O BNDES anunciou que suspendeu financiamentos relativos ao crédito rural com o argumento de que as taxas de juros estabelecidas no Plano de Safra em junho de 2021 ficaram abaixo da inflação, que foi crescente ao longo dos meses seguintes, o que exigiria volumes muito grandes de recursos do tesouro para equalização entre o valor cobrado e o custo dos recursos emprestados.
Segundo a secretaria do Tesouro Nacional, essa retirada de crédito começou a valer na segunda-feira, dia 07, e vai se estender até o dia 28 de fevereiro. A retirada temporária e inesperada do crédito rural, deixou os produtores preocupados em como vão fazer o financiamento de sua safra, pois agora as opções disponíveis são mais caras.
Os produtores devem tentar reduzir os gastos com os insumos agrícolas e recorrer a Cédula de Produtor Rural (CPR), mas segundo o diretor de agronegócio do Itaú BBA, Pedro Fernandes, vai ser uma opção cara, devido o aumento dos juros.
De acordo com artigo escrito por Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócios da FGV (Fundação Getúlio Vargas), para o Estado de S. Paulo, a situação é crítica, por vários motivos.
“A safra de verão ainda está em andamento, e a demanda por crédito segue elevada; produtores de milho e soja no Sul do país foram duramente afetados pela seca e precisam de socorro para recompor a condição de trabalho; plantadores de cana, café, laranja e frutas que fazem suas compras nos primeiros meses do ano ficaram sem financiamento de custeio e de investimentos com as taxas pactuadas no Plano. Com isso, o custo financeiro vai explodir, somando-se ao aumento dos preços dos insumos e criando um cenário de grande apreensão no campo. Notícias de anteontem dão conta de que a área econômica do governo está buscando solução para essa intranquilidade extemporânea”, disse Rodrigues em trecho de artigo.