A Petrobras anunciou que reduzirá em 4,9% o preço médio da gasolina vendida a distribuidoras a partir de terça-feira, 21, em momento em que o seu combustível está mais caro do que o produto vendido no exterior, diante de um mercado de petróleo mais fraco.
Com a redução, equivalente a R$ 0,14 por litro, o valor médio cobrado pela companhia em suas refinarias será de R$ 2,71/L, informou a companhia em comunicado à imprensa nesta segunda-feira.
O movimento, amplamente esperado pelo mercado, ocorre após o preço de paridade de importação da gasolina, calculado por analistas, ter caído desde setembro, diante de um recuo do barril do petróleo e do fim da chamada “driving season” nos Estados Unidos – período em que o consumo no maior mercado do mundo da gasolina é ampliado pelo aumento de viagens com veículos.
Ainda assim, os preços da Petrobras permanecerão acima da paridade, segundo analistas de mercado, que consideraram o movimento da empresa como conservador, deixando ainda aberta uma janela de importação.
Procurada, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente. A empresa tinha, no passado, uma política mais rígida para definir preços de combustíveis em relação ao valor de paridade de importação, então chamado de PPI. Atualmente, considera outros fatores, como a competitividade do seu produto, favorecida pela sua estrutura logística.
Segundo cálculos da StoneX, o preço médio da gasolina estava 33 centavos acima da paridade de importação. Mesmo com o reajuste, a partir de terça-feira, estará 19 centavos acima do mercado internacional.
O consultor em gerenciamento de risco da consultoria, Thiago Vetter, destacou uma pressão baixista para o preço do petróleo, com aumentos de oferta da Opep+ e acirramento do conflito comercial entre EUA e China, que gera incerteza em relação às perspectivas de crescimento econômico global e demanda pelo fóssil.
A expectativa “crescente” de um cessar-fogo na guerra da Ucrânia, que sinaliza para a diminuição de restrição de produtos exportados pela Rússia, também é um fator baixista para o petróleo, adicionou.
Em nota a clientes, o Itaú BBA e o Citi também afirmaram que a Petrobras permanecerá negociando sua gasolina com preços mais altos do que no exterior.
“Na nossa visão, a Petrobras adotou uma postura conservadora e, se os preços do petróleo permanecerem baixos por mais tempo, a empresa pode anunciar uma nova redução de preços, fechando a janela de importação”, disse o Citi.
Ambos os bancos ressaltaram que está previsto um aumento do imposto estadual (ICMS) sobre a gasolina, com vigência a partir de 1º de janeiro de 2026.
O Citi também afirmou que o anúncio da Petrobras é “marginalmente positivo” para as três principais distribuidoras do país – Vibra, Raízen e Ipiranga – já que a menor diferença entre os preços domésticos e internacionais da gasolina deve reduzir a competitividade dos concorrentes menores.
Foi a segunda redução dos preços da gasolina da Petrobras neste ano. No acumulado de 2025, a petroleira reduziu seus preços em um total de R$ 0,31/L ou 10,3%.
Reuters