Impulsionadas pela aquisição da americana Monsanto, concluída no início de junho, as vendas globais da divisão agrícola da Bayer registraram forte aumento no segundo trimestre deste ano. O montante alcançou € 3 bilhões, um crescimento de quase 40% em relação a igual intervalo de 2017.
Segundo informou a multinacional alemã, a Monsanto respondeu por € 543 milhões desse total. Outros € 468 milhões vieram de vendas de negócios alienados para a Basf em agosto, como determinaram órgãos regulatórios no processo de aprovação da compra da Monsanto.
Mas o aumento das vendas também refletiu a normalização dos estoques no Brasil, segundo maior mercado de defensivos do mundo. Por causa dos problemas no Brasil, as vendas na Bayer Crop Science de abril a junho do ano passado na América Latina foram negativas em € 69 milhões.
No segundo trimestre deste ano, o valor, positivo, atingiu € 441 milhões, ou 15% das vendas totais, e no Brasil o aumento foi de 10%. Na América do Norte foram € 1,1 bilhão. No primeiro semestre, as vendas da divisão agrícola da Bayer na América Latina totalizaram € 671 milhões, ante € 181 milhões do mesmo período de 2017. No total, foram € 5,9 bilhões, aumento de 11,1%.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Crop Science somou € 353 milhões no segundo trimestre, um incremento de 51,5% na comparação com igual intervalo de 2017. No semestre, chegou a € 1,3 bilhão, com alta de 0,8%.
Em relatório, a Bayer confirmou que expandiu consideravelmente o negócio de sementes, especialmente de soja e milho, depois da aquisição da Monsanto. E que o negócio de herbicidas também cresceu. Com a americana, a alemã avançou sobretudo nas Américas do Norte e Latina.
O avanço dos resultados deu combustível para a Bayer mais uma vez defender que a aquisição da Monsanto foi um bom negócio, apesar dos processos judiciais que “herdou” envolvendo o defensivo glifosato, um dos principais produtos da americana, que desenvolveu a semente transgênica resistente a ele.
Mesmo com o aumento de processos envolvendo o produto – já são 8 mil apenas nos Estados Unidos – o presidente da Bayer, Werner Baumann, disse não se arrepender da transação. “O negócio da Monsanto é muito saudável”, afirmou durante teleconferência com analistas.
“Não há nenhuma comprovação entre a aplicação, os ingredientes do produto e o desenvolvimento de câncer”, reforçou. Questionado sobre provisões para eventuais perdas na Justiça nos casos em pauta, Liam Condon, membro do conselho de administração da Bayer e presidente da divisão agrícola, afirmou que o valor “não é estimável”. “Não colocamos nenhuma previsão no livro para perdas nessa linha”, disse.
“Até o momento, não vimos nenhum impacto negativo nas vendas. Também não há qualquer mudança regulatória e nenhum novo efeito científico constatado”, afirmou Condon. Segundo ele, o único efeito possível seria se os agricultores decidissem não usar o herbicida. “E não temos visto nenhuma mudança nesse sentido”. (Valor Econômico