POR DENTRO DA USINA ABENGOA BIOENERGIA ENTRA COM PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
A ABBR (Abengoa Bioenergia Brasil), braço sucroenergético do conglomerado espanhol Abengoa, entrou com pedido de recuperação judicial no início de outubro. O pedido, divulgado em nota, que se soma a outros do gênero de companhias do setor no Brasil, foi protocolado no Foro de Santa Cruz das Palmeiras, SP.
Em operação no Brasil desde 2007, a ABBR opera três usinas no interior paulista, uma em Pirassununga, outra em São João da Boa Vista e uma terceira em Santo Antônio de Posse. “Durante os últimos 19 meses a ABBR tentou de forma ativa, e com a ajuda dos nossos mais importantes credores e assessores financeiros, atrair investidores que aportassem recursos ao negócio fora da RJ (Recuperação Judicial) ”, afirmou a companhia em nota.
Segundo a empresa, a crise política e econômica do Brasil, a queda dos preços do açúcar no mercado internacional e a falta de crédito ao setor contribuíram para essa situação. “Nesse cenário apenas restou à entrada na RJ para proteger os interesses de todos os nossos credores. A RJ permitirá estabelecer um plano de reestruturação para pagamentos das dívidas de acordo com as possibilidades do negócio”, destacou a companhia.
JUNTAS USINAS BRASILEIRAS PODEM PROCESSAR MAIS 700 MILHÕES DE T
De acordo com informações da RPA Consultoria hoje existem 368 usinas operando no Brasil. Juntas, essas unidades seriam capazes de processar 701 milhões de t de cana-de-açúcar. Segundo Ricardo Pinto, sócio-diretor da consultoria, isso não significa que elas irão moer toda essa matéria-prima, mas sim que tem a capacidade para isso.
O levantamento feito pela empresa mostra ainda que das 76 usinas paradas em 2017, 12 delas deverão voltar a funcionar num prazo de até três anos, seja com os controladores atuais ou com novos controladores. “Estas 12 usinas agregarão mais 18,4 milhões de t de cana à capacidade de processamento anual”, explica Ricardo.
Paralelamente, a RPA também considera que 45 das 76 usinas que estão paradas serão extintas, ou seja, nunca mais retornarão à operação. “Provavelmente acontecerá com essas unidades o que aconteceu com a Usina Albertina, de Ribeirão Preto, SP, e a Usina Fronteira, em Fronteira, MG, que tiveram suas operações interrompidas e nunca mais voltaram a atuar”, conclui o sócio-diretor da consultoria.
USINA ATINGE PRODUTIVIDADE DE 104 T/HA COM NOVE CORTES
Em 2008 a Usina Japungu transformou o modo de produzir cana-de-açúcar em suas unidades. O grupo resolveu apostar na tecnologia de irrigação por gotejamento para garantir estabilidade da produção e economia de água. Com capacidade de moagem de 4,7 milhões de t, dividido entre as unidades da Paraíba e Goiás, foi no Nordeste que a empresa apostou no uso da irrigação localizada para aumentar a produtividade e longevidade dos canaviais.
Acostumados a utilizar autopropelidos e pivôs, os resultados variavam bastante conforme o clima de cada safra. A produtividade média do canavial era de apenas 47 t/ha, sendo necessário reformar a lavoura a cada três anos. A primeira área piloto foi implantada em 50 ha da Fazenda Ilha, PB. Hoje, a Fazenda da Ilha está em seu nono corte sem reforma, conseguindo produzir, em média, 104 t/ha. Esse TCH indica o dobro de ganho de produtividade e três vezes mais longevidade no ciclo.
COM PLANO APROVADO GRUPO FARIAS NEGOCIARÁ MAIS R$ 500 MILHÕES
O grupo Farias, dono de seis usinas no país, conseguiu a aprovação da maioria de seus credores para seu plano de recuperação judicial, o que reduziu em cerca de R$ 150 milhões seu endividamento. No entanto, a empresa ainda terá que negociar cerca de R$ 500 milhões em dívidas vencidas que ficaram de fora da recuperação. O plano aprovado em assembleia prevê deságio para quase todos os credores, com exceção de parcela dos trabalhistas.
Esses descontos reduziram o valor devido aos credores que se submeteram à recuperação para R$ 250 milhões, ante R$ 420 milhões devidos anteriormente. Também foi aprovada na assembleia de credores a dação em pagamento de fazendas no Nordeste no valor de R$ 100 milhões, que já correspondiam a garantias detidas pelos credores. O maior beneficiário foi o China Construction Bank, que devia receber R$ 90 milhões.
A expectativa do grupo agora é fechar negociação com Credit Suisse e Bradesco, que não se submeteram à recuperação judicial. A empresa e os bancos discutem qual a taxa de dólar correspondente aos créditos, mas o valor total devido deve ficar entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões. Os dois bancos já acionaram o grupo na Justiça para executar suas garantias, que se referem a equipamentos industriais.