Conecte-se conosco
 

Edição 189

Quais serão os desafios da safra 2017/18?

Publicado

em

Natália Cherubin
Ricardo Pinto,
sócio-diretor
[da RPA Consultoria

RENOVAÇÃO DE FROTA E INVESTIMENTOS NA INDÚSTRIA

“Acredito que os desafios da safra 2017/18 para o setor sucroenergético brasileiro serão voltar a ter produtividades agrícolas razoáveis nos canaviais, ou seja, acima de 86 t/ha, voltar a ter rendimentos de sacarose razoáveis, ou seja, acima de 135 kg ATR por t de cana, reduzir o endividamento das usinas para menos de 1,25 safras de faturamento, voltar a renovar a frota, que envelheceu nestes últimos anos, continuar a investir para incrementar o rendimento industrial, continuar a busca incessante por redução de custos de produção e fixar os preços de açúcar para 2017/18 e já para 2018/19 em patamares atrativos.”

Bruno Rangel,
presidente da Socicana
(Associação dos
Fornece-dores de Cana
de Guariba)

GESTÃO DE CUSTOS E CUIDADO COM OS CANAVIAIS

“Para a próxima safra teremos grandes desafios. O canavial foi prejudicado no ano anterior devido a grande geada que atingiu os nossos canaviais. Tivemos uma estação de chuva com bons volumes no começo, mas no final e até agora com uma diminuição significante. Isso prejudicou o desenvolvimento do canavial, o que pode resultar em menor produtividade. Aliado a isso, o nosso custo de produção está muito alto devido ao aumento significativo de pragas e doenças que atingem os nossos canaviais e se não controlados, as consequências são devastadoras. Os preços do açúcar no mercado externo e interno caíram, e os estoques mundiais dão sinais de normalidade, ou seja, demanda e oferta perto de um equilíbrio, o que não da perspectivas de melhora de preço no curto prazo. Os valores do etanol também tiveram uma queda e a tendência é de baixar ainda mais durante a safra. O grande desafio é gerir melhor os custos, cuidar bem do canavial e lutar para que a nossa cana tenha um valor justo para conseguirmos alcançar lucratividade na nossa atividade.”

Humberto Carrara, diretor
Agroindustrial da Usina
São João de Araras

RECUPERAÇÃO DE PRODUTIVIDADE

“Sem dúvida, a recuperação da produtividade dos canaviais, a retomada e expansão do plantio, visando a redução da idade média dos canaviais que envelheceram e empobreceram devido à retração do setor. Não podemos esquecer também de perseguir os custos que sofrerão um forte impacto por conta da lei da balança.”

José Arimatea Calsaverini,
CEO da Usinas Itamarati

EVOLUÇÃO DA GOVERNANÇA E DA PRODUTIVIDADE

“Do ponto de vista do mercado açúcar, a grande questão é a direção que o mercado vai tomar. Existem fatores fundamentais moderadamente altistas (balanço da produção/consumo/estoques e clima), mas os movimentos especulativos baixistas de curtíssimo prazo estão atuando em paralelo, embaralhando a tendência dos preços. No mercado de etanol existem alguns fatores positivos no cenário, ainda que incipientes, com grande destaque para a nova política de precificação de derivados de petróleo definida pela Petrobras. Agora é torcer para os preços internacionais do petróleo confirmarem a tendência de alta moderada no longo prazo. No cenário macroeconômico, o desafio é a aprovação das reformas, principalmente da previdência.  Esta será a senha para a normalização progressiva dos mercados de crédito e de capitais. O retorno do investimento estrangeiro, a superação da recessão e o retorno do crescimento. Poderá ser o início da solução da falta de liquidez e alavancagem excessiva que afligem boa parte do setor. Dentro das usinas, os desafios a serem enfrentados permanecem os mesmos dos últimos anos: evolução das práticas de gestão e governança e o desenvolvimento de estratégias de produtividade – sobretudo agrícola – coerentes, tecnicamente embasadas, efetivas e focadas no longo prazo.”

Antonio Cesar Salibe,
diretor executivo da Udop
(União dos Produtores de
Bioenergia)

MAIOR DIÁLOGO COM O GOVERNO

“Os grandes desafios, não apenas desta safra, mas do setor como um todo, é poder colher uma cana com qualidade e melhorar o ATR por hectare, para, com isso, ter um aumento de competitividade, tão necessária para que se retornem os investimentos tanto na área agrícola como industrial. Saber enfrentar as intempéries climáticas e a incidência de pragas e doenças é hoje um grande diferencial, quando vivemos um momento de baixa produtividade generalizada. Outro desafio é estabelecer diálogos com o Governo Federal para que as políticas de Estado, tão urgentes para a sonhada segurança jurídica e institucional, possam ser efetivamente implantadas como, por exemplo, o RenovaBio, e, assim, conseguirmos expandir nossa capacidade produtiva.”

Manoel Ortolan, presidente
da Canaoeste (Associação
dos Planta-dores de Cana
do Oeste do Estado de
São Paulo)

COMERCIALIZAÇÃO DO ETANOL HIDRATADO

“Uma vez que pelo mercado do açúcar os preços deverão continuar sendo mais atrativos, o desafio para essa safra é a comercialização do etanol hidratado. No Centro-Sul devemos fazer um pouco mais de açúcar do que foi feito na safra passada. Isso provavelmente vai sair da fabricação do etanol hidratado, uma vez que o etanol anidro já tenha comercialização basicamente assegurada em função da mistura. Então, para o hidratado teremos provavelmente uma menor oferta. Vamos ver também o que vai acontecer com a gasolina. Se ao longo da safra o preço da gasolina subir, ajuda na comercialização do início de ano. Nós precisamos comercializar um pouco mais de hidratado.”

AUMENTAR A TCH

“O grande desafio não só para essa safra, mas para as outras é produzir mais TCH, com qualidade para que a indústria consiga extrair o melhor que pode vir do campo, que é uma cana com menos impurezas, doenças e pragas. Isso tudo começa no planejamento de renovação do canavial, onde hoje contamos com muitas tecnologias, seja na área fitotécnica ou operacional. Podemos citar algumas como sistematização através de programas específicos, uso de piloto automático, mudas sadias via MPB com seleção, meiosi, aplicação em taxa variada entre outras boas e novas práticas. Porém, não podemos deixar de lado a importância de pessoas bem treinadas para lidar com tudo isso, pois sem pessoas não chegamos a lugar algum. Trabalhar a boa liderança pode ser o grande gargalo para alcançar ou não nossos objetivos. A equipe da Usina Pitangueiras encerrou com chave de ouro um grande projeto chamado up!, que trabalhou três pilares: processos, sistemas e pessoas.”

Rafael de Andrade Neto, diretor Agrícola da Usina Pitangueiras

Cadastre-se e receba nossa newsletter
Continue Reading
Publicidade