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Edição 184

A safra 2016/17 do Centro-Sul vai acabar mais cedo?

Publicado

em

Natália Cherubin

CLIMA SECO FARÁ uNIDADES ENCERRAREM MAIS CEDO

“Mais importante que a data de término de safra é a previsão de moagem de cana e a produção de açúcar e etanol para a atual safra. Sabemos de muitas usinas que encerrarão a safra 2016/17 mais cedo que a 2015/16, mas isso não quer dizer que moerão menos cana ou que produzirão menos sacarose que a safra passada. A safra 2016/17 está bem adiantada, começou mais cedo, o clima seco ajudou no aproveitamento do tempo e no nível alto de ATR, mas também impactou a produtividade agrícola. Nas regiões que foram mais afetadas pelo clima seco, as empresas tendem a encerrar mais cedo, como em Goiás e algumas regiões de Minas Gerais. Já nos estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, o encerramento mais cedo não é uma  tendência.”

Mario Campos, presidente da Siamig (Associação das Industrias Sucroenergéticas de Minas Gerais)

MENOS CANA

“Sim! Na verdade, não é que ela vai acabar mais cedo. Como fornecedor acredito que a safra deve acabar no máximo de 25 a 30 de novembro, o que não ocorreu nos últimos anos. Os fatores climáticos da safra 2016/17 afetaram e fizeram com que tivéssemos que cortar canas mais tardias. Essas canas mais tardias da região da Tecnocana sofreram com o excesso de chuvas e pouca luminosidade. Foi um período fora do comum. E como nós cultivamos nossa cana no final de 2015, porque estendemos a safra até praticamente o Natal, esse cultivo está com o TCH muito baixo. Então, devido a esta quebra de produtividade, a safra deverá terminar antes, por volta de 30 de novembro. O timing de término de safra é muito importante, porque às vezes você acha que está ganhando, mas tem que pensar nos outros anos. Se você desestabiliza o potencial genético da planta em um ano, os cortes consequentes serão menores. Às vezes é preciso sacrificar um ano, antecipar o corte dela para que no próximo ano essa cana produza mais. São dois fatores que vão fazer com que antecipemos a safra, o clima e a queda no TCH. Para quem teve uma melhor distribuição das chuvas, a safra vai caminhar normalmente. Agora, nas regiões onde se choveu menos e sofreu por geadas, a safra deverá ser mais curta. Como produtor e fornecedor de cana, acredito que o melhor é que sempre se termine a safra até o dia 30 de novembro. E este ano, principalmente para a Tecnocana que terá uma queda de 20% em TCH, vamos ter de administrar. Como temos uma entrega linear de cana, iremos até o final com a usina, mas com um volume total de cana menor. As usinas também devem finalizar sua moagem até o dia 20 de novembro.”

Paulo Roberto Artioli, produtor e fornecedor de cana da Tecnocana

DENTRO DO PRAZO NORMAL

“O que acontecerá, diferente dos últimos anos, é que o ciclo será finalizado dentro do prazo normal de ano/safra, entre novembro e dezembro. Nas últimas safras houve o avanço da colheita no ano seguinte devido a condições climáticas que impediram o encerramento dentro do período comum.”

Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar)

MS DEVE ESTENDER

“Restrinjo minhas observações ao Mato Grosso do Sul. Como aconteceu na safra passada, muitas unidades aqui no Estado estão preparadas para moer no período tradicional da entressafra, seja estendendo suas operações, seja antecipando o seu início. Como houve chuvas acima do esperado no final de abril e início de maio, atrasando um pouco a safra, é de se esperar que isso aconteça novamente.”

Roberto Hollanda Filho, presidente da Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul)

DEPENDE DE FATORES CLIMÁTICOS

“O final da safra de cana-de-açúcar está diretamente relacionado com a disponibilidade de matéria-prima, bem como com as condições climáticas que influenciam de forma direta nas operações das usinas. Sobre a disponibilidade de cana, percebe-se claramente em algumas microrregiões que a falta de chuvas em momentos importantes do desenvolvimento dos canaviais prejudicou o desenvolvimento da cana, o que deve ocasionar perda de produtividade. Aliado a este fato, vimos a ocorrência de pelo menos duas geadas em algumas áreas, o que também diminuiu a quantidade de cana-de-açúcar a ser processada na atual temporada, podendo favorecer um término mais precoce na colheita. Sobre os fatores climáticos, se continuar a incidência de chuvas acima das médias históricas (como ocorre neste final de agosto e início de setembro), não vemos a possibilidade de antecipação do fim da colheita. Diante dos fatos expostos, fica difícil fazer uma previsão de término de safra, que ainda depende de São Pedro.”

Antonio Cesar Salibe, presidente executivo da Udop (União dos Produtores de Bioenergia)

QUEDA NA PRODUTIVIDADE ENCURTARÁ SAFRA

“Vai acabar sim! Acredito que a safra do Centro-Sul neste ano vai acabar mais cedo porque a produtividade agrícola dos canaviais a serem colhidos do mês de setembro em diante está mais baixa do que o esperado inicialmente. Fruto, provavelmente, desta cana ter sido colhida embaixo de chuva no ano passado e ter enfrentado secas importantes, especialmente no final do último verão. Também ajuda o fato de termos iniciado a safra mais cedo este ano, acreditando que, por conta do grande volume de cana bis que havia, a safra seria longa.”

Ricardo Pinto, sócio-diretor da RPA Consultoria

DENTRO DA NORMALIDADE

“Eu entendo que nós vamos ter um término de safra 2016/17 normal. Essa normalidade significa dizer que no Centro-Sul nós tivemos estados onde a chuva foi mais intensa, fazendo com que o andamento da safra fosse mais prejudicado. Algumas usinas deverão entrar janeiro, fevereiro e talvez até em março moendo, ou seja, vamos ter um grupo de usinas, não muitas, mas que vão entrar janeiro a fora. Algumas usinas irão terminar em outubro porque começaram mais cedo ou porque estão localizadas em regiões em que choveu muito menos. A tendência é que daqui até novembro as chuvas não atrapalhem a safra, ou seja, devemos ter chuvas dentro da normalidade, dentro das médias, o que significa dizer que setembro e outubro serão meses de pouca chuva e que não deverão atrapalhar a safra. Acredito que vamos ter a grande maioria das usinas terminando entre novembro e dezembro. O que a gente tem visto ao longo dos anos são procedimentos normais de final de safra, algumas acabando mais cedo, a maioria de novembro a dezembro, e algumas entrando de janeiro a março.”

Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo)

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