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Açúcar: crise global pode piorar com recorde no preço do etanol

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A crise da oferta global de açúcar está prestes a piorar em meio ao debate entre alimentos e combustíveis que está acontecendo no maior exportador, o Brasil.

O país registra preços recordes de etanol, já que os consumidores aproveitam o alívio nas restrições na pandemia e voltam a viajar, o que aumenta o consumo do biocombustível. Isso significa que as usinas podem começar a processar mais cana em etanol, em vez do açúcar.

O biocombustível é “potencialmente mais lucrativo, especialmente para as usinas que estão financeiramente apertadas”, disse Michael McDougall, diretor-gerente da Paragon Global Markets.

Os preços do etanol nas usinas de São Paulo saltaram 10% na semana passada, para o maior valor registrado desde 2000.

A oferta de cana-de-açúcar já está apertada devido a uma severa seca que devasta a produtividade no Brasil. A moagem de cana caiu 31% na primeira quinzena de abril em comparação com o ano anterior, segundo o grupo industrial Unica.

Tudo isso está ajudando o açúcar a estender seu rali. Os preços dos futuros em Nova York subiram 73% nos últimos 12 meses. A alta significa custos crescentes para os fabricantes de alimentos em um momento em que a inflação dos alimentos e a fome são uma preocupação crescente em todo o mundo.

O Brasil não pode simplesmente importar etanol para facilitar o abastecimento, porque os preços estão subindo em outros países exportadores, como os Estados Unidos, que também estão vendo um aumento no número de deslocamentos e viagens, à medida que a vacinação avança.

Na verdade, os preços do etanol de milho nos EUA estão tão altos que o biocombustível brasileiro pode começar a parecer atraente. Os preços do etanol nos EUA quase dobraram nos últimos 12 meses.

Por enquanto, o açúcar ainda é mais lucrativo do que o etanol no Brasil quando o assunto é exportação. A produtora BP-Bunge Bionergia disse que o açúcar vai manter um prêmio de até 3 centavos por libra-peso até outubro, antes de cair para 1 centavo, disse Ricardo Carvalho, diretor comercial da joint venture.

O etanol também está ficando relativamente mais caro do que a gasolina no Brasil, o que significa que a demanda pode diminuir.

Outro fator que pode atenuar a iminente escassez de açúcar: a maior parte da safra atual do Brasil já foi vendida antecipadamente nos mercados de exportação. Antes de converter mais cana em etanol, as usinas teriam que pagar uma taxa cara para cancelar esses contratos, disse Bruno Lima, chefe de açúcar do StoneX Group Inc. no Brasil.

O custo pode ser superior a 4 centavos de dólar por libra, exigindo que o preço do etanol brasileiro suba para o equivalente a 21,8 centavos de dólar por libra-peso, contra os níveis atuais de cerca de 17 centavos, Lima disse.

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