Em meio à atribulação caótica que estamos nos deparando nestes últimos dias, necessitamos analisar sobre características previsíveis do consumo, tentando trazer para a capacidade produtiva do Brasil no Agronegócio e verificar quais poderão ser as oportunidades, os desafios e os pontos difíceis de serem contornados.
Primeiramente vamos separar em alguns grupos de alimentos, energia, vestuário e infra estrutura à construção civil e setor moveleiro.
Alimentos: soja, milho, arroz, feijão, hortifrutigranjeiros, pecuária de corte e leite, aves e suínos e sucos poderão ter um grande arrancada à medida que regiões e países vão se afastando do furacão destruidor do COVID-19.
Energia: Biodiesel, etanol de cana, etanol de milho, açúcar deverão passar por um grande problema da diminuição de consumo frente a quarentena do cidadão do mundo, provocando uma depressão econômica e possivelmente aumento dos estoques e em casos extremos até uma parada na produção; apesar de que pode ter uma atenuante pela logística de distribuição e entrega de alimentos pelo setor de fastfood.
Vestuário: fatalmente será afetado, pois o consumo de bens de primeira necessidade e sobrevivência será prioritário e fundamental.
Infra estrutura à construção civil e setor moveleiro: movidos pela indústria madeireira deverá também ter um momento depressivo com queda do consumo de móveis e a construção civil apesar da demanda atual latente, será absorvida pela queda mundial da economia.
Grandes fortunas em recursos serão destinadas a proteger vidas e alimentar vidas.
O Brasil acabará sendo um dos principais fornecedores de alimentos ao mundo que gradativamente retornará ao seu equilíbrio, trazendo estragos e construção simultaneamente.
A pandemia do COVID-19 vem mantendo uma taxa média de avanço territorial, impacto e colapso econômico e de suporte à saúde e depois entra em um ciclo de dissolução, desaparecimento à medida que a população vai criando resistência e a medicina vai se recuperando e adquirindo maior entendimento destes ciclos.
Pensando em Brasil, território imenso, país continental, baixa densidade demográfica em algumas partes e alta densidade e concentração em áreas metropolitanas, acabará tendo aumentos e reduções territoriais sucessivas, mas a atividade no campo não parou até o momento, sob a responsabilidade que lhe foi incumbida de continuar fornecendo alimentos à cadeia de consumo.
No presente momento e talvez por 6 meses o movimento caótico e não lógico de avanço e destruição impossibilitará de se “prever” a calmaria, porém a demanda por alimento e cuidados nutricionais se fará imperativa e uma mudança comportamental acabará por trazer uma maior preocupação com o “alimentar-se bem”.
O desafio será a logística de distribuição, que terá “portões” e barreiras sanitárias a serem rompidos. Não vamos analisar números, nem preços, mas a “previsibilidade” da alimentação e do consumo. Tudo dependerá do suporte econômico dos governos a quebra abrupta da economia, geração de renda e consumo.
Se demorar muito para controlar-se a Pandemia, o estrago será maior e não será suportado ou absorvido. Se ocorrer uma diminuição dentro do primeiro semestre de 2020, pode-se ter uma mudança de lugares entre ofertantes e demandantes por alimento. E o Brasil poderá ter um saldo mais positivo.
*Celso Albano de Carvalho é Mestre em Agronomia, Pós-Graduado em Administração Rural, Controladoria e Finanças, Gestão Agroindustrial Sucroenergética e é gestor Executivo da ORPLANA.