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Edição 190

Editorial – Eficiência x Eficácia

Publicado

em

Ricardo Pinto

Dois funcionários de uma multinacional, um americano e um francês, encontraram-se no Rio de Janeiro para assistir a uma palestra. Pegaram um táxi juntos. No caminho, o francês começou a se gabar de seu país:

– O povo francês é tão eficiente que nós conseguimos fazer a Torre Eiffel em apenas 30 dias!

O americano não quis ficar para trás:

– Nos Estados Unidos nós somos muito mais eficientes! Acho que você não sabia que nós demoramos apenas dez dias para fazer a Estátua da Liberdade.

O francês ficou sem resposta. Naquele momento o táxi passava em frente ao estádio do Maracanã e ele, para mudar de assunto, olhou para o estádio e perguntou para o taxista:

– O que é isso?

– Eu não sei não – respondeu o taxista que, se aproveitando da situação, completou: Mas eu passei aqui hoje de manhã e não tinha nada…

Em matéria de se sair bem em piadas, os brasileiros são muito eficientes. Mas, pensando bem, qual é mesmo o significado de eficiência? Os dicionários costumam confundir a definição de eficiência com as de eficácia e de produtividade, trazendo-nos, no contexto organizacional, algumas confusões.

Assim, trocando os dicionários pelo pai da administração moderna, Peter Drucker, descobrimos que “eficiência é fazer as coisas de maneira correta, enquanto eficácia são as coisas certas”. Nosso guru ainda diz que o bom resultado vem de “fazer certo as coisas certas”.

Recorrendo aos manuais de qualidade, vemos que a norma ISO 9004, que orienta sobre sistemas de gestão de qualidade, com enfoque bem mais amplo do que o da norma ISO 9001 – que, na sua versão 2000 tinha popularizado os termos eficiência e eficácia -, aponta que a eficácia representa a qualidade e adaptabilidade dos produtos e serviços, ou seja, quanto das expectativas do cliente é atendido frente ao que ele requisita. Já a eficiência mostra a produtividade da organização e o grau de utilização dos recursos.

Desta forma, podemos entender que a eficácia é medida através dos resultados alcançados em comparação com o que foi planejado. Paralelamente, a eficiência é medida por meio da relação entre os resultados alcançados e os recursos utilizados.

É normal encontrarmos profissionais, executivos e empresas extremamente eficientes no que fazem, mas com pouquíssima eficácia. Isso porque é bem mais fácil se entender e buscar eficiência. Basta visar maior produtividade com menos recursos. Dá, inclusive, para se ganhar eficiência fazendo ou atuando num processo contínuo. Todavia, buscar eficácia exige bom tempo para planejamento e organização das ações, evitando desvios de foco, retrabalhos, desperdícios e perdas de tempo desnecessárias. Para se ter eficácia, escolhas certas devem ser feitas antes.

Também podemos dizer que a eficácia está muito mais relacionada ao nível tático de uma organização, dando ênfase aos resultados e buscando atingir objetivos. Enquanto isso, a eficiência está mais ligada ao nível operacional desta organização, dando ênfase nos meios de produção, buscando cumprir tarefas rotineiras e resolver problemas.

É importante finalizar lembrando que empresas de sucesso possuem sistemas de gestão e processos organizacionais eficazes e eficientes. Sermos eficazes não nos dispensa de sermos eficientes, bem como sermos eficientes não nos exime de sermos eficazes.

Muita eficácia e eficiência para nossos leitores e suas empresas!

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