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Etanol brasileiro pode perder mercado do Japão para os EUA
O Japão está em vias de acertar a substituição de uma parcela do etanol que importa do Brasil pelo etanol dos EUA, como parte da política de diversificação de fontes de combustível para garantir sua segurança energética, de acordo com informações do governo do país.
No ano passado, um comitê criado para discutir políticas de biocombustíveis no Japão propôs novas metas de emissão de gases de efeito estufa para cada tipo de combustível, estabelecendo uma meta para as emissões de etanol de milho produzido nos EUA, que antes não existia. A proposta surge em um momento em que o etanol de milho está mais barato do que o de cana, do Brasil, refletindo o excesso da oferta americana do cereal.
O comitê também propôs que a meta de redução de emissões de biocombustíveis em geral em relação à gasolina, que hoje é de 50%, suba para 55%. As propostas estão em processo de discussão pública até o próximo dia 18. As novas regras, que serão definidas pelo governo após a consulta, passarão a valer em abril.
Pelas novas metas, o etanol de milho americano pode alcançar uma participação de mercado no Japão de até 53,73%, em um segmento que hoje é dominado pelo etanol de cana brasileiro, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
Hoje, o Japão importa etanol apenas do Brasil e é terceiro principal destino do produto brasileiro. O etanol é utilizado para produzir um aditivo para a gasolina, o ETBE.
Em 2017, o país importou 61 milhões de litros de etanol, conforme o USDA. Para o Brasil, as exportações de etanol ao Japão renderam US$ 50,3 milhões no ano.
A União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), que representa as usinas do Centro-Sul, que são as potenciais afetadas pela medida, deve apresentar um posicionamento no processo de consulta. Ao Valor, a entidade reforçou a vantagem ambiental do etanol de cana do Brasil sobre o de milho, dos EUA.
“O etanol de cana de primeira geração, em todo seu ciclo de vida, consegue reduzir de 70% a 80% de emissões se comparado à gasolina no Japão. Num cenário em que há a mistura dos dois tipos de etanol, a capacidade de redução de emissões do país cai para 50%, já que comparativamente, o etanol de milho consegue reduzir de 26% a 33%. E nesse sentido, o biocombustível de cana acaba subsidiando o de milho, perdendo sua competitividade”, defendeu a Unica.
A associação participou recentemente de uma missão ao Japão para tratar do tema e tratou com representantes do Ministério da Economia, Comércio e Indústria do país. Ainda de acordo com a Unica, “a resposta dos governantes japoneses foi muito positiva e os dois países devem dar continuidade às discussões a respeito do programa japonês para os biocombustíveis”. (Valor Econômico)
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