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Entenda a crise que deixou o México sem combustível

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As pessoas aguardam em longas filas nos postos de combustíveis da Cidade do México. Milhares de soldados foram deslocados por todo o país para vigiar oleodutos. Combustíveis estão sendo desviados para caminhões-tanques escoltados por veículos armados. São os sinais de uma crise crescente no México, onde a nova tática assertiva do governo para combater o roubo de combustível dos oleodutos levou à falta de combustível durante vários dias na capital e pelo menos sete estados centrais.
Como o país chegou a esse ponto?

Não é de hoje que quadrilhas criminosas conhecidas como “huachicoleros” atacam os milhares de quilômetros de oleodutos que atravessam o México, levando a gasolina das refinarias para os postos de distribuição. Os ataques muitas vezes ocorrem em áreas rurais. Os ladrões abrem uma torneira no oleoduto, desviam a gasolina e a revendem. Ou então atuam com pessoas corruptas que trabalham no sistema de distribuição para roubar o combustível.

A gasolina roubada, mais barata, criou um mercado alternativo de combustível em muitas comunidades rurais, mas custa caro ao governo. O presidente Andrés Manuel López Obrador disse que no ano passado foi roubada gasolina no valor de US$ 3,14 bilhões.
Essas torneiras abertas ilegalmente podem encerrar perigo. A explosão de um oleoduto no estado central de Puebla em 2010 deixou pelo menos 27 mortos, muitos feridos e várias casas destruídas.

Na quarta-feira o oleoduto entre a cidade costeira de Tuxpan e a Cidade do México foi sabotado em retaliação contra as medidas tomadas pelo governo para reprimir os roubos, reduzindo o fornecimento de gasolina à capital. Como parte da repressão aos roubos iniciada por López Obrador, que tomou posse em dezembro, os oleodutos vulneráveis aos roubos foram fechados, e o combustível está sendo transportado por caminhões-tanques escoltados. É um processo lento e logisticamente complicado.

A estatal energética Pemex disse que os novos métodos de transporte estão provocando atrasos na entrega de gasolina aos postos de combustíveis. Segundo a empresa, as filas formadas nos postos não se devem a uma escassez real de combustível. “A Pemex está pedindo o apoio e compreensão do público”, disse a empresa em comunicado. “Essas operações sem dúvida vão se traduzir em benefícios para todos os mexicanos.”
Na sexta-feira o presidente disse que 4.000 militares e policiais foram deslocados para trechos estrategicamente importantes do oleoduto, que se estendem por cerca de 600 quilômetros e normalmente transportam 400 mil barris de gasolina por dia.

Ele não informou quando o combustível vai voltar a passar pelos trechos fechados, mas prometeu dar continuidade aos esforços para coibir os roubos, que, segundo ele, são frutos em parte da “incompetência ou complacência” de autoridades locais. “É isso que estamos combatendo”, disse López Obrador”. “Não podemos deixar a corrupção continuar.” Ele disse também que não falta combustível no país: “É um problema apenas de distribuição”.

Apesar das filas longas nos postos, o presidente não dá sinais de estar mudando de tática. Segundo ele, o volume de gasolina roubada caiu significativamente devido às suas ações. “Eu já falei antes e volto a dizer: vamos ver quem se cansa primeiro. Vamos acabar com o roubo de combustível.” A gasolina está escassa há dias na área metropolitana da Cidade do México, com mais de 20 milhões de habitantes. Alguns postos tiveram que fechar, empresas que dependem de combustível para transportar bens e pessoas estão sendo prejudicadas, e os prejuízos já chegam a milhões de dólares.

Para especialistas, a estratégia adotada pelo presidente pode ter reduzido o roubo de combustível no curto prazo, mas é insustentável.
Asael Nuche, diretor de gestão de riscos da Etellekt, uma consultoria que estuda o problema, disse em coluna publicada no El Heraldo de Mexico que as ações adotadas pelo governo têm custo alto e não são seguras. “Não existe método de transporte mais eficiente e econômico que os oleodutos. Logo, a única opção viável para o governo federal é retomar o controle deles”, ele escreveu.

Para empresários, a crise do combustível já está causando prejuízos. Gustavo de Hoyos, presidente da Coparmex, a associação de empregadores do país, disse em coletiva de imprensa na quinta-feira (10) que uma pesquisa realizada com 3.500 empresas constatou prejuízos que passam de US$ 60 milhões.

Os motoristas estão conformados com as filas por enquanto, mas os ânimos já estão se acirrando. “Este não é o único jeito de resolver o problema”, comentou o taxista Javier Cruz, que contou ter esperado três horas para conseguir encher seu tanque. Em quem ele pôs a culpa? No presidente.

Fonte: Folha de São Paulo – 14/01/2019

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