Edição 188
Algumas usinas estão revendo a adoção do plantio mecanizado em 100% do canavial?
PREPARO DE SOLO É A CHAVE DO SUCESSO
“Acredito que grande parte do insucesso dos que estão abandonando o plantio mecanizado seja por falta de um bom preparo de solo e correto treinamento dos operadores. Se o produtor hoje quer fazer um plantio pensando em ter lucros e reduzir mão de obra, tudo começa no preparo de solo, que se não for bem descompactado, seja com arados ou subsoladores, não proporcionará eficiência ao plantio. O plantio de sucesso também depende de uma equipe trabalhando unida e pensando junto, com operadores que entendam e respeitem as tecnologias das plantadoras. Estes operadores devem ser mais bem treinados e entender o quão importante eles são para um plantio mais eficiente. Plantar 100% da área mecanicamente é quase uma realidade para muitos, mas uma equipe 100% operacional não são todos que tem. Um solo bem preparado é sinônimo de um plantio 100% perfeito.”
Migrando para meiosi +mpb
“O plantio mecanizado visa aumentar a agilidade no plantio com diminuição significativa de mão de obra. Porém se utiliza muita muda para esse tipo de plantio, o que está deixando a renovação muito cara. O que estamos enxergando na nossa região é o plantio através de meiosi com utilização de MPB (mudas pré-brotadas). A diminuição de custo é bem interessante, consegue-se uma renda com plantio de soja ou amendoim na mesma área onde se desenvolve as mudas e a distribuição das mudas é feita com poucos colaboradores. Tem se mostrado uma atividade promissora e que trará maior qualidade e sanidade para o canavial e, consequentemente, maior produtividade.”
UNIDADES VÊM DESISTINDO
“Sim. Realmente, a adoção do plantio mecanizado de cana vinha crescendo fortemente até 2014, chegando quase a 70% entre plantadoras e distribuidoras. Contudo, nestes últimos dois anos temos visto muitas usinas desistindo de continuar a crescer o plantio mecanizado e partindo para outras soluções, haja vista que pouca evolução houve nos pontos negativos do plantio mecanizado, que são alto índice de falhas e alto consumo de mudas. O mercado é sábio. Às vezes é lento, mas no final é sempre sábio. Penso que ele mostra querer novas soluções mais disruptivas em plantio mecanizado.”
PROCESSO SEM VOLTA
“Eu acredito que a mecanização da colheita e do plantio é um passo sem volta. Um fato inexorável. Não podemos tratar insucessos com a extinção da prática. Acredito que temos que aplicar melhor nossos conhecimentos para adequar e melhorar a tecnologia de plantio.”
MÁQUINAS PRECISAM DE MELHORIAS
“É verdade que ainda hoje temos melhor qualidade no plantio manual do que no mecanizado, o que implica em melhor formação inicial e, consequentemente, em maior longevidade do canavial. No entanto, acredito que devemos insistir na melhoria da qualidade do plantio mecanizado.”
Cassio Paggiaro, diretor Agrícola da ClealcO
MANUAL NÃO É MAIS POSSÍVEL
“A volta do plantio manual em larga escala é muito difícil, devido a fatores como sazonalidade de mão-de-obra e dificuldade de colheita de muda inteira crua. Novas possibilidades como uso de mudas pré-brotadas (MPB), meristemas e possivelmente cana semente também deverão impactar nesta decisão para muitas unidades.”
MECANIZADO DEIXA A DESEJAR
“O plantio mecanizado ainda deixa a desejar porque utiliza muita muda para suprir as falhas. As colhedoras estão constantemente sendo melhoradas, a sistematização das áreas ajuda, enfim, a curva de aprendizagem e aperfeiçoamento vai seguindo. Acredito que o mecanizado convencional vai ser sempre o plantio predominante. Hoje temos a possibilidade de fazer o sistema MPB em meiosi, que começa a ganhar ênfase e poderá ocupar algum espaço, no entanto, a necessidade de mão de obra ainda limita a sua expansão.”
COMODISMO
“Acredito que muitos estão abandonando por comodismo. Por não querer enfrentar os problemas que as plantadoras apresentam. As plantadoras são fabricadas com padrão médio para as diversas condições de trabalho, com tipos de solos diferentes, umidades diferentes, regiões, topografias, manobrabilidades etc. E as regulagens de trabalho para as diversas condições são diferentes e exigem gestão intensiva. A falta disso pode facilitar o abandono.”