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Sem canaviais próprios, Enersugar aposta em “espírito do cooperativismo”

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Em 2019, o executivo Melchíades Donizeti Terciotti assumiu uma tarefa desafiadora: montar uma equipe para a retomada das atividades de uma usina de processamento de cana-de-açúcar desativada há quase dez anos.

Formada em sociedade pelos irmãos Dorival e Dirceu Finotti e por Sylvio Ribeiro do Valle, a Enersugar, localizada no município de Ibirarema (SP), recebeu mais de R$ 200 milhões em investimentos na aquisição de máquinas e equipamentos que modernizaram todos os seus processos produtivos industriais.

Além disso, aplicando conceitos do cooperativismo no relacionamento com seus fornecedores de cana-de-açúcar, a Enersugar se diferencia de outras sucroenergéticas brasileiras por não possuir canavial próprio. Ou seja, ela depende totalmente das lavouras cultivadas por seus 179 parceiros independentes.

Por meio de contratos diversificados, com a adoção de critérios socioambientais e trabalhistas, a empresa implementou um modelo de negócio baseado na colaboração. Assim, na safra 2023/24, a Enersugar apresentou crescimento de quase 50% no volume de cana processada em comparação ao período anterior.

Além de moer, aproximadamente, 1,5 milhão de toneladas de cana, a unidade produziu 130 mil toneladas de açúcar VHP e quase 40 milhões de litros de etanol. Para completar, a planta produziu 37,874 MWh de energia elétrica de origem renovável.

Em entrevista, Terciotti fala sobre as principais conquistas da companhia, explicando a adequação do conceito de cooperativismo aos procedimentos que inspiram a Enersugar no seu dia a dia.

Qual é a sua opinião sobre a importância do trabalho das cooperativas com as comunidades locais?
É um trabalho fundamental para acelerar o desenvolvimento regional e apoiar a atividade agropecuária, pois acaba gerando uma soma de competências na atuação das cooperativas. Além disso, gera-se uma condição diferenciada de financiamento maior aos pequenos e médios produtores. Deste modo, há um impacto muito positivo e por completo nas comunidades locais que demandam uma gama de serviços em toda a cadeia produtiva do agronegócio. Tanto no campo quanto nas cidades, as 1,2 mil cooperativas existentes no agro brasileiro, segundo dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), são fundamentais para a promoção do desenvolvimento socioeconômico e ambiental.

Quais são as vantagens desse trabalho conjunto com os cooperados, ainda mais considerando o caso da Enersugar, que não tem cana própria?
Em primeiro lugar, não se cria um conflito de interesses entre a usina e o fornecedor. Pelo contrário, há uma soma de interesses, essencialmente pelo fato de o fornecedor de cana produzir e vender a sua produção de forma segura e rentável. Para os pequenos e médios produtores, cuja atividade é eminentemente agrícola, significa uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento. Seja em maior volume de área cultivada ou na qualidade de matéria-prima fornecida à usina. No caso da Enersugar, a vantagem primordial é dispor de matéria-prima, em quantidade e qualidade, para fabricar etanol, açúcar e bioeletricidade, comercializando estes produtos a preços competitivos. Em suma, esta simbiose, parte fundamental em um modelo de negócio cooperativista, está no DNA da governança estabelecida pela empresa desde o seu início.

Como o conceito do cooperativismo tem melhorado os negócios da empresa e impactado as comunidades próximas?
Ao final da safra 2023/24, a Enersugar prevê um faturamento líquido de R$ 292 milhões. Para o próximo ciclo de moagem (2024/25), projetamos faturamento de aproximadamente R$ 435 milhões. Em termos de desenvolvimento socioeconômico, a relação da empresa com seus 179 fornecedores, por meio do cultivo em 324 propriedades agrícolas, tem gerado riqueza em 24 municípios paulistas. É uma interação ambientalmente significativa, pois ajuda a difundir as melhores práticas agrícolas, posicionando o segmento canavieiro em dianteira estratégica da sustentabilidade.

O que ocorre quando falta um trabalho conjunto com os fornecedores?
A ausência de harmonia entre uma organização e seus cooperados prejudica não somente o desenvolvimento econômico do agronegócio, como o protagonismo do Brasil na construção da segurança alimentar e energética. Para a Enersugar, isto implicaria falta de matéria-prima suficiente para a unidade industrial operar de forma eficiente. Para contornar este problema, a usina teria de optar por dois caminhos incertos no curto e médio prazo: cultivar cana própria, arrendando terras de terceiros, ou buscar a matéria-prima distante e a custos maiores. Portanto, para não correr estes riscos, preferimos apostar no conceito do cooperativismo que é, sem dúvida, o caminho mais seguro para a empresa e seus fornecedores.

Quais cuidados devem existir ao se trabalhar exclusivamente com fornecedores de cana, tendo como conceito o cooperativismo?
Em nosso modelo de negócio, a empresa oferece, sobretudo, apoio financeiro e técnico. Se um fornecedor quiser expandir a sua área agrícola, a Enersugar oferece uma estrutura de financiamento que fomenta o plantio da cana. Se o objetivo for aumentar a produtividade do canavial, os agrônomos da usina garantirão assistência técnica. Além de um trabalho de suporte financeiro e da assistência já mencionada, a usina é responsável por apoio logístico nas diferentes fases de produção, incluindo a colheita, transbordo e transporte da cana até a indústria.

Qual é a política de responsabilidade social adotada pela empresa?
A Enersugar realiza um trabalho de assistencialismo focado em eventos sociais envolvendo crianças e idosos. Neste sentido, busca proporcionar uma condição melhor no atendimento prestado pelos hospitais que atendem à população de Ibirarema e municípios próximos. Ainda na área da saúde, doamos etanol para assepsia em unidades hospitalares, doses da vacina contra o vírus da Influenza, além de participarmos de mutirões de combate à Dengue. Ainda no plano da responsabilidade social, vale dizer que, no cotidiano de uma indústria, há incidentes e acidentes de trabalho. Em fevereiro último, comemoramos três anos sem acidentes de trabalho na usina. Também estamos completando, em março, 70 dias sem nenhum incidente, ou seja, situações que poderiam resultar em afastamento de funcionários. Isso considerando que estamos no período de manutenção da indústria, quando é comum a ocorrência de incidentes em trabalhos que lidam com peças pesadas e em áreas consideradas de risco.

Enersugar

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