Edição 196
Fórum – Qual será a praga mais preocupante para a cana na safra 2018/19?
Alisson Henrique
Natália Cherubin
BROCA será PROBLEMA NO TRIÂNGULO MINEIRO
“Para a região do Triângulo Mineiro a praga mais preocupante é a broca da cana-de-açúcar, por ser extremamente agressiva e de ciclo rápido. Além do dano causado pelas galerias, os furos abertos no colmo facilitam a penetração de fungos como Fusarium e Colleototrichum, que causam a podridão vermelha e desencadeiam o processo da inversão da sacarose, reduzindo o teor de açúcar. A seca dos ponteiros, conhecida também como ‘coração morto’ pode ocorrer na lavoura, principalmente nas plantas mais novas. A praga afeta a produtividade do canavial e também a qualidade da produção de açúcar e etanol. O aumento no plantio de variedades suscetíveis, o baixo parasitismo pelo controle biológico devido às altas temperaturas da região e aumento nas áreas fertirrigadas, são fatores que vêm contribuindo para o aumento desordenado dessa praga que, por ser extremamente nociva, tem como melhor forma de controle o manejo integrado. As áreas fertirrigadas merecem cuidados especiais durante todo o ano por proporcionarem condições favoráveis para a multiplicação da praga. Outro ponto que merece atenção é a escolha das variedades mais suscetíveis a essa praga quando associadas à essas áreas.”
Giovana Barbosa Zizas, coordenadora de Operações Agrícolas da usina Santa Vitória
CIGARRINHA E BROCA
“Na região de Chapadão do Céu, GO e Chapadão do Sul, MS, as pragas que mais nos preocupam são a broca e a cigarrinha. Na região dos Chapadões conseguimos altos índices de produtividade agrícola, porém a broca traz grandes prejuízos na qualidade da matéria-prima. Já a cigarrinha é muito adaptada as condições de clima dos Chapadões, com alta precipitação e janela de umidade maior, com possibilidade de estender o seu ciclo. Desta forma, as áreas colhidas em solos hidromórficos e áreas a serem colhidas no final do ano podem ter seu potencial produtivo muito prejudicado pela infestação da praga. Para um bom manejo das duas pragas em questão é importante que tenhamos um bom levantamento dos índices de infestação das áreas de produção para que tomemos as decisões corretas do melhor momento de aplicação e opção pela adequada tecnologia de controle. Com esse monitoramento e com o histórico de infestação das áreas, conseguimos direcionar o manejo e manter os níveis populacionais mais baixos com o uso mesclado de tecnologias de controle de diferentes plataformas, sejam biológicas ou químicas.”
Luiz Fernando de Almeida, supervisor de Planejamento, Tratos Culturais e Fertirrigação da Cerradinho Bio
PREOCUPAÇÃO COM BROCAS
“Todas as pragas são preocupantes, mas atualmente estamos com foco no controle de brocas, pois com a alta infestação que tivemos nos últimos anos de sphenophorus tivemos que usar muito fripronil e com isso tivemos um desequilíbrio nos inimigos naturais. Apesar de estarmos notando um aumento em brocas, atualmente estamos cortando soqueiras com quase que 100% das nossas áreas com sphenophorus, mas se preocupando muito com o manejo integrado e focando nas demais pragas de menor infestação. O que mais estamos investindo hoje é no levantamento e monitoramento destas pragas com o uso de novas tecnologias, assim esperamos sermos mais assertivos nos controles.”
Paulo Roberto Artioli, diretor da Tecnocana
SPHENOPHORUS
“A praga de maior importância hoje para a Usina Ferrari é o Sphenophorus, que causa danos irreversíveis, pois na sua fase larval se alimenta da soqueira da cana-de-açúcar. Os danos são observados pelas galerias que as larvas promovem nos rizomas da soqueira do canavial, que contribuem tanto para a redução do número de perfilhos (larvas se alimentam dos rizomas que produziriam novos colmos), quanto para o aumento das falhas, uma vez que as canas adultas (canas das touceiras atacadas) ficam mais propensas de serem arrancadas no momento da colheita. O controle mecânico no momento do preparo de solo através do uso de grades, expondo as soqueiras e insetos (adultos e larvas) contribui para a redução da população desse inseto (desalojamento e efeito da insolação/calor). No sulco de plantio fazemos uso de inseticidas específicos, visando a proteção da soqueira em formação até o primeiro corte. Após a colheita, em áreas de segundo e terceiro cortes, estamos fazendo aplicação de inseticidas via ‘corte de soqueira’, adequados para as diferentes épocas do ano, de acordo com o histórico de infestação. Como estamos observando queda de produtividade muito grande do quarto para o quinto corte (-20%), e um dos motivos é a reinfestação dessa praga, iremos iniciar também o corte das soqueiras nessas áreas.”
José Cristovão Momesso, gerente Agrícola da Usina Ferrari
TRÊS PRAGAS SÃO IMPORTANTES
“Podemos hoje falar que as três principais pragas para nós são a broca, a cigarrinha e o sphenophorus, porém, este último, que era praga secundária, tem nos preocupado bastante. Em nossa região, 50% da área monitorada está infestada e para fazer controle estamos fazendo uso de alguns químicos existentes no mercado.”
Rafael Andrade Neto, diretor Agrícola da Usina Pitangueiras
TODAS SÃO IMPORTANTES
“Em termos de pragas, todas são preocupantes e o importante é estar atento para as possibilidades de infestação e do tamanho dos danos que causam. Algumas são de controle mais difícil e talvez preocupem um pouco mais. As restrições de uso de alguns produtos está cada vez mais presente e, portanto, o acompanhamento das lavouras passa a ser fundamental. No caso de broca e cigarrinha, temos a possibilidade de adoção do controle biológico, o que certamente ajuda bastante. Para outras, um cuidado especial nas reformas passa a ser importante também, pois consegue-se reduzir o potencial de infestação. É fundamental adotarmos todas as práticas possíveis para minimizar os danos causados.”
Ismael Perina Júnior, produtor de cana
CIGARRINHA É PROBLEMA
“A Cigarrinha deverá ser o maior problema porque apresenta elevado potencial de dano associado a custos elevados para controle e extensa área de ocorrência. Ela é hoje encontrada em praticamente toda a região canavieira do Centro-Sul do país. Outra praga com bastante poder de dano é o sphenophorus, com perdas na soqueira de até 40% na produtividade. Essa praga está sendo distribuída por todo o Centro-Sul e a sua área de abrangência está aumentando ano a ano. O ideal é se fazer o Manejo Integrado de Controle de Pragas (MIP), com viés preventivo para regiões com índices de ataque elevados, podendo incluir a prática do afastamento da palha da linha de cana, o que seria também indicado para garantia de melhor brotação das soqueiras em regiões de clima mais ameno, onde se observam baixas temperaturas nos meses de inverno. Para o sphenophorus, não adquirir muda de regiões que tem a praga ou utilizar muda de áreas já infestadas sem o devido tratamento. O tratamento químico, tanto no plantio como na soqueira (cortador de soqueira) é recomendado nas áreas que apresentam a infestação. E um alerta: muitas empresas não fazem o levantamento de infestação de sphenophorus pois acreditam que estão imunes! Fiquem atentos e façam o levantamento começando pelas áreas que tiveram uma queda muito brusca de produtividade.”
Antonio Zattoni Afférri, sócio e consultor da RPA Consultoria