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Edição 203

Gestão – Gestão de pessoas mais humanizada

Publicado

em

*Beatriz Resende

Confesso a vocês: fico muito contente quando visões e discursos de expressão vindos da chamada elite dos profissionais de RH, aqueles conhecidos e que o Brasil inteiro dá atenção, alinham-se com a essência das práticas que acredito, “rezo” e estimulo as empresas e os representantes dessa área a adotarem.

Tenho me posicionado, há anos, de que esse novo formato perseguido pelos RH´s na sua era de área estratégica, estava tomando ares distantes do nosso eixo maior: as pessoas. E agora o discurso toma escopo de um chamado de um “puxão de orelha”, convocando os profissionais da área de Pessoas a realinharem-se à sua gênese, claro, adaptada aos novos tempos e desafios.

Temos um evento importante na área – o CONARH- e este último, realizado em agosto, trouxe o tema do Protagonismo, estimulando que RH assuma esse papel, o da transformação, conseguindo influenciar e agir diante de movimentos globais tão importantes e que estão por vir, de forma acelerada, para que as empresas se preparem e se estabeleçam através da gestão estratégica, e aqui a forma humanizada pode ser incluída como fator relevante nesse plano, onde passemos a entender e a convencer os nossos dirigentes, de uma vez por todas, que se as pessoas são as mobilizadoras do negócio, não podemos deixar de cuidar e tratá-las de forma diferente disto. Há de se prover uma construção conjunta: empresas e pessoas precisam crescer juntas e alimentar essa parceria de forma continuada, honesta, dedicada, ética, comprometida e integrada.

Perdemos, áreas de RH, ao longo desses últimos anos, o contato com aqueles que esperam o nosso apoio, a nossa parceria. Ficamos tão distantes, preocupados com nossa visibilidade interna e externa como órgão estratégico, que distanciamo-nos do que estava acontecendo na base com nossos líderes, equipes, com a qualidade das relações, das parcerias internas e da comunicação, ou seja, dos nossos propósitos. Deixamos de lado quem mais precisou da nossa atenção. Trouxemos a ideia de que o gestor era o nosso maior cliente, já que ele seria o responsável por fazer gestão de pessoas com os seus, mas o deixamos sem estofo. Despejamos, literalmente, muitas ferramentas e práticas em cima deles, mas esquecemos de que isto só não gerou e não gera vínculo. E não ajuda na evolução. Tornamo-nos até arrogantes, permitam-me dizer isto, e criamos uma camada invisível (embora sentida por quem tentou se aproximar de nós) de acesso restrito às nossas importantes posições. Sim, não estávamos parecendo mais profissionais de RH.

Segundo Elaine Saad, presidente da ABRH Brasil e uma das idealizadoras do evento CONARH nos últimos anos, “temos de levar para as organizações o verbo ‘humanizar’; conjugue-o, fale dele, divulgue! Essa é a missão de quem escolheu atuar com pessoas”.

Num passado não tão distante, quando perguntávamos às pessoas da área de RH do por que elas haviam escolhido trabalhar nela, a resposta vinha como: “é que eu gosto de gente”. Depois de um tempo, ao ouvir isto dizíamos: “mas trabalhar e gostar de gente não vale hoje mais só para RH. Todas as áreas, todos os humanos precisam se esforçar para tal. Trabalhamos nos relacionando, vivemos dessa forma. Não dá para escolher estar ou não com pessoas”.

Então, sem extremos, aqueles inerentes à nossa personalidade ou aquele que nos posicionamos pelas circunstâncias que nos pareceu importante num dado momento, que possamos, profissionais de Gestão de Pessoas, de ser humano para ser humano, fazer a nossa autoavaliação, ferramenta que sempre tivemos facilidade de indicar aos outros, e buscar o nosso reposicionamento tão necessário.

É triste dizer isto, mas será preciso, já que escolhi pegar essa onda de um discurso tão recente e latente em mim desde sempre: que possamos, nesse movimento, ter a chance de reconquistar a nossa imagem dentro das organizações. Não falo no geral, mas o que mais ouço, especialmente de outras áreas que são os nossos chamados clientes internosé que pouco contato têm com a área de RH; que não os enxerga da forma expressiva que o mercado nos colocou nos últimos anos; que muitas vezes são os menos acolhedores e facilitadores do quadro e que são de difícil acesso. Uma vez nos impactamos com o artigo que saiu na Revista HSM em março/abril de 2006, com o título: “Por que odiamos o RH”. A comunidade teve seu abalo e acho que vale a pena relembrar isso. O que fizemos desde então para mudar essa legenda?

Numa enquete informal feita pelo Grupo Empreenda com um grupo de 100 CEOs de empresas, foi avaliado que RH é o 5º profissional de áreas funcionais mais valorizados. De acordo com o consultor do Grupo, César Souza, “este é o grande paradoxo de RH: no momento em que todos afirmam que o patrimônio humano é o mais importante na vida de uma empresa, o RH é o menos valorizado na percepção dos líderes empresariais”.

E ainda, de acordo com ele, e fecho aqui a minha fala: “A profissão de RH está em uma encruzilhada e precisa se reinventar no posicionamento, não apenas no acervo de tecnologias e ferramentas. É muito mais um desafio de relacionamento do RH com os demais líderes do que de ferramental técnico. O jogo é de percepções e não de acervo”. Em tempo, o CONARH de ٢٠١٩ trará o tema “Humanize”. Aí está a nossa deixa.

* Beatriz Resende é consultora, palestrante e conselheira de carreiras da Dra. Empresa – Consultoria Empresarial (www.draempresa.com.br) Depois do posicionamento estratégico e diante do movimento da transformação digital, a área de RH é convidada a buscar sua essência e humanizar-se

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