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Valor do ATR melhora ao final da safra, mas pode despencar 8% diante do cenário

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Por Natália Cherubin

Ontem, 31/03, em algumas redes sociais, como o Instagram, foram compartilhados os valores do ATR acumulado da safra 2019/20 e referentes ao mês de março. O valor do Consecana (R$/ kg de ATR), que é divulgado oficialmente somente 15 dias depois, bateu acima dos 0,75 no último mês e no acumulado chegou a mais de 0,64.

Apesar dos números serem melhores do que os registrados no ano de 2019, a expectativa em relação a valor do ATR a partir de abril (início da safra da Região Centro-Sul) e pelos próximos três meses, de acordo com Celso Albano de Carvalho, gestor Executivo da Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) dependerá muito do comportamento do mercado de açúcar e etanol.

“Internamente o etanol foi extremamente impactado pela crise de preços do petróleo, a baixa no consumo de combustíveis, devido ao isolamento social por parte da sociedade, e externamente o açúcar vem sendo desvalorizado em preços, contratos futuros começando a serem renegociados, e ainda há dificuldades na logística de portos de recepção do açúcar exportado”, destaca Albano.

No curto prazo, o preço do ATR será reduzido conforme metodologia de formação de preços, que atenua situações como esta. Porém, se isso se perdurar e a economia não retomar no Brasil e no mundo, as expectativas são cada vez mais preocupantes, segundo Albano. “Apresenta-se uma visão de queda do ATR no mínimo em 8%, apenas no cenário atual da pandemia.”

A queda do consumo de etanol em torno de 50 a 60% somados às quebras de contratos futuros de aquisição de etanol; preços do açúcar em queda e a dificuldade de escoamento via exportação, poderão interromper um cenário tão otimista que estava se formando neste ano de 2020.

Segundo Albano, as atitudes atuais tomadas pelas distribuidoras de combustíveis são também muito impactantes em toda a cadeia. “Acabarão afetando toda a cadeia do consumo à origem, ou seja, diretamente ao setor agrícola produtivo, o produtor de cana; que já vem acumulando prejuízos e preços de remuneração defasados, aumentando uma latente crise econômica setorial”, afirmou à RPAnews.

Foco é segurança do trabalhador

Um outro impacto para o setor, de acordo com Albano será no sentido da saúde, já que é necessária uma atenção constante sobre o fator contaminação nas cidades e, com maior atenção, o fator de contaminação no campo.

“A atividade canavieira demanda muitas pessoas e será necessário um holofote gigantesco de segurança e saúde no campo visando evitar o espalhamento do COVID-19. Isso pode, inclusive, impactar a cadeia logística da produção agrícola; a manutenção dos processos e máquinas; a fase industrial; o transporte; e consumo dos produtos finais”, destaca.

Replanejamento e união em prol de soluções

Para ele, à medida que a situação se agrava haverá desestruturação do fornecimento de insumos de produção. As alternativas a serem buscadas, então, serão a utilização de insumos locais e/ou biológicos, que poderão ser uma alternativa e oportunidade de transformação mais sustentável.

“Acredito que haverá a necessidade de um replanejamento de todos os agentes se anteciparem as intempéries econômicas e sociais que estão surgindo, ações coletivas de representação junto ao Ministério da Agricultura e Governo Federal apresentando o impacto premente, com uma pauta que tenha objetivos concretos e orientadores sob a ótica de sobreviverem a este sombrio cenário e que impeçam o derretimento de uma das cadeias produtivas mais importantes do Brasil e do mundo”, concluiu Albano.

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