A safra 2021/22 de cana-de-açúcar do Centro-sul tem características que preocupam bastante o segmento canavieiro. Clima e o aumento de custos são as questões chave.
De acordo com o diretor da Canaplan, Caio Carvalho, o clima, não só por conta da herança da seca com todo problema dos incêndios que ocorreram durante o ano de 2020, mas principalmente por conta verão de 2021, que foi pobre em chuvas, demandará muita atenção.
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“Nosso verão foi pobre de chuvas. Foram chuvas de ‘manga’, chuvas distribuídas de uma forma diferente entre uma mesma área. A realidade é que o fevereiro e março foram muito quentes e acabaram favorecendo a possibilidade de florescimento. Nosso modelo de florescimento nos indica que teremos muita flor”, destaca.

Ainda de acordo com ele será preciso que o setor faça um manejo de colheita muito organizado a fim de que se perca o mínimo possível do potencial produtivo.
“O primeiro terço e segundo terço da safra vão estar muito sentidos, o terceiro terço vamos ter que esperar para ver o que vamos fazer.”
Além do clima seco, empresas especialistas em clima projetam ainda um ano mais frio, com possibilidade de geadas. “Isso me leva direto a 2010, quando as heranças daquela safra vieram para 2011 e quebraram muito forte a produção”, relembra Carvalho.
Custos de produção e mercado
Quanto a questão dos custos, as análises que tem sido feitas mostram que os produtos ou insumos modernos tiveram aumento importante de preços e isso inclui o diesel, o que acaba trazendo aumento de custos importante na produção de cana, segundo Carvalho.
“Temos custos subindo por tonelada de cana. Isso é um fato”, adiciona.
Outro tema que deverá merecer destaque em 2021 é o plantio de cana. Com um canavial mais envelhecido e com a questão da pandemia de Covi-19 e clima em 2020, que atrapalharam o plantio, o setor terá que avançar em 2021.
“Mas há uma dificuldade com mudas e isso merece uma reflexão com detalhes”, afirma o consultor.
Quanto ao mercado, Carvalho destaca que os fundos estão ligeiros e o cenário é mais tenso. “Fundos entre venda e compra estão mais voláteis. O câmbio nos dá uma perspectiva mais forte. Acredito em um câmbio até US$ 5,8, o que ajuda muito no preço. Se perdemos em dólar, ganhamos no câmbio”, analisa.
*Por Natália Cherubin