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Edição 204

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BRASIL LEVARÁ QUASE 120 ANOS PARA APROVEITAR POTENCIAL DA BIOELETRICIDADE CANAVIEIRA

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Para a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), o potencial de produção de energia elétrica pela biomassa em para a rede está subestimado conforme o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE). Segundo o documento, que é divulgado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e que está em consulta pública pelo MME (Ministério de Minas e Energia) a oferta de bioeletricidade para a rede, partindo de 25 TWh produzidos em 2017, chegará a 38 TWh em 2027. Neste mesmo período, o setor sucroenergético deverá gerar para a rede 32 TWh em 2027, um crescimento de pouco mais do que 1 TWh ao ano sobre os 21 TWh entregues à rede no ano passado.

Zilmar de Souza, gerente de Bioeletricidade da Unica, avalia que nesse ritmo, o Brasil levará quase 120 anos para aproveitar o potencial atual da eletricidade obtida da biomassa canavieira, sem considerar o crescimento natural da capacidade de produção ao longo do tempo, apenas pensando no que está atualmente disponível nos canaviais. “Em 2017, a bioeletricidade sucroenergética ofertada para a rede representou quase 5% do consumo total de energia elétrica no país. Contudo, se houvesse o seu pleno aproveitamento, poderíamos ofertar quase sete vezes mais do que o registrado ano passado (21TWh), o que corresponderia a mais de 30% do consumo nacional”, observa.

O PDE, por ser redigido inicialmente com a visão do Governo Federal, acaba tornando-se muito importante para influenciar decisões de investidores no segmento elétrico. “Por isso, é necessário que sejamos mais ousados no aproveitamento da bioeletricidade, até por conta da importância estratégica que ela terá para o sucesso do RenovaBio, uma política de Estado fundamental para segurança energética, o estímulo ao etanol e a redução das emissões de gases de efeito estufa”, pondera Souza.

USO DE FERTILIZANTES NOS CANAVIAIS DEVE PERMANECER MENOR

Ao longo dos últimos meses, as relações de preço entre o açúcar VHP e os principais fertilizantes se mostraram mais desfavoráveis aos agricultores, tanto no comparativo anual quanto em relação à média dos últimos três anos, aponta INTL FCStone, em relatório. As perspectivas de que esta tendência persista nos próximos meses pode fazer com que a quantidade de adubos adquirida por usinas permaneça menor ante ao ano passado.

“O avanço das cotações dos fertilizantes e a queda dos preços do açúcar levaram a um recuo nos volumes das entregas em 2018. Em São Paulo, as entregas de fertilizantes recuaram 12% em setembro e 6% em outubro, refletindo o enfraquecimento das cotações do açúcar no período. No acumulado deste ano, essa retração alcança 4,7%”, afirma a consultoria. Sob a ótica dos fertilizantes, destaca-se um balanço mundial mais apertado, com baixos estoques e demanda aquecida, que fortaleceu os preços internacionais dos adubos. “Estes insumos já apresentavam tendência de alta ao longo do ano, devido ao encarecimento das matérias-primas utilizadas nos processos industriais de fabricação”, ressalta a analista de mercado da INTL FCStone, Gabriela Fontanari.

MECANIZAÇÃO MUDA PERFIL TECNOLÓGICO DO CAMPO PAULISTA

Impulsionada na década passada pelo protocolo que proibiu a queima de cana-de-açúcar, a mecanização da colheita da matéria-prima mudou de vez o perfil tecnológico do campo paulista, confirma o Lupa (Levantamento das Unidades de Produção Agropecuária do Estado de São Paulo), em fase de finalização pela Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integrali) e pelo IEA (Instituto de Economia Agrícola), vinculados à Secretaria da Agricultura. O trabalho mostra que, dentro de um universo de mais de 334 mil unidades de Produção Agropecuária espalhadas pelo Estado na temporada 2016/17 (3,1% mais que em 2007/08), cerca de 117 mil recorriam à colheita mecânica, duas vezes mais na mesma comparação (57 mil).

O total não inclui apenas propriedades canavieiras, mas é composto sobretudo por elas. O número de UPAs (Produção Agropecuária) com colheita manual, dedicadas principalmente a frutas cítricas e café, encolheu de 209 mil para 156 mil na comparação com o último relatório. “Certamente, há UPAs dedicadas a cultivos que manterão o procedimento manual para colheita, a exemplo de olerícolas e frutas”, pondera o Lupa

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 2016/17, espécie de censo agropecuário de São Paulo. Em termos de área, a colheita mecânica passou a ocupar 8,9 milhões de ha em 2016/17, ante 4,4 milhões em 2007/08, ao passo que a manual recuou de 209 mil ha em 2007/08 para 156 mil em 2016/17. O levantamento mostra que a área rural ocupada total diminuiu de 20,5 milhões de ha para 20,3 milhões na mesma comparação.

ETANOL MAIS VERDE É APRESENTADO COMO MODELO DE SUCESSO EM EVENTO DA COP14

O Protocolo Etanol Mais Verde, assinado em 2017 pela Unica, Orplana e o Estado de São Paulo, este último representado pela Cetesb e pelas Secretarias do Meio Ambiente e Agricultura, foi apresentado como um exemplo positivo de parceria entre os setores privado e público em prol da biodiversidade durante o “Business and Biodiversity Forum” (Fórum de Biodiversidade e Negócios). O evento foi realizado no âmbito da 14ª Conferência das Partes na Convenção Sobre Diversidade Biológica (COP14).

A superação dos desafios advindos da mecanização da colheita e a garantia da restauração das matas ciliares e nascentes localizadas em áreas de cultivo de cana-de-açúcar são apenas alguns dos objetivos do Etanol MaisVerde, tornando o setor sucroenegético um dos maiores colaboradores do Programa Nascentes do Estado de São Paulo. Os resultados do Etanol Mais Verde foram relatados pela secretária Executiva do Protocolo e assessora jurídica da Unica, Renata Camargo, e pela coordenadora técnica do projeto, Carolina Matos, do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais.

“O Etanol Mais Verde é um modelo de cooperação entre os diversos agentes envolvidos na cadeia produtiva sucroenergética. Não se trata do binômio ambiental de `comando e controle´, mas de uma ação voluntária de investimentos em sustentabilidade e proteção da biodiversidade”, enfatiza a representante da Unica.

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