ALEXANDRE NICODEMO
Idade – 51 anos
Estado Civil – Casado e tem dois filhos
Naturalidade – São Caetano do Sul, SP
Formação – Engenheiro agrônomo formado pela Esalq/USP
Cargo – Gerente Geral da Usina Santa Vitória Açúcar e Álcool
Hobbies – Ficar em casa com a família
Filosofia de vida – “Viver intensamente o presente. Dar o melhor em tudo que faço, mesmo nas coisas mais simples.”
Alisson Henrique
Vivendo intensamente o presente e dando sempre o melhor de si em tudo o que faz, mesmo nas coisas mais simples da vida. Esse é o resumo de personalidade do executivo do mês desta edição da RPAnews. Nascido em São Caetano do Sul, São Paulo, o agrônomo Alexandre Giannotti Nicodemo sempre teve um sonho: ser cientista. E depois de pesquisar muito sobre diversas áreas descobriu que a Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo) tinha um centro de pesquisa que estudava a energia nuclear na agricultura, o Cena (Centro de Energia Nuclear na Agricultura).
Foi aí que ele conheceu sua verdadeira paixão. Nicodemo, hoje gerente geral da Santa Vitória Açúcar e Álcool, decidiu estudar Agronomia porque desenvolveu uma grande vontade de trabalhar como cientista voltado para o ramo agrícola. Dois anos se passaram e depois de entrar na Esalq e ter estagiado por volta de dois meses no Cena, percebeu que tinha escolhido a profissão certa pelas razões erradas. “Notei que gostava muito mais do campo e da parte operacional do que da área científica propriamente dita. Essa descoberta veio na hora certa, pois nos três anos subsequentes pude direcionar minha vida acadêmica a todas as disciplinas relacionadas às atividades de campo”, conta.
Mesmo nascido num grande centro urbano, o executivo do mês explica que o agro tem tudo a ver com ele. “Uma das principais características da agricultura é que se trata de uma atividade que não te deixa estagnar numa rotina. Basta dizer que não existe uma safra igual a outra. Por se tratar de uma produção biológica, as variáveis são infinitas. Ser bem sucedido dentro de um ambiente com tamanha variabilidade é o que mais me motiva. É o que me faz acordar cheio de disposição todos os dias.”
Assim que se formou, Nicodemo começou a trabalhar na Cargill na área de produção de sementes de milho. Atuando como técnico de campo, ele revela que foi um dos primeiros a trabalhar com produção de híbridos simples dentro da empresa. Ele também fez parte do controle de Qualidade e Pesquisa de Produção até que quatro anos depois, a Zeneca Sementes lhe convidou para gerenciar uma planta de sementes.
“Esse foi, sem dúvida, o primeiro grande marco de minha carreira, pois ao liderar minha primeira equipe descobri o quanto eu me sinto bem trabalhando com pessoas. Conduzir um time na direção dos objetivos traçados é muito gratificante. Quando cheguei, me deparei com uma equipe desacreditada por conta dos resultados que a planta entregava, mas após três anos já éramos o site de melhor performance. A produtividade de nosso principal híbrido triplicou e os custos caíram pela metade. Fomos muito reconhecidos pela performance que tínhamos”, conta orgulhoso.
Em meados de 2000 a Zeneca Sementes foi adquirida pela Dow, que resolveu entrar no mercado de sementes no Brasil. Esse processo de aquisição de empresas, normalmente bastante complicado, foi uma grande oportunidade para o executivo. ”A Dow é uma daquelas empresas que, por seu tamanho, te proporciona aprender muitas coisas e passar por vários setores. Tive a oportunidade de trabalhar em várias áreas dentro do departamento de operações. Liderei equipe de qualidade, equipes industriais distribuídas em cinco plantas e gerenciei projetos de capital.”
EXPERIÊNCIA FORA DO PAÍS
Os ótimos resultados o fizeram conquistar, em 2007, a oportunidade de trabalhar no exterior. “Naquele momento era um sonho poder trabalhar fora do país. Fui o primeiro expatriado da área de Sementes da Dow”. Nicodemo adiciona que trabalhar longe de seu país de origem, como tudo na vida, tem seus benefícios e também seus percalços. Como positivo, ele salienta a oportunidade de aprender sobre outras culturas, outras técnicas e, obviamente, melhorar a comunicação.
“A questão da linguagem é um desafio porque, por mais que se fale fluentemente uma língua estrangeira, a gente sofre porque não é natural daquele país. Me lembro que nos primeiros meses eu voltava exausto para casa porque necessitava de uma concentração muito grande para me comunicar efetivamente.”
Para Nicodemo a melhor recompensa é quando os resultados começam a aparecer e todos percebem que a evolução pode ser obtida mesmo com a diversidade de pensamento. “Quando tive a oportunidade de liderar equipes nos Estados Unidos e Argentina, conseguimos atingir um nível de excelência operacional compatível com os melhores níveis do mercado de sementes. Melhoramos em produtividade, diminuímos custo de produção e batemos recordes em segurança”.
DE VOLTA AO BRASIL: CANA, UM NOVO DESAFIO
Em junho de 2016 Nicodemo teve a chance de voltar ao Brasil para assumir, como gerente geral da Usina Santa Vitória, unidade da Dow. “Desde que me formei, esta foi a terceira oportunidade de trabalhar com cana-de-açúcar. No entanto, eu já havia trabalhado com várias outras culturas, exceto com cana. Ou seja, um desafio novo na minha carreira. Como adoro desafios e nunca gostei de rotina sinto que esse trabalho tem tudo para ser mais uma grande experiência profissional.”
Ele conta que a experiência na empresa tem sido excelente, mas confessa que este primeiro ano na usina foi repleto de aprendizados. “A Santa Vitória é uma usina ainda em formação. Ainda não estamos rodando a plena capacidade e, portanto, há muito por fazer. Uso muitos dos conceitos que aprendi em produção de sementes. Quando comparo os negócios vejo algumas similaridades. Em ambos os casos, pelo fato do produto final ser uma commodity, é imperativo que se foque em excelência operacional, controle de custos e ganhos de eficiência.”
Nicodemo revela que a principal responsabilidade da função é, sem nenhuma dúvida, liderar toda a equipe de maneira a atingir os objetivos traçados para o negócio. “Noto que o setor sucroalcooleiro exige um trabalho corpo a corpo muito intenso. Procuro dividir meu tempo de forma a ter contato com as mais diversas áreas da empresa. Não fico somente focado em assuntos administrativos ou corporativos. Enxergo que meu trabalho é abrir portas para que a equipe desempenhe bem seu papel, principalmente neste momento em que o time está em formação e que ainda não atingimos a plenitude” adiciona.
DESAFIOS E OBJETIVOS
O principal objetivo da Usina Santa Vitória é rodar em capacidade máxima, o que deve acontecer dentro de mais duas safras. Nicodemo explica que sua equipe montou um plano de implementação e cada área tem suas metas de forma a atingir os objetivos financeiros da usina. Segundo o executivo, tudo começa com um objetivo macro em termos de volume e faturamento e a partir daí as metas de cada área são definidas de forma a alinhar com o objetivo da companhia. “Nos reunimos periodicamente para acompanhar o progresso de nossas metas. Isso representou uma mudança interessante nos hábitos do time que fazem parte do estabelecimento das metas. Aos poucos ganharemos mais e mais maturidade com esse processo.”
Quando perguntado sobre os desafios, Nicodemo é enfático e diz que 2017 tem surpreendido negativamente por conta dos preços dos produtos que o setor comercializa. “Até 2015 o setor vinha amargando anos muito ruins, mas 2016 trouxe uma nova luz devido a uma escassez mundial de açúcar que puxou os preços para cima. Esperava-se uma tendência positiva para 2017, mas, de repente, fomos surpreendidos por um volume muito grande de importações e um consumo tímido que reflete a crise que o país atravessa. Hoje temos etanol sendo comercializado abaixo do valor vendido em 2016. A solução é complexa. O setor necessita de ajustes nas regras atuais de forma a trazer de volta a confiança no longo prazo. Com isso, estou certo de que os investimentos voltarão e poderemos continuar contribuindo com o crescimento sustentável do Brasil.
FOCO NO TRABALHO
Casado desde 1995, pai de uma menina de 13 anos e um menino de 8 anos, o executivo do mês conta que sua rotina nos dias úteis é de muito foco no trabalho. Ao despertar, ele conta que confere os números de fechamento do dia anterior. “Na empresa, o trabalho é dinâmico e normalmente cheio de adrenalina. Ao fim do dia gosto de ter um momento mais tranquilo para ler e-mails e me atualizar com os últimos números de produção. Também considero que atividade física é importante para manter o corpo e a cabeça em ordem, por isso, procuro caminhar ou correr ao menos três vezes por semana. Gosto de estar informado e uso muito a internet e a televisão para me manter atualizado.“
Nicodemo revela não ter um hobby específico e que gosta mesmo é de ficar em casa com a família, saboreando, de preferência, um bom vinho. “Morando na Argentina e nos EUA, devido ao fácil acesso, era inevitável não gostar disso. Também gosto de assistir a filmes, sempre gostei. Até o ano passado vinha me dedicando a aprender sobre fotografia, mas assumo que preciso ir mais a fundo se quiser melhorar. Carrego comigo a filosofia de viver o presente intensamente e dar o meu melhor em tudo o que faço, mesmo nas coisas mais simples.”