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Edição 182

Conjuntura – Fenasucro vem aí! O que esperar?

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A edição 2016 marca a transição entre a recuperação, que deverá se iniciar no curto prazo, e a efetiva retomada, que poderá ocorrer já no médio prazo

Da Redação

A feira deverá marcar a transição entre a recuperação e a retomada do setor, que apesar de viver bons momentos tanto no mercado de etanol quanto no de açúcar, ainda não está totalmente preparado para investimentos em novas tecnologias

Em meio a um cenário que aponta para o início da recuperação do setor sucroenergético, em crise desde 2011, acontecerá, na última semana do mês de agosto, a 24° edição da Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética (Fenasucro & Agrocana), a maior feira do mundo voltada a este segmento.
Mesmo diante do mercado mais positivo com o consumo de etanol no país e dos preços e aumento da exportação de açúcar, a feira deverá movimentar, segundo os organizadores, R$ 2,8 bilhões, mesmo volume de 2015. A explicação para a estagnação do volume de negócios em pleno cenário de retomada se explica porque a maioria das usinas, principalmente da região Centro-Sul, ainda está se reestruturando e apenas investindo em manutenções de equipamentos, algo que havia sido deixada de lado nos últimos anos, ou seja, ainda não estão previstos grandes investimentos em novos equipamentos.
“Este ano o setor ainda precisa se dedicar a pagar as dívidas e recuperar o crédito. As usinas com operações encerradas devem voltar a moer e a Fenasucro deverá ser o marco zero, onde vamos conseguir identificar e mensurar o tamanho dessa reviravolta que o mercado já começou a sofrer”, explica Paulo Montabone, gerente Comercial da Fenasucro.
O número de estandes também será o mesmo de 2015, que contou com mil marcas expositoras. “Outro ponto relevante a destacar é a aproximação do setor Agrocana com o Industrial, pois acreditamos que quanto mais estiverem integrados, maior será o desempenho dessas duas áreas. Não adianta termos uma produção de cana de qualidade se a indústria não for top de linha ou vice-versa. É preciso que essas duas áreas se interajam mais e, por isso, nesta edição elas estarão bem mais próximas e vislumbrando alternativas para o mercado”, conta.
Para Paulo Gallo, presidente do CeiseBR, um dos grandes apoiadores do evento, a expectativa para a feira deste ano é a melhor possível, mesmo diante das incertezas macroeconômicas que ainda assolam o Brasil. “O cenário de preços do etanol ao produtor, bem como do açúcar nos mercados internacionais, que vem sendo relativamente remuneradores, se comparados aos últimos quatro ou cinco anos, e as perspectivas de que estes preços se mantenham em patamares um pouco mais elevados que no passado recente, levam a um ambiente menos pessimista, impactando positivamente os resultados da feira”, aposta.
Antonio Cesar Salibe, presidente executivo da Udop (União dos Produtores de Bioenergia), acredita que a feira terá um público seleto de expositores e técnicos que estarão mais esperançosos quanto aos rumos da cadeia sucroenergética e seus negócios. A Fenasucro poderá ser um termômetro da possível retomada do setor, mas ele destaca a necessidade de políticas de Estado mais estratégicas. “Esperamos que sim, uma vez que a Feira é um importante meio de medir o ânimo de nosso setor, além de nossa esperança de que possa representar o limiar de um novo ciclo de desenvolvimento para nosso segmento.”

De acordo com os organizadores da feira, o número de expositores deverá se manter o mesmo de 2015, quando participaram mil marcas

O evento em si irá apresentar muitas novidades, dentre elas uma rodada nacional de negócios, que se juntará à rodada internacional, além do crescimento de mais de 100% dos eventos de conteúdo técnico, político e científico, que serão realizados ao longo da feira. “Estes são atrativos fortes para visitantes qualificados, oriundos de diversas partes do mundo, ampliando as oportunidades e negócios para os expositores, bem como proporcionando uma experiência melhor para nossos visitantes”, destaca Gallo.
Montabone revela que o público alvo da Fenasucro é o investidor brasileiro. No entanto, diante da crise econômica nacional, as rodadas de negócios internacionais devem continuar se destacando. No ano passado, visitantes de 30 países estiveram no evento e a expectativa é que neste ano o número seja ainda maior. “Estamos fazendo um trabalho em 43 países, onde identificamos potenciais plantações de cana-de-açúcar. Existem greenfields de usinas aprovados na África e na América Central. Então, estão sendo feitas missões em diversos países, convidando esses possíveis industriais e governos”, afirma.
O CeiseBR tem trabalhado fortemente em busca de oportunidades de vendas para empresas brasileiras no exterior, tanto que um recente acordo firmado com o Arranjo Produtivo Local do Álcool (APLA), sediado em Piracicaba, SP, e agora com uma extensão em Sertãozinho, já vem gerando os primeiros frutos, segundo o presidente do CeiseBR.
“Recentemente, estivemos em Londres onde pudemos apresentar nossas soluções de equipamentos e serviços para dezenas de investidores internacionais, ávidos por realizar projetos envolvendo energias renováveis, e, modéstia à parte, fomos muito bem-sucedidos na missão, dada a aceitação que os investidores demonstraram quanto aos fabricantes brasileiros. Temos certeza que este trabalho foi fundamental para recuperar a confiança em nossas empresas, e acreditamos que isto irá ajudar muito nas próximas concorrências internacionais em que viermos a participar. Porém, os grandes compradores nas nossas feiras são, tradicionalmente, as empresas locais, mesmo que tenham controle estrangeiro, e acreditamos que esta deverá ser a tendência nesta e nas próximas edições da Fenasucro&Agrocana, ainda que os números relativos a vendas para o exterior venham demonstrando resultados crescentes ano após ano”, declara Gallo.
Montabone acrescenta que nem mesmo a retirada preliminar do açúcar e do etanol do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, criticada pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), deve prejudicar a expectativa de negociações com o mercado exterior. Isso porque, a escassez global de açúcar deve se acentuar após prejuízos registrados na produção da Tailândia, que foram provocados pelo clima seco, e da queda de produção do maior consumidor mundial da commodity, a Índia, que também deve produzir cerca de 11,7% menos na safra desse ano.

Além da rodada de negócios internacional, este ano a edição conta com uma rodada de negócios nacional
FEIRA DA TRANSIÇÃO

Realizada em Sertãozinho, interior de São Paulo, a 24° edição da Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética, a Fenasucro & Agrocana, apresenta equipamentos e insumos voltados para toda a agroindústria da cana-de-açúcar, desde preparo do solo, plantio e colheita, até o transporte, a produção de açúcar e etanol, e o aproveitamento dos subprodutos.
O layout da feira deste ano é mais compacto e tem como objetivo unir o setor agrícola e industrial. “Essa convergência desses setores da usina é importante na parte tecnológica. Nós convidamos faculdades e ‘professores pardais’ para participar”, conta Montabone, que espera que a feira seja melhor do que a do ano passado.
Gallo acredita que a edição 2016 marca a transição entre a recuperação, que deverá se iniciar no curto prazo, e a efetiva retomada, que poderá ocorrer já no médio prazo. “A recuperação deverá ocorrer pela demanda, hoje represada por serviços de manutenção de máquinas e equipamentos, passando por algumas ampliações nos processos industriais, ainda que de forma tímida. Em um segundo momento, se não surgirem novas turbulências de mercado, poderá finalmente ocorrer a tão esperada retomada dos investimentos em ampliação de planta existentes (os projetos ditos brownfields) seguidos, ainda antes de 2020, por greenfields. De toda forma, esta edição da Fenasucro&Agrocana terá a missão de pavimentar a estrada à frente, rumo à recuperação deste setor fundamental para nossa economia”, conclui Gallo.
(Colaboração de Alisson Henrique)

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