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Balanço da safra 2019/2020 indica expectativa de produção recorde de etanol

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Dados apurados até o momento confirmam a expectativa de maior moagem de cana-de-açúcar na safra 2019/2020 no Centro-Sul do país. Até 1º de dezembro, a quantidade de matéria-prima processada pelas unidades produtoras atingiu 575,29 milhões de toneladas. O valor esperado para o final do ciclo agrícola 2019/2020 é de 590,00 milhões de toneladas, com crescimento de 2,9% em relação aos 573,17 milhões de toneladas processadas na safra 2018/2019.

Apesar da redução esperada na área colhida com cana-de-açúcar até o final do ciclo 2019/2020 (queda em torno de 2%), o aumento da moagem deve ocorrer em função da maior produtividade agrícola da lavoura, promovida especialmente pelas condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da planta.

De acordo com os dados apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a produtividade da área colhida até o final de novembro apresentou crescimento de 4,20%, atingindo 76,39 toneladas por hectare no atual ciclo agrícola ante 73,31 toneladas de cana-de-açúcar por hectare na safra 2018/2019.

Qualidade da matéria-prima

A maior concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de matéria-prima nas últimas quinzenas exigiu uma revisão nos valores esperados para a safra 2019/2020.

No acumulado desde o início do atual ciclo até 1º dezembro, o indicador atingiu 139,22 kg por tonelada de cana-de-açúcar, ante 138,95 kg observados no mesmo período em 2018.

A expectativa diante das informações disponíveis é de que a quantidade de ATR totalize 138,50 kg, com ligeiro aumento na comparação com o valor registrado na temporada 2018/2019 (137,88 kg por tonelada).

Produção de etanol e de açúcar (dados Centro-Sul)

A UNICA estima que 34,29% da cana-de-açúcar processada na safra 2019/2020 será destinada à produção de açúcar, ante 35,21% observados no ciclo anterior.
Diante do mix de produção mais alcooleiro, a produção de açúcar esperada para o final da safra é de 26,70 milhões de toneladas, alta de apenas 0,72% sobre a oferta registrada em 2018/2019.

Portanto, apesar do aumento da moagem de cana-de-açúcar em quase 17 milhões de toneladas, a produção de açúcar deve apresentar crescimento inferior a 200 mil toneladas.

Em sentido contrário, a produção de etanol deve atingir um valor recorde no atual ciclo agrícola: 33,1 bilhões de litros. Trata-se de uma expansão de 7,1% comparativamente ao volume observado na temporada passada (30,95 bilhões de litros). Deste valor, projeta-se que 9,72 bilhões de litros correspondem ao etanol anidro e 23,42 bilhões de litros ao etanol hidratado.

A produção de etanol a partir do milho, por sua vez, deve representar 1,50 bilhão de litros do total produzido no Centro-Sul na safra 2019/2020. Trata-se de um incremento próximo a 90% em relação ao volume fabricado no último ano agrícola (791,43 milhões de litros).

Para 2020, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) registra expansão de capacidade diária próxima de 6 milhões de litros de etanol. Esse montante equivale a quase 1 milhão de toneladas de açúcar em termos de produção efetiva e deve viabilizar uma maior alteração no mix de produção caso as condições de mercado sejam favoráveis para o biocombustível.

A expansão da capacidade de fabricação do biocombustível está alinhada com a necessidade de maior oferta nos próximos anos para atendimento das metas de descarbonização da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio).

Mercado de etanol (dados Brasil)

O aumento da produção de etanol permitirá um incremento de 2,7 bilhões de litros na oferta do produto ao mercado brasileiro nesta safra em relação ao volume observado no ciclo 2018/2019.

A expectativa é de que as vendas do biocombustível no mercado doméstico alcancem 33,5 bilhões de litros, sendo 10,3 bilhões de etanol anidro e 23,2 bilhões de litros de etanol hidratado.

Com isso, a participação volumétrica do etanol no consumo total de combustíveis líquidos leves deve alcançar 61,5% na safra 2019/2020. Considerando a conversão do volume de etanol hidratado em gasolina equivalente, a participação do etanol atinge quase 50%.

O maior consumo do biocombustível gerou economia de R$ 3,4 bilhões aos consumidores brasileiros em 2019 e redução de 80 milhões de toneladas de CO2eq nas emissões de gases de efeito estufa.

O menor gasto com combustíveis proporcionado pela presença do etanol no mercado doméstico permitiu a ampliação do dispêndio com outros produtos e serviços, garantindo ativação dos demais setores da economia.

Em relação ao mercado externo de etanol, a expectativa é de o País continue superavitário, com as exportações atingindo 1,6 bilhão de litros e as importações 1,25 bilhão de litros no ciclo 2019/2020.

RenovaBio

A Política Nacional de Biocombustíveis — RenovaBio, instituída pela Lei 13.576/2017, está pronta para entrar em vigor no dia 24 de dezembro de 2019 com toda a sua regulamentação concluída.

Segundo acompanhamento divulgado pela ANP, 199 produtores de biocombustível estão com a certificação em andamento, dos quais 86 já estão em fase final de consulta pública. Cinco empresas já tiveram a nota de eficiência energética publicada no site.

Essas empresas que finalizaram ou estão na reta final da certificação já asseguram uma quantidade significante de CBios para serem comercializados no início de 2020.

O RenovaBio tem como objetivo reduzir a intensidade de carbono da matriz de transportes brasileira, por meio do aumento da participação dos biocombustíveis. A política também cria o mercado de crédito de carbono, com o objetivo de compensar a emissão de gases causadores do efeito estufa gerada pelo uso dos combustíveis fósseis, estabelecendo que cada Crédito de Descarbonização — CBio equivale a uma tonelada de dióxido de carbono que deixa de ser emitida na atmosfera.

O RenovaBio é baseado em mecanismos de mercado que incentivam a competição entre os produtores de culturas energéticas e de biocombustíveis e induzem a eficiência, reconhecendo as cadeias de produção mais sustentáveis. Também estabelece o desmatamento zero e a adequação ao Código Florestal como pré-requisitos para participação no programa.

Bioeletricidade

A geração de bioeletricidade a partir da cana-de-açúcar para a rede deve chegar a 22 mil GWh em 2019, crescimento de 2% em relação a 2018, atingindo a participação de 4,6% no consumo nacional de eletricidade. Na região Centro-Sul, em cerca de 80 usinas, estão distribuídas 166 UTE para produção de energia elétrica para exportar para a rede.

Observamos praticamente uma estagnação na geração para a rede desde 2014 pelos seguintes motivos: ajuste no perfil de alavancagem e de endividamento do setor; redução da demanda a contratar nos leilões regulados e pouco espaço dado à bioeletricidade;

judicialização no Mercado de Curto Prazo, que desestimulou a capacidade de geração responder ao preço de curto prazo; necessidade de aprimoramento na metodologia de revisão extraordinária da Garantia Física das usinas à biomassa dando liberdade para venda no mercado livre.

Mesmo com essas adversidades, os 22 mil GWh gerados para a rede em 2019 são equivalentes a ter poupado 15 pontos percentuais da energia armazenada nos reservatórios das hidrelétricas no submercado Sudeste/Centro-Oeste; atendido quase 12 milhões de residências ou 5% do consumo nacional; e reduzido as emissões de CO2 em 7,4 milhões de toneladas.

Além da sustentabilidade inerente à fonte biomassa, a energia ofertada pelo setor ocorre em grande parte quando a bandeira tarifária da energia elétrica estava amarela ou vermelha, ajudando a poupar os reservatórios na época de seca.

O mapeamento da Oferta Interna de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia aponta que a biomassa fica na 2ª posição entre as principais fontes, considerando a soma estimada de geração para a rede e para o autoconsumo nas usinas (Hidro: 67,5% / Biomassa em geral: 8,4% / Eólica: 8,3% / Gás Natural: 7,8%).

O AMBIENTE COMERCIAL PARA A BIOELETRICIDADE

Leilão de Energia Nova A-4/2020 já está agendado para 28 de maio de 2020: início do suprimento contratual de energia elétrica deverá ocorrer em 1º de janeiro de 2024; três produtos — hidrelétricas (30 anos), solar e eólica (20 anos) e biomassa (20 anos).

Leilão de Energia Nova A-6 em 24 de setembro de 2020 e Leilões de Energia Existente, A-1 e A-2, em 04 de dezembro de 2020.

AGENDA PARA A BIOELETRICIDADE EM 2020

*Incentivar uma contratação regular e crescente para a bioeletricidade e biogás: com preços remuneradores, incorporando as externalidades da bioeletricidade e as características de cada projeto (retrofit; greenfield; aproveitamento da palha e bagaço; geração de biogás etc.);

*Estimular o retrofit das usinas: replicar a estrutura dos Leilões de Energia Existente [e Nova] “A-4” e “A-5” de 2020 (dedicados ao carvão e gás), para o biogás/biomassa no setor sucroenergético, permitindo comercializar energia advinda de empreendimentos existentes, novos, ampliação de capacidade instalada em empreendimentos existentes, aumento de combustível e eficiência energética;

*Equacionar a judicialização nas liquidações financeiras no Mercado de Curto Prazo (MCP): nos últimos 3 meses credores que não possuem liminares protegendo-os contra a inadimplência receberam 0% de seus créditos. Média de recebimento dos créditos em 2019: 3,5%;
*Aprimorar a metodologia de revisão da Garantia Física de Energia (GFE) para usinas à biomassa/biogás: a metodologia atual não tem incentivado o gerador a produzir mais energia até o limite de sua capacidade;
*Processo de Modernização do Setor Elétrico: valorizar adequadamente os atributos da bioeletricidade, por exemplo, no delineamento dos produtos lastros de produção e de capacidade;
*Ações transversais no Setor Elétrico: aumento da integração entre setores elétrico e sucroenergético, de forma semelhante ao esforço louvável de integração setor elétrico e gás natural.

INTERNACIONAL

Índia

A Índia foi um mercado prioritário nas relações institucionais da UNICA em 2019. Apoiamos o governo brasileiro com o fornecimento de informações para basear a abertura de painel na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a Índia e suas políticas para o açúcar.

Em meados de agosto, o órgão de solução de controvérsias da OMC, em Genebra, confirmou a instalação de três painéis paralelos para tratar da questão: um do Brasil, um da Austrália e um da Guatemala. Os questionamentos, apesar de diferenças pontuais, denunciam, em linhas gerais, as mesmas práticas que ferem as regras do órgão, como os elevados preços mínimos pagos pela cana-de-açúcar e os subsídios à exportação.

No mesmo mês, o governo indiano anunciou novos subsídios à exportação de açúcar para a safra 2019/2020, que começou em outubro. O benefício é de 10.448 rúpias (US$ 146,14) por tonelada na safra 2019-20 (outubro-setembro), para o volume de 6 milhões de toneladas, o que representará um gasto público de 62,68 bilhões de rúpias (US$ 876,74 milhões). A decisão tem o objetivo de liquidar o excedente de estoques internos e ajudar as usinas a reduzir os atrasos na produção de cana-de-açúcar.

A estratégia da Índia para o açúcar tem sido motivo de grande preocupação para todos os países produtores e exportadores, pois fere a livre concorrência e a competitividade do mercado internacional de açúcar. Em meados de 2018, o país anunciou pacote de medidas de apoio aos produtores locais e subsídios às exportações para até 5 milhões de toneladas de açúcar, o que ampliou a queda dos preços internacionais do produto. Em 2018, o açúcar teve as menores cotações dos últimos 10 anos, com uma queda no preço de 30% ao longo de 12 meses.

Segundo estimativas feitas pela UNICA, somente na última safra (2018/2019), a política indiana foi responsável por um prejuízo de mais de 1,2 bilhão de dólares aos produtores brasileiros de açúcar.

Além da atuação para a abertura do painel na OMC, trabalhamos em uma agenda de aproximação positiva. Entendemos que a abundância de cana-de-açúcar no país representa uma oportunidade para a ampliação da produção de etanol anidro a ser misturado na gasolina, nos moldes do que fazemos no Brasil. Levamos ao país, em duas missões, o nosso relato de sucesso, como um caminho para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE) e a diversificação do setor, que tem cerca de 50 milhões de produtores rurais.

Na última missão, realizada em novembro, apresentamos a experiência brasileira com o etanol no evento mais importante do setor na Índia, o 10th Annual Asia Sugar & Ethanol Conference, e nos reunimos com representantes do Ministério da Agricultura indiano, da Associação Automobilística local e da indústria de petróleo.

Em fevereiro de 2020, a UNICA terá um estande no salão do automóvel, em Nova Deli, além de fazer o seminário Sustainable Mobility — Ethanol Talks, por quatro países asiáticos: Índia, China, Tailândia e Paquistão.

China

Outro país foco das ações da UNICA foi a China. Realizamos missões e encontros de relacionamento com autoridades no Brasil, com foco na política de tarifas para o açúcar e na adoção do etanol como redutor de emissões de GEE.

Em maio, a China se comprometeu em não renovar a política de salvaguarda para a entrada de açúcar estrangeiro no país, a partir de maio de 2020. A China estabelece uma cota de importação anual de 1,95 milhão de toneladas de açúcar com a tarifa de 15%. Volumes extracota, até 2017, tinham 50% de tributo. Com a salvaguarda, volumes extracota passaram a ser taxados em 95%, com uma progressão decrescente ano a ano até o final do prazo, em maio de 2020. Além disso, era dada uma preferência de importação a países com menor participação no volume — o que excluía automaticamente o Brasil. A barreira comercial foi alvo de pedido de consulta na Organização Mundial de Comércio (OMC) pelo Governo Federal, que passou a negociar a reversão do quadro.

Até o início da salvaguarda, a China era o maior mercado do Brasil, com exportações que ultrapassavam 2,5 milhões de toneladas por ano-safra. Em 2017/2018, com a política em vigor e as relações bilaterais abaladas pelo processo na OMC, o volume caiu para apenas 115 mil toneladas. Em 2018/2019, 890 mil toneladas foram embarcadas para o país, acima do registrado no ciclo anterior, mas abaixo dos patamares do passado.

Ao longo desse período, a UNICA esteve à disposição dos técnicos do Itamaraty para fornecimento de informações e análises técnicas que suportassem o processo na OMC e as negociações.

As missões ao país nos últimos meses tiveram o objetivo de fortalecer a percepção sobre o etanol. Em agosto, executivos do setor tiveram reuniões com representantes da indústria automobilística, petrolífera e produtora de etanol, além do New Development Bank (Banco de Desenvolvimento do BRICS). Em 2020, a China também receberá uma edição do Seminário Sustainable Mobility — Ethanol Talks, sobre mobilidade sustentável.

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