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Raízen vê custos em alta, mas ainda espera resultado recorde

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A Raízen deve acelerar suas vendas de açúcar e de renováveis na segunda metade da safra atual (2021/22) e encerrar o exercício com resultado recorde, apesar de um esperado aumento de custos para esta segunda parte da temporada, segundo Ricardo Mussa, CEO da companhia, em teleconferência com analistas sobre o balanço do segundo trimestre.

A estratégia de concentrar as vendas na segunda metade da safra foi um dos motivos para a empresa elevar para R$ 10 bilhões a R$ 11 bilhões sua projeção para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 2021/22.

Em dois trimestres, o Ebitda alcançou R$ 5,5 bilhões, sendo a maior parcela do segmento de renováveis (R$ 2,6 bilhões). Já o Ebitda de açúcar do último trimestre caiu 21%, a R$ 603 milhões, em virtude da queda da produção e pela estratégia de vendas.

“Temos expectativa de aceleração das vendas de renováveis e açúcar, com preços melhores que no ano anterior”, afirmou o CEO. Ele lembrou que os preços do açúcar já estão protegidos e que o cenário de preços de etanol oferece “boas oportunidades para alavancar retorno”.

Mussa ressaltou que a rentabilidade do etanol já vem apresentando uma “melhora significativa”. A empresa tem vendido etanol tanto de sua produção própria como de terceiros e vem aumentando a comercialização do E2G (celulósico) para o setor industrial para substituir insumos na produção de plásticos, solventes e químicos. Segundo o executivo, o preço do etanol vendido à indústria foi “tão bom” que a Raízen comprou etanol de outras empresas para cumprir os contratos e “desfrutar de boas margens”.

Ele ressaltou ainda que o desempenho no mercado interno e externo de trading de etanol também foi muito favorável. Ele disse esperar que as oportunidades de trading de etanol fora do Brasil podem aparecer “nos próximos resultados” trimestrais.

Porém, o otimismo não tira de vista que há uma pressão crescente dos custos, que devem aumentar nos últimos dois trimestres da safra. “Em geral, temos custos mais altos daqui para a frente por causa da queda da moagem e da alta do diesel”, afirmou o executivo.

Nos dois primeiros trimestres, a moagem de cana da companhia caiu 6% em relação ao mesmo período da safra passada, mas até o fim do período de processamento a expectativa é de quebra de 13%, disse. A estimativa de moagem deste ciclo é de 76 milhões a 77 milhões de toneladas. O número considera as usinas da Biosev, que a partir de agora aparecem dentro do resultado consolidado da Raízen. “Teremos menor moagem, custo maior, o impacto do diesel e do Consecana”, explicou.

Ainda assim, Mussa disse que a companhia está com perspectiva de resultados “acima da meta do plano original”. “Tem pressão do custo, mas ainda haverá resultado recorde para nós”, assegurou.

Próximas safras

A Raízen já avançou significativamente no hedge de açúcar da próximas safra e até começou a antecipar a fixação de preços de exportação de açúcar da safra 2023/24, que só começará em abril de 2023. Até o fim do último trimestre, a companhia já havia fixado a exportação de 815 mil toneladas de açúcar a um preço médio de 95 centavos de real por tonelada, 30% acima do preço médio praticado na safra atual.

Para a próxima safra, a companhia já hedgeou 80% das exportações a um preço médio 82 centavos de real por libra-peso. Em volume, são 2,737 milhões de toneladas. Mussa disse que “o preço do açúcar agora é fenomenal para o ano que vem” e que a companhia ainda vê espaço para altas e está avançando nas fixações.

Para ele, há uma mudança estrutural dos preços do açúcar para as próximas temporadas, diante das políticas de incremento da participação do etanol na matriz energética do Brasil e da Índia, os dois maiores produtores de açúcar do mundo.

No Brasil, o impacto deve vir do RenovaBio. “A meta para 2023/24 é muito agressiva. Isso vai criar uma pressão adicional no preço do açúcar“, afirmou. Na Índia, é o aumento para 20% da mistura de etanol à gasolina, programada para ocorrer até 2025, que deve enxugar a oferta de açúcar.

Mesmo com preços mais remuneradores, Mussa diz não ver “ninguém” no Brasil ou na Tailândia, outro importante exportador, anunciando novas construções” de indústria de açúcar. O CEO diz que isso o leva a crer em “uma longa tendência de preços altos para o açúcar, mais do que para o etanol“.

Ele segue apostando em um forte crescimento da demanda por etanol não só para uso combustível, com perspectiva de aumento da demanda no ciclo Otto no Brasil, mas também para uso industrial, como na produção de plásticos. “O mercado está se movendo nesse sentido pelo ESG”, disse.

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