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Governo do Brasil considera sugerir nova cota de açúcar aos Estados Unidos

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Além do açúcar, Ministério da Agricultura estuda garantias ao mercado de etanol do Nordeste caso conversas com os EUA sobre taxa de importação avancem

O secretário de comércio e relações internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, confirmou que o governo brasileiro tem considerado propor aos Estados Unidos o aumento da cota de embarques de açúcar brasileiro ao mercado americano caso os EUA tentem negociar melhores condições para a venda de etanol ao Brasil.

Ele ressaltou, porém, que essa ainda é uma hipótese e que não há sinalização de Washington sobre as medidas efetivas que os americanos adotarão nessa relação comercial. Rua salientou que os temas principais nas tratativas são as exportações de aço e alumínio, mas que os Estados Unidos têm um claro interesse em aumentar o espaço no Brasil para o etanol de milho americano. “Se houver algum tipo de negociação mais aprofundada sobre o etanol, entendemos que terá que haver compensações, por exemplo, no caso do açúcar”, disse ao Globo Rural.

Do lado brasileiro, uma das preocupações é a preservação das usinas sucroenergéticas do Nordeste. Se a conversa evoluir, disse Rua, o Brasil pode tentar incluir mecanismos de proteção ao setor produtivo nacional, como a criação de cotas ou a indicação de portos de entrada para o biocombustível estrangeiro.

O secretário reiterou, no entanto, que isso ainda não está desenhado. “Se houver negociação, teria que ter cruzamento com produto do mesmo setor, e nosso foco é o açúcar”, completou.

Rua não informou se já existem números em debate. Hoje, a cota é de 152 mil toneladas anuais, mas, segundo ele, o Brasil exporta cerca de 750 mil toneladas de açúcar aos Estados Unidos. O excedente é taxado em quase 80%.

“Nossa cota é um quinto das necessidades dos Estados Unidos. Se houver negociação, teria que naturalmente ter esse cruzamento com produto do mesmo setor”, disse.

Em audiência no Senado nesta semana, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, defendeu que haja facilitações para o açúcar brasileiro caso avance a demanda americana por mais espaço para seu etanol no Brasil.

“Os Estados Unidos, depois que o governo Lula retomou a tarifa de importação do etanol para 18%, estão reclamando, gritando, só sabem pedir para zerar alíquota [para o biocombustível americano]. Mas não pensam em zerar alíquota para exportarmos açúcar, que chega a 90%”, disse. “Se eles toparem zerar a alíquota para o açúcar, zeramos a do etanol também, da carne, de tudo”, disse.

Rua confirmou a notícia que o Valor antecipou na semana passada sobre a possibilidade de inclusão da abertura de mercado para o limão taiti e do aumento da cota de venda de carne bovina aos EUA. No caso do limão, as tratativas começaram há 25 anos. Já a cota para a carne é hoje de 65 mil toneladas, divididas com mais nove países. Ela se esgotou em duas semanas.

“Como alguns países não estão utilizando a cota, talvez o Brasil pudesse fazer uso dela. Temos exportado cerca de 230 mil toneladas para lá. É o nosso segundo maior mercado, e trata-se de um produto que entra de maneira complementar nos Estados Unidos, [já que] é carne ingrediente, para a fabricação de hambúrgueres e almôndegas”, afirmou.

O secretário disse que não há uma data definida para a conclusão das medidas ou para, de fato, se negociar com os EUA, o que depende de instâncias superiores do governo. Os ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços coordenam o assunto.

Há, porém, uma atenção especial para o início de abril, quando o presidente americano, Donald Trump, prometeu aplicar “tarifas recíprocas” a parceiros comerciais. No caso do Brasil, o foco é o etanol. A taxa para o biocombustível americano entrar nos portos brasileiros é de 18%. Já o produto do Brasil paga 2,5% para ingressar nos EUA.

Globo Rural

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