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Edição 186

Lubrificantes: fonte de proteção e informação

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Assim como o sangue carrega informações importantes quanto as condições de saúde de um ser humano, o óleo lubrificante também pode transmitir a real condição dos equipamentos de uma usina

*Frank Willians

Em épocas em que não existem mais fronteiras para competição entre as indústrias, seja ela de qual segmento for, aumenta-se mais do nunca uma necessidade do equilíbrio entre a maior produtividade com o menor custo possível. E respondendo a esta realidade, grandes fabricantes de máquinas e equipamentos embarcam em seus produtos alta tecnologia. Porém de nada adianta estes se os lubrificantes não acompanharem a questão do custo-benefício! Por isto, os fabricantes de óleos têm investido milhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, buscando o melhor desempenho de seus lubrificantes.

A maioria dos profissionais de manutenção e lubrificação das usinas de açúcar e etanol possuem conhecimentos básicos dos lubrificantes. Geralmente, este conhecimento está relacionado a aplicação e ao período de troca destes produtos. Porém, para um melhor manuseio e aproveitamento de seu desempenho, é importante obter um entendimento mais abrangente, como composição básica e indicadores de performance.

Algumas vezes referidos como óleos, os lubrificantes são fluidos projetados por dois compostos:

Óleo-base: que desempenha várias funções, incluindo a formação de uma camada fluida entre as partes móveis a fim de reduzir a fricção, desgaste, transportando os contaminantes até o filtro e removendo calor gerado dentro da máquina;

Pacotes aditivos: que são componentes químicos adicionados à base do óleo com objetivo de aumentar significativamente desempenho do lubrificante. Dentre várias funções, o aditivo melhora a estabilidade, a oxidação, diminui o desgaste prematuro e inibi a corrosão.

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É preciso entender que os lubrificantes fazem mais do que simplesmente lubrificar. Na realidade, eles desempenham vários papeis importantes dentro de um equipamento em operação.

TIPOS DE ÓLEOS LUBRIFICANTES

Conforme já mencionado, os óleos lubrificantes são compostos de óleo base e um pacote de aditivos formulados para aumentar seu desempenho. O pacote de aditivos pode constituir de 2% a 30% do óleo, dependendo do tipo e sua aplicação. Alguns óleos especiais, como fluido de transmissão de tratores agrícolas ou sistemas hidráulicos compostos por servo válvulas, são projetados para um uso muito específico, porém, a maioria dos lubrificantes está dentro dos seguintes grupos:

Óleos de motor: contêm agentes antidesgaste e detergentes e são projetados para trabalhar em larga faixa de temperatura. Esta categoria inclui óleos para motor a diesel, para equipamentos grande porte; e óleos para motor a gasolina para carros de passeio;

Óleos antidesgaste (AW em inglês): são formulados com aditivos antidesgaste para ajudar a prevenir desgaste em situações de carga estática. Esta categoria inclui fluidos hidráulicos AW e óleos leves de engrenagem. São aplicados em sistemas hidráulicos de colhedoras de cana e sistemas hidráulicos dentro das usinas sucroenergéticas;

Óleos de pressão extrema (EP em inglês): são projetados para aplicações de alta carga e baixa velocidade. Eles são usualmente óleos de engrenagem de movimento lento e com reversão. São usados também em rolamentos onde sofrem alta carga e pressão. Esta categoria é especialmente utilizada em redutores industriais e reduções finais das colhedoras de cana;

Óleos inibidores de ferrugem e oxidação (R&O): são projetados para aplicações de vida longa, em operações de cargas leves e altas velocidades, como utilizados em turbinas a óleo e fluidos hidráulicos. Óleos R&O são formulados com aditivos para inibir o processo de oxidação;

Existem inúmeros tipos de Lubrificantes, que variam significativamente de acordo com sua utilização. Por isto, a escolha do melhor óleo nunca deverá ser baseada no preço e sim na aplicação.

LUBRIFICANTES COMO FONTE DE INFORMAÇÃO

Assim como o sangue carrega informações importantes quanto as condições de saúde de um ser humano, o óleo lubrificante também pode transmitir a real condição do equipamento, não somente quanto ao nível de desgaste e contaminação, como também na condição de operação. E para obter estas informações a análise físico-química do óleo se torna uma ferramenta imprescindível para a eficiente gestão de ativos.

Depois de um tempo inserido no equipamento, o lubrificante passa refletir as condições de seus componentes mecânicos. Isto acontece por estar em contato direto com as peças internas, absorvendo partículas metálicas e contaminantes, que são invisíveis a olho nu. No caso específico de motores, muitos produtos gerados do processo de combustão também são capturados pelo óleo em circulação. E pela análise de óleo é possível identificar e medir estas partículas e impurezas gerando informações precisas para equipe de manutenção.

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Mas é preciso que a análise de óleo siga três pilares de avaliação:

1) Avaliação das condições do lubrificante: revela se o fluido está em boas condições de uso, se está apropriado para a aplicação ou se é o momento para sua troca.

2) Monitoramento do contaminante: contaminantes na forma de ar, sujeira e água, provenientes de vazamentos ou do próprio processo, são as principais causas de falha de equipamentos. O alto nível de contaminação vai alertá-lo a tomar ações direcionadas a eliminar a sua fonte, evitando desgaste prematuro da máquina.

3) Monitoramento do desgaste da máquina: uma máquina “doente” gera partículas de desgaste em taxa exponencial. A detecção e análise destas partículas ajudam a tomar rápidas decisões de manutenção, evitando falhas prematuras, custos desnecessários e não planejados.

Para que o programa de monitoramento dos fluidos se torne eficaz, é preciso aplicar técnicas de interpretações capazes de analisar não somente especificação e aplicação do lubrificante, mas também ao tipo de equipamento e sua constituição mecânica. Geralmente, são efetuados por técnicos ou engenheiros mecânicos experientes que conhecem a estrutura do equipamento e sua operação. A tabelas 1 e 2 demonstram como as variações de resultados podem ser aplicadas de acordo com o segmento em que o equipamento está inserido.

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APROVEITE O MÁXIMO DO LUBRIFICANTE

O lubrificante não é apenas um fluido para lubrificação, mas também uma fonte eficaz de informações que são capazes de reduzir custos de manutenção e aumentar a produtividade. E para aproveitar o máximo destas informações é preciso obter o correto conceito sobre a lubrificação e análise de óleo. Também é imprescindível manter uma boa sinergia entre os setores de manutenção e suprimentos, não deixando dúvidas no conceito entre “preço e aplicação”.

Muitas usinas sucroenergéticas já identificaram as inúmeras vantagens quanto ao investimento num Plano de Monitoramento de Fluidos, inclusive algumas delas optando em obter seu próprio laboratório. Contudo, para o correto uso desta valiosa ferramenta, seja fornecido por laboratório próprio ou terceirizado, é importante se atentar a aplicação das normas utilizadas nas análises físico-químicas e nas técnicas de interpretação.

*Frank Willians é da Lubconsult – Consultoria e Análise de Lubrificantes

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