e seres humanos, acima de tudo, que buscam o sentido da existência!

*Beatriz Resende é consultora, palestrante e conselheira de carreiras da Coerhência-Integrando Negócios & Pessoas e Dra. Empresa.

Compartilhar
Artigo Relacionado
Edição 186

Dropes

  COSAN PEDE AO GOVERNO AÇÃO A FAVOR DA BIOMASSA BRASILEIRA NO JAPÃO Executivos...

Edição 186

Dedicado a união e aos interesses dos produtores

Eduardo Vasconcelos Romão Idade – 56 anos Estado Civil – Casado e tem duas...

Edição 186

Por dentro da usina

  DIREITO TRIBUTÁRIO UNIÃO NÃO PODE COBRAR IMPOSTO DE RENDA SOBRE VERBAS...

Edição 186

Atualidades jurídicas

  DIREITO TRIBUTÁRIO UNIÃO NÃO PODE COBRAR IMPOSTO DE RENDA SOBRE VERBAS...