O próximo ano continuará sendo um período de desafios, tanto na área econômica como na de saúde. As perspectivas de renda para os produtores agropecuários, porém, continuam favoráveis. Os dados macroeconômicos para o período serão melhores do que os atuais.
O Produto Interno Bruto (PIB) sai dos 4,9% negativos, previstos para este ano, para uma evolução positiva de 3% em 2021. A inflação sobe para 3,5%, a Selic deve ficar em 3%, e o dólar terá um patamar de R$ 5,25.
As previsões são do Rabobank, uma instituição financeira que tem foco na produção de alimentos no mundo. Os preços das commodities, que afetam o atacado, devem chegar com força menor no varejo devido à capacidade ociosa da indústria.
Em relação ao setor de cana, o analista Andy Duff observa que o cenário nos primeiros meses deste ano tinha tudo para dar errado, mas a safra do Centro-Sul surpreendeu positivamente. A qualidade da cana atingiu 144 quilos de Açúcar Total Recuperável (ATR) por tonelada, o melhor patamar desde a safra 2007/08.
Mas há uma incerteza sobre os efeitos da La Niña nos canaviais. Com isso, o banco espera uma moagem de 575 milhões de toneladas na safra 2021/22, abaixo da deste ano.
A produção de açúcar deverá atingir o recorde de 38,2 milhões de toneladas na safra 2020/21, e a de etanol fica em 27 bilhões de litros. O banco prevê que os preços do açúcar permaneçam entre US$ 0,13 e US$ 0,14 até o segundo trimestre de 2021, em Nova York. No segundo semestre, poderão recuar para a faixa de US$ 0,12 a US$ 0,135.
Os preços internacionais do milho também estarão fortalecidos. Os Estados Unidos produziram abaixo dos 400 milhões de toneladas que previam, e a China deverá importar o recorde de 24 milhões de toneladas.
Com isso, há espaço para o Brasil semear 19,2 milhões de hectares na safra 2020/21, com produção prevista de 107,2 milhões de toneladas. As exportações brasileiras ficarão entre 36 milhões e 37 milhões de toneladas, enquanto as americanas vão atingir o recorde de 67 milhões.