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Mercado

Açúcar: déficit pode ser o maior desde 2015

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Safra 2019/20 deve registrar déficit mais acentuado no balanço global do adoçante, que deve alcançar 5,9 milhões de toneladas

Impactos climáticos e produtividade mais tímida de importantes players têm indicado uma oferta global de açúcar mais tímida para o ciclo 2019/20. De acordo com a consultoria INTL FCStone o saldo negativo deve atingir 5,9 milhões de toneladas, um déficit mais acentuado do que inicialmente se esperava quando a consultoria divulgou 5,7 milhões de toneladas em maio.

De acordo com a empresa, destaca-se que o cálculo atual coloca o déficit em seu maior patamar desde a temporada 2015/16, levando os estoques à expectativa de atingir 72,5 milhões de toneladas – o que pressiona a relação estoque/uso para 38,9%, queda de 0,4 ponto percentual em relação à projeção de maio e de 3,4 p.p. no comparativo com 2018/19.

“Revisamos para baixo, em 1,8 milhão de toneladas, a fabricação total de açúcar no mundo, que é estimada agora em 180,4 milhões de toneladas. Comparativamente, esse volume é 2,2% inferior à temporada anterior”, destaca o analista de mercado da INTL FCStone, Matheus Costa, em relatório.

Na Ásia, o desempenho inicial das monções reforçou ainda mais as indicações de menor fabricação de açúcar. A exemplo da Índia, que registra monções 9,2% abaixo da normalidade e, embora as precipitações possam se manter próximas ao usual em agosto e setembro, é pouco provável que os canaviais se recuperem integralmente – especialmente quando as chuvas mais escassas ocorridas desde o período úmido em 2018 são consideradas.

“Ainda que o desempenho do fenômeno climático tenha melhorado nas últimas semanas, os principais reservatórios de Maharashtra, utilizados como fonte de irrigação nos meses mais secos, estavam com 26% de sua capacidade ao fim de julho. Apesar de 6 p.p. acima do usual, essa proporção representa retração de 7 p.p. ante ao mesmo período de 2018 e de 1 p.p. no comparativo com 2017”, explica Costa.

Esse contexto motivou a INTL FCStone a reduzir sua estimativa de produção de açúcar na Índia em cerca de 1,4% frente à projeção de maio, para 28,2 milhões de toneladas (valor branco). Vale destacar que esse volume representa retração de 14,4% em relação ao recorde projetado para o ciclo 2018/19.

O açúcar na Tailândia 

Na Tailândia, a produção de açúcar pode ser impactada não somente pela redução na área semeada com cana, mas também pelo desempenho climático. O Nordeste do país asiático – responsável por 44% da capacidade de moagem – registrou chuvas abaixo da média histórica em maio e junho, com respectivas reduções de 16% e 41%.

Para o período de julho a setembro, afirma a INTL, espera-se que a região apresente precipitações próximas à normalidade, o que aliviaria – ainda que em partes – os efeitos da estiagem no fim do primeiro semestre do ano. Entretanto as temperaturas tendem a se posicionar acima dos patamares usuais, limitando os impactos positivos da maior umidade e, assim, pesando sobre o balanço hídrico do solo.

Considerando perspectivas similares para as regiões Central (com 35% da capacidade de processamento) e Norte (com 21% da capacidade) nos próximos meses, a INTL FCStone revisou para baixo sua estimativa de produção no país asiático em 2019/20, na ordem de 0,3 milhão de toneladas. Projeta-se que a produção na Tailândia totalize 13,2 milhões de toneladas, retração de 10,8% ante à temporada anterior.

As perspectivas para a China também foram revisadas para baixo, para 10,0 milhões de toneladas (valor branco) – retração de 0,1 milhão de tonelada em relação à última projeção e de 7,1% no comparativo com 2018/19.

Europa 

Na Europa, o clima também será o principal determinante na produção de açúcar a partir da beterraba, especialmente nos países da União Europeia, onde forte onda de calor vem atingindo as plantações. Tanto que entre os dias 1º de junho e 15 de julho, a temperatura média nas principais regiões produtoras de beterraba da UE ficou entre 2°C e 4°C acima da média histórica.

O volume de chuvas também tem desapontado. Nos últimos dois meses, as precipitações na França, Alemanha e Polônia – os três maiores produtores de açúcar do bloco supracitado – apresentaram quedas de entre 25% e 75% em relação à normalidade. O estresse hídrico se mostra tão acentuado que algumas províncias francesas restringiram a utilização de água para a irrigação.

Neste contexto, a INTL FCStone espera que a produção de açúcar na União Europeia atinja 16,7 milhões de toneladas (valor branco), volume que além de representar redução de aproximadamente 0,3 milhão de toneladas ante à última projeção, é 2,3% inferior ao patamar observado em 2018/19.

Já as perspectivas para a safra brasileira apontam produção de 28,1 milhões de toneladas (tel quel³) durante o período de outubro/19 a setembro/20, aumento de 10,2% na comparação com o estimado para os doze meses anteriores, e 0,9 milhão de toneladas de retração na comparação com a projeção anterior.

As perspectivas para a demanda global de açúcar foram reduzidas em cerca de 1,7 milhão de toneladas em relação ao último relatório, para 186,2 milhões de toneladas. Ainda assim, o volume representa crescimento de 0,6% no comparativo anual.

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