Ricardo Pinto
Enquanto o marido, esparramado no sofá, passeava pelos canais da TV com o controle remoto, sua mulher amorosamente se senta ao lado dele e pergunta:
– O que tem na TV?
O marido prontamente responde:
– Poeira.
A cena que se seguiu foi de uma brutalidade ímpar.
Além de engraçada, a situação que acabamos de descrever também pode ser caracterizada como triste, se levarmos em consideração que faltou à mulher conseguir lidar com suas emoções naquele momento em seu proveito. Se assim o fizesse, ela poderia até ter dado o troco, dizendo, por exemplo: “Engraçado, na nossa cama também só há poeira”.
Nas empresas, este controle emocional é ainda mais importante. É por isso que nas entrevistas de emprego os entrevistadores se ocupam tanto em avaliar, além da capacidade mental e do conhecimento técnico do candidato, também seu bom domínio das emoções. Isso porque o mundo corporativo cada vez mais demanda de seus colaboradores habilidades como controle dos impulsos, auto-motivação, empatia e intuição.
Aliás, este grupo de habilidades, onde também se incluem a afabilidade, a autocrítica, a capacidade de compreensão, o saber criticar os outros, a tolerância, a gentileza e o senso de justiça, foi chamado de Inteligência Emocional pelo pesquisador e psicólogo norte-americano Daniel Goleman, autor do best-seller Inteligência Emocional (1995). Nele, o autor aponta que a inteligência emocional é a maior responsável pelo sucesso ou insucesso das pessoas.
Goleman mapeia a Inteligência Emocional em 5 áreas de habilidades:
1) o auto-conhecimento emocional, que implica em reconhecer um sentimento enquanto ele ocorre em você;
2) o controle emocional, que se caracteriza pela habilidade de você lidar com seus próprios sentimentos, adequando-os para cada situação;
3) a auto-motivação, representada pela capacidade de você dirigir as emoções em prol de atingir seus objetivos, o que o manterá constantemente motivado para buscá-los;
4) o reconhecimento de emoções dos outros, fundamental para que você possa se posicionar em como interagir com os demais;
5) a habilidade em relacionamentos interpessoais, contemplando sua maneira de entender nas demais pessoas o que as motiva, como trabalham, o que as sensibiliza e o que as faz trabalhar cooperativamente.
E se com relação à inteligência críou-se uma metodologia de se avaliar nas pessoas seu raciocínio lógico e suas habilidades matemáticas e espaciais, denominada de Quociente de Inteligência (Q.I.), na esfera das emoções também há um método de se avaliar o grau de inteligência emocional das pessoas, trata-se do Quociente Emocional (Q.E.).
Assim, o resumo da ópera no mundo corporativo é o seguinte: se com um Q-l alto se consegue um bom emprego, é com um Q.E. alto que se obtém boas promoções.