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Emissão de CRAs é dominada pelo setor sucroenergético

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Os produtores rurais sempre tiveram como principais fontes de financiamento os grandes bancos e linhas de crédito rural. No entanto, de acordo com João Paulo Torres, CEO da TerraMagna – empresa de monitoramento agrícola que evita inadimplência nos financiamentos do agronegócio – novas fontes começaram a surgir e, dentre os novos acessos, o aumento da atuação do mercado de capitais é um dos destaques, principalmente por meio de títulos como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs).

Setor sucroenergético é o mais atuante

Dentre os setores que mais emitem esses títulos, o setor sucroenergético domina. Segundo dados do Anuário Uqbar de 2019, uma das maiores referências sobre os títulos do agronegócio,  quem faz mais emissões de CRAs é ainda o setor sucroenergético. Isso acontece, principalmente pela produção de etanol, com atividades de produção de açúcar em segundo nível.

De acordo com Torres, com 12 operações em 2018, o setor foi responsável por 56,7% dos CRAs nesse período, correspondendo ao total de R$3,81 bilhões. Os créditos para compra e venda de insumos agrícolas entre produtores, distribuidores e fabricantes, vem em segundo lugar, com uma parcela bem menor de participação – de 15,6%, o equivalente a R$1,05 bilhão.

“Esse nicho se caracteriza por ser o único com perfil de risco de crédito pulverizado em quase a totalidade das operações (93%). Ele também conta com um prazo médio mais curto, de 34 meses contra os 59 meses padrão da indústria sucroenergética”, afirma.

Torres ainda ressalta que, mesmo depois de dois anos sem emissão, o segmento de frutas – cultivo de laranja, maçã e uva, registraram emissões em 2017 e 18. No ano passado, constituíram uma única emissão no valor total de R$100 milhões.

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Fonte: TerraMagna

“Em busca de novas formas de investimentos mais lucrativos, o principal financiador dos CRAs no ano passado foram as pessoas físicas, responsáveis pela compra de 64,9% do montante total dos títulos. Isentos de taxação pelo imposto de renda para PF, os títulos continuaram a chamar a atenção desse perfil de investidor”, revela.

Marcos de 2019

A evolução na emissão dos CRAs trouxe dois grandes acontecimentos que marcaram 2019, segundo o CEO da TerraMagna. Primeiro foi a entrada de dois novos segmentos registrando emissão dos títulos, o de tabaco e serviços técnicos. “Mesmo com apenas uma operação cada, eles elevaram o total de segmentos com emissão de CRAs para 10.”

Ainda no ano passado, também foi liquidada a 1ª operação de CRA com lastro envolvendo créditos relacionados a Certificados de Depósito Agropecuário e Warrants Agropecuários (CDA/WA). “Enquanto normalmente esses títulos de crédito representam uma promessa do depositário de entregar seus produtos, o WA representa uma promessa de pagamento em dinheiro”, explica Torres.

O movimento de procura por outras fontes de financiamento por parte dos produtores rurais representa, para o especialista, uma importante união de interesses entre o produtor que precisa financiar sua lavoura com o investidor que busca opções mais rentáveis, principalmente em uma época onde a renda fixa brasileira, com a baixa histórica da SELIC, tem se mostrado difícil.

“O financiamento do agro é altamente lucrativo, desde que se tomem os cuidados necessários. Os riscos desse segmento são bastante peculiares e, muitas vezes, difíceis de serem previstos e medidos. No entanto, a análise e acompanhamento contínuo das produções através do uso da tecnologia torna as operações mais seguras e ajuda a garantir o recebimento no final da safra”, conclui Torres.

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