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Açúcar deve avançar em detrimento do etanol

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É o que indicam quatro entre seis projeções de mercado para a safra 2017/18 de cana no Centro-Sul.
 
Que a próxima safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil será menor que a atual e que o etanol sera o produto que mais vai perder espaço nas usinas são afirmações quase consensuais entre analistas e executivos do setor. O que não é consenso, porém, é se a produção de açúcar nas indústrias vai perder com a menor quantidade de matéria-prima agrícola ou se seu crescimento está garantido com um ‘mix’ menos alcooleiro.
 
De seis projeções feitas por consultoria e bancos nos últimos dois meses e compiladas pelo Valor Econômico, quatro apontam para um aumento da produção de açúcar mesmo com redução da colheita e da moagem de cana na safra 2017/18. O que deve sustentar esse avanço é a valorização dos preços internacionais da commodity, ainda que recentemente tenha havido recuo. De janeiro deste ano até o último dia 20 de dezembro, os preços na bolsa de Nova York subiram 21,05%
 
As duas outras consultorias avaliam que essa produção sofrerá uma queda em relação à temporada atual, embora em uma proporção menor que a diminuição da produção de etanol.
 
O cenário mais açucareiro apresentado até o momento é o da Datagro. A consultoria divulgou duas projeções, uma mais otimista e outra mais pessimista. Em seu melhor cenário, as usinas do Centro-Sul produzirão 36,4 milhões de toneladas de açúcar, e no pior, 36,1 milhões de toneladas. Tomando como referência a produção de 34,1 milhões de toneladas nesta temporada, as estimativas indicam que a produção deve crescer no mínimo 5,9% e no máximo, 6,7%.
 
Quando divulgou as projeções, em outubro, Plinio Nastari, presidente da Datagro, ressaltou que os investimentos realizados neste ano para aumentar o potencial de direcionamento do caldo de cana para a produção de açúcar nas usinas permitirão esse aumento de produção. Em sua avaliação, os aportes feitos devem aumentar a capacidade de oferta da região em dois milhões de toneladas.
 
Também estão apostando em aumento da produção de açúcar na próxima safra a consultoria FCStone e o banco Pine. Ambos projetam uma produção de 35,7 milhões de toneladas, o que representaria um aumento de 1,4% para a consultoria e de 0,9% para a instituição financeira.
 
Segundo a FCStone, esse avanço deverá ser garantido pela destinação de uma parcela do caldo de cana para a produção de açúcar ainda maior que o da safra atual. Ou seja, a safra 2017/18 deverá ser uma safra ainda mais ‘açucareira’.
 
Essa avaliação é compartilhada pelo banco Pine, para quem os pequenos investimentos feitos neste ano nas fábricas de açúcar permitirão uma migração maior do caldo para a produção de adoçante. Em seus cálculos, já nesta safra houve utilização máxima da capacidade de cristalização de açúcar nas usinas do Centro-Sul, de 203 mil toneladas por dia, e os novos aportes elevarão essa capacidade na próxima safra para 208 mil toneladas diárias.
 
O banco aposta, ainda, em aumento do rendimento industrial da cana e avalia que a quantidade de açúcares totais recuperáveis (ATR) deve subir 1,3%, para 135 quilos por tonelada de cana.
 
Do lado dos pessimistas estão a trading francesa Sucden e a consultoria S&P Global Platts. Também são de ambas as piores projeções para a safra de cana, abaixo de 590 milhões de toneladas. Essa linha de estimativa considera que a falta de investimentos em renovação dos canaviais neste ano, resultado da prioridade que as usinas deram para o saneamento de sua situação financeira, cobrará um preço alto nos resultados operacionais da próxima temporada.
 
O pior cenário é o traçado pela comercializadora francesa, que acredita que a produção de açúcar na safra 2017/18 será de 34,4 milhões de toneladas. Em seus cálculos, isso representaria diminuição de 2,1% ante a produção do ciclo atual. Ainda assim, é uma redução menor que a esperada para a moagem de cana, que deve recuar 4,38%, para 567 milhões de toneladas, segundo a Sucden.
 
No horizonte da Platts, a produção de açúcar deve totalizar 34,7 milhões de toneladas no próximo ciclo, representando redução de 2,7%. A diminuição do processamento da matéria-prima também é visto como principal fator de pressão, dado que a expectativa pe quue sejam moídas 582 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 4,6% a menos que nesta safra.
 
Conab eleva estimativa para cana
 
O clima mais favorável para a cana-de-açúcar na safra 2016/17 levou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a elevar sua estimativa de produção no seu último levantamento do ano de 2016. A projeção é de que a produção alcance 694,54 milhões de toneladas, alta de 4,4% na comparação com a colheita da safra passada.
 
No levantamento de agosto, a Conab estimava produção de 684,7 milhões de toneladas. Segundo o gerente de levantamento e avaliação de safra da Conab, Cleverton Santana, a nova estimativa também é consequência de uma revisão para cima da área. ‘No segundo levantamento, as unidades não tinham certeza de que teriam condições de colher toda a área disponível’, disse.
 
Ele explicou, ainda, que na safra 2015/16 choveu acima do normal no Centro-Sul do país – principal região produtora -, impedindo que toda a área fosse colhida. ‘Parte dessa cana ficou para ser colhida na safra seguinte e a etimativa é de que eles vão conseguir incorporar agora essa área na moagem industrial’, afirmou. A estimativa é de que a área de cana no país fique em 9,111 milhões de hectares, alta de 5,3% ante o ciclo anterior. E que a produtividade caia 0,9%, ficando em 76.232 quilos por hectare.
 
Segundo a Conab, o Centro-Sul, que já está finalizando a moagem de cana, deverá produzir 644,241 milhões de toneladas, alta de 4,5% sobre o ciclo anterior. A área no Centro-Sul é de 8,154 milhões de hectares e a produtividade deve atingir 79.011 quilos por hectare.
 
O levantamento confirma a previsão de que a maior parte da produção das usinas brasileiras será destinada à fabricação de açúcar. O movimento decorre da alta dos preços da commodity no mercado internacional e do dólar ante o real. A produção de açúcar deve subir 18,9% ante o ciclo 2015/16, chegando a 39,815 milhões de toneladas. A parcela de cana que será destinada ao açúcar é 21,3% maior que na última safra.
 
‘A gente terá a maior produção de açúcar desde o início dos levantamentos da Conab. O pico era 38,3 milhões de toneladas na safra de 2012/12’, comentou Santana.
 
A produção brasileira de etanol na safra 2016/17 deve somar 27,87 bilhões de litros, queda de 8,5% ante a safra anterior. A produção de etanol hidratado deverá cair 14,3%, refletindo a redução do consumo como combustível em veículos flex. Já a produção de anidro deve subir 1,5% ante a safra 2015/16, para 11,372 bilhões de litros. O aumento de produção reflete a elevação de 25% para 27% na mistura com a gasolina.
 
Fonte: Assessoria de Comunicação
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