Bioenergia
Professor da UnB recebe prêmio de inovação por biofertilizante que usa nanotecnologia na agricultura
O uso da nanotecnologia para criar “biofertilizantes do futuro” – sustentáveis, de baixo custo e de produção 100% nacional – rendeu ao professor Brenno Amaro, da Universidade de Brasília (UnB), o maior prêmio de inovação da Sociedade Brasileira de Química (SBQ).
Esta é a primeira vez que a UnB tem um representante homenageado com a honraria, disputada por pesquisadores de universidades de todo o país. A premiação é concedida a cada dois anos e, desta vez, ocorre no dia 24 de novembro, com transmissão pela internet.
Brenno, de 43 anos, explica que o produto que leva o nome da UnB à posição de destaque no evento nacional usa nanotecnologia – partículas pequenas que não são visíveis a olho nu – aplicada à agricultura. Formado em química, o pesquisador é pós-doutor em biotecnologia molecular e celular.
A “arbolina”, como a tecnologia é chamada, é um biofertilizante para ser usado nas lavouras. Segundo o pesquisador, ela é capaz de aumentar em 40% a produtividade de plantações como milho, soja e cana-de-açúcar.
“O biofertilizante é composto por carbono orgânico, nitrogênio, oxigênio e hidrogênio. É basicamente o que a planta precisa. Ele é ‘bio’ porque é atóxico, feito de material produzido na natureza. E é sustentável, portanto, não gera resíduos sólidos e nem líquidos na produção”, conta o professor em entrevista ao portal “G1”, publicada nesta terça-feira (09).
Tecnologia, mercado e meio-ambiente
Por ser mais natural, o biofertilizante premiado pela SBQ não agride o meio-ambiente e “não causa mal nenhum”, explica Brenno, “já que é biodegradável, sendo eliminado em 15 dias pela planta”.
Já os fertilizantes comuns costumam ser produzidos com materiais à base de polímeros e nanopartículas metálicas, como o ouro e a prata, que podem ser tóxicos para alguns seres vivos.
“Como pesquisador, o prêmio é uma honra muito grande, mas em termos institucionais, tem um alcance maior, porque isso coloca a UnB como uma das maiores produtoras de tecnologia de impacto dentro do país e mostra o quanto pesquisas de qualidade são feitas dentro de Brasília”. diz Brenno Amparo.
Além do reconhecimento pela Sociedade Brasileira de Química, a tecnologia desenvolvida na UnB ganhou destaque no mercado nacional. Em 2015, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) iniciaram uma parceria com os desenvolvedores do biofertilizante, que resultou na patente.
Após o licenciamento da arbolina, os pesquisadores criaram uma empresa, a Krilltech, que começou a a vender o produto no ano passado, durante a pandemia de Covid-19. O laboratório está sediado em Brasília, e a fábrica, em Dias D’Ávila, na Bahia.
“O produto é o único no mundo com nanotecnologia associada. Os preços são competitivos com os de fertilizantes comuns, com a vantagem que o biofertilizante [arbolina] é feito com matéria-prima 100% nacional. Então, não ficamos reféns do mercado internacional para produção dele”, diz o pesquisador.
O lucro obtido com a venda do biofertilizante é revertido para a UnB e para a Embrapa. “A empresa tem políticas diferenciadas, de estímulo a pequenos produtores. O excedente da produção é doado e, assim, alimentamos cerca de 30 famílias no DF”, conta Brenno.
Para o professor premiado, a criação da empresa “representa uma mudança de paradigma muito grande, porque vem mudando a forma como se faz tecnologia dentro da universidade”.
“As tecnologias que as universidades geram podem trazer royalties [ativos] para elas e o desenvolvimento para o país”, afirma Brenno Amparo.
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