Conecte-se conosco
 

Edição 197

Especial – O peso da produtividade

Publicado

em

Natália Cherubin

Muito além das projeções sobre o volume de produção de cana, etanol e açúcar da safra 2018/19 e discussões sobre o futuro das políticas públicas favoráveis ao setor de biocombustíveis, a abertura oficial da safra canavieira – que ocorre em março – trouxe à tona, nos diversos eventos voltados ao segmento realizados no último mês, a velha, mas essencial discussão a respeito da necessidade urgente de recuperação da produtividade dos canaviais, considerado por especialistas de mercado, pesquisadores e produtores, um dos principais fatores para a retomada do setor sucroenergético.

Ao contrário do ATR, que cresceu de 130,2 para 133,76 kg/t cana na última temporada, a produtividade agrícola média dos canaviais na região Centro-Sul nas últimas nove safras só caiu. Só para se ter uma ideia, em 2009/10 a média dos canaviais era de 87,2, número que chegou a bater 67 t/ha na safra 2011/12, mas que recuperou para 82,5 na safra 2015/16, voltando a uma fase de regressão, saltando para 73,7 t/ha no ciclo 2016/17 e, posteriormente, para 73,3 t/ha no ciclo 2017/18, conforme o banco de dados Datacana (Gráfico 1).

Segundo o sócio-diretor da RPA Consultoria, Ricardo Pinto, um fator crucial que explica a queda de TCH na região Centro-Sul é a evolução do número médio de cortes dos canaviais de 3,19 (safra 2015/16) para 3,38 (safra 2016/17) e, posteriormente, para 3,67 (safra 2017/18). Em seguida, outro fator relevante refere-se à idade média dos canaviais colhidos no Centro-Sul, que era de 13,43 meses em 2015/2016, indo para 13,7 meses em 2016/17 e finalmente regredindo para 13,01 meses em 2017/2018. Um fator importante para explicar a queda da idade dos canaviais colhidos foi a redução de cana bis colhida na última safra, que representou 1,77%. Este valor foi de 8,23% na safra 2016/17 e de 1,86% na safra 2015/2016. A cana bis costuma ser colhida no começo da safra e empurra as outras canas.

Já com relação às chuvas, ele afirma que, apesar de serem cruciais para uma maior ou menor produtividade agrícola, dado que o Centro-Sul é uma região muito vasta e com diferentes volumes e distribuições de chuvas nas suas várias regiões canavieiras, fica muito difícil calcular exatamente a influência deste fator no tamanho de cada safra.

“Pelos resultados acumulados até o mês de fevereiro da safra 2017/18 podemos prever que o Brasil está terminando sua segunda safra com redução de produção de cana em relação à safra anterior. O recorde foi na safra 2015/16 e, de lá pra cá, só caímos. Desta vez, praticamente regredimos à produção da safra 2014/15. Isso é fruto da área de colheita de cana no Brasil que se reduziu junto com a continuidade das baixas produtividades agrícolas dos nossos canaviais. A única coisa que melhorou foi o teor de ATR da cana, que subiu 1,3% na cana do Centro-Sul em relação à safra 2016/17.”

Para André Rocha, presidente-executivo do Sifaeg/Sifaçúcar (Sindicatos da Indústria de Fabricação de Açúcar e de Etanol do Estado de Goiás) e presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, apesar de haver um consenso sobre a queda de produtividade ter como principal motivo a mecanização, um dos fatores importantes, ao seu ver, foi o uso de variedades não adequadas às novas fronteiras agrícolas. “Tivemos nos últimos anos a abertura de destilarias e usinas em regiões não tão favoráveis ao plantio de cana, o que causou muitos problemas de produtividade. Mas considero que quatro itens contribuíram para a queda da produtividade: a mecanização, a expansão de produção de cana em áreas inadequadas para o cultivo, variedades e plantio inadequados. Só para se ter uma ideia, algumas unidades que estavam recém-implementadas em Goiás atingiam 45 t/ha, áreas que hoje têm médias de 81 t/ha.”

Na opinião de Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar), a queda de TCH ocorreu por uma somatória de fatores. A mecanização foi um dos principais fatores, mas não pode ser visto como único. “Tivemos safras muito atípicas, muito chuvosas, outras com geadas, safras com falta de chuva, veranicos muito longos e temos o processo de vários anos de envelhecimento do canavial. Então temos a mecanização, as condições climáticas e a questão da não reforma de canaviais na proporção correta. A somatória disso é que jogou a produtividade para baixo”, opina.

Marcos Guimarães de Andrade Landell, pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, diz ser importante considerar a produtividade como resultado de uma média de sete cortes, dois cortes a mais do que se fazia na década de noventa. “O correto, para fins de comparação, seria confrontar a produtividade agrícola média desses períodos na mesma base, por exemplo, comparar a média dos cinco primeiros cortes. Com isto, teríamos uma melhor ideia do ‘estado da arte’ de cada momento.”

Outro aspecto muito relevante e responsável pela depressão da produtividade agrícola atual, segundo Landell, foi a grande expansão territorial da canavicultura ocorrida na década passada, que se deu em ambientes muito mais restritivos do que aqueles ocupados antes pela cultura. Houve um aumento de 4 milhões de ha de cana em ambientes potencialmente inferiores, com solos de menor potencial e, principalmente, em regiões de déficit hídrico muito mais pronunciado que as regiões mais tradicionais, o que pode ter impactado negativamente nestas regiões a produtividade entre 10 e 15 t por ha.

“Quando comparamos na mesma base (média dos cinco primeiros cortes) as produtividades se aproximam nesses períodos, o que indica que tecnologias biológicas (novas variedades) e estratégias para promover uma ambiência mais positiva têm anulado os componentes de depressão da produção. Não destacamos aí o processo de mecanização, que para alguns consiste no principal agente de depressão da produtividade agrícola da cana-de-açúcar. Na nossa opinião, este efeito deletério pode ser praticamente anulado com adoção, por exemplo, de variedades mais adaptadas ao processo mecânico como um todo. A utilização de variedades mais antigas, não desenvolvidas para o contexto de mecanização realmente poderá trazer como consequência um efeito negativo, tanto do processo de plantio mecânico, como da colheita mecânica crua”, acrescenta Landell.

O sócio-diretor da RPA Consultoria destaca que nas últimas duas safras as regiões de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto apresentaram produtividades agrícolas superiores à média do Estado de São Paulo, bem como o Estado de Goiás, que cresceu 17,2% sua produtividade agrícola na safra anterior (Tabela 1). No tocante à produção de açúcar por hectare (TAH), índice que une TCH com ATR, se destacaram Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Goiás, em ordem decrescente de resultados obtidos (Tabela 2)

ALTAS PRODUTIVIDADES: COMO?

ranking CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) de produtividade da safra 2017/18, no qual se tem o comparativo de TCH, ATR e TAH de 168 unidades do Centro-Sul, mostrou as unidades que têm atingido a melhor média de TCH (Tabela 3). Em primeiro lugar aparece a Bioenergética Aroreira e a Usina Santo Antônio, com um TCH médio de 101,7, em segundo a Coruripe – Unidade Iturama, com 99,1, em terceiro a Cerradinho Bio, com 97,9 de TCH médio, e em quarto lugar, as usinas Santo Ângelo e Guaíra, com 97,1. Em quinto e sexto lugares estão duas unidades da Tereos, com uma média de 93 e 91 t/ha.

A RPAnews procurou todas as unidades com as maiores médias de produtividade para que compartilhassem quais tem sido as ações realizadas nos canaviais ao longo dos últimos anos e que tem propiciado chegar próximo ou atingir o tão discutido e desejado canavial de “três dígitos”.

A Bioenergética Aroeira, localizada no município de Tupaciguara, MG e que lidera o ranking do CTC, teve médias bem variáveis nos últimos três anos. Na safra 2015/16, a média da unidade era de 96,44, caindo para 77,24 na safra 2016/17 e retomando para 101,15 na safra 2017/18. Francisco Feres Junqueira, gerente Agrícola e Marcos Rodrigues, supervisor Agrícola da Bioenergética Aroeira, revelam o que tem feito para recuperar os canaviais e conquistar os três dígitos.

Na parte de tratos culturais, a usina faz a adubação granulada com a tecnologia de “mistura granulada” (NPK e micronutrientes no grão) ou aplicação de adubo organomineral, que também possui NPK e micronutrientes, além de matéria-orgânica, sempre direcionada a linha de plantio. “Utilizamos silicato de silício, calcário e gesso em área total na cana-soca como fonte de nutrientes e fazemos também a complementação da adubação via foliar com nitrogênio e micronutrientes”, contam.

A fim de prever as doenças fungicas (primárias e secundárias), associada a efeitos fisiológicos positivos que resultam em aumento de produtividade, a unidade faz duas aplicações de fungicida em toda área, com intervalo de 30 dias de uma aplicação da outra. Além disso, é realizada a operação de corte de soqueira com uso de nematicida e enraizador em 20% das áreas de canaviais com potenciais menores.

“Utilizamos todos os resíduos industriais. Com a vinhaça fertirrigamos aproximadamente 50% das áreas de canas próprias, aproveitamos a fuligem na adubação de cobertura em cana soca, distribuímos sobre a linhas de plantio e complementamos com adubação química. Já a torta de filtro, é aplicada no mesmo alinhamento do plantio, antes da distribuição das mudas (colmos) de cana. Realizamos todas as aplicações de herbicida em pré-emergência total (cana-de-açúcar e ervas-daninhas), a fim de diminuir as injurias das plantas.

Em plantio e colheita de cana, a Aroeira adotou o GPS em 100% da operações de plantio e colheita (apenas colhedoras) e está trabalhando com tratores de bitolas abertas (3 metros) nas operações de transbordo, evitando assim, o pisoteio das linhas de cana. A velocidade das operações também é controlada, evitando o arranquio de soqueira.

As variedades de cana também vêm passando por renovação ao longo destes anos. Inclusive, segundo Junqueira e Rodrigues, hoje as variedades têm um ótimo potencial produtivo. “Nas renovações de canaviais estamos eliminado variedades com problemas de sanidade como a SP81-3250 e a RB92579, e relocando variedades adequadas para cada tipo de ambiente de produção. Fazemos também o uso de plantio de MPB, tanto de fabricação própria quanto de mudas comercializadas. Assim, conseguimos introduzir e multiplicar novas variedades em menor tempo que o convencional.”

Outras tecnologias implementadas que a usina considera que também contribuíram para o aumento da média de TCH são:

– Boa correção de acidez;

– Preparo de solo adequado para área;

– Sistematização que diminua a quantidade de manobra e o mais reto possível (evitando o pisoteio);

-E antecipação da colheita de cana-planta de 18 meses.

“Acreditamos que todas estas ações, juntas, contribuíram para os números alcançados”, afirmam o gerente e o supervisor Agrícola da Bioenergética Aroeira, que esperam 2018/19 ainda melhor. “Atribuímos esta melhoria a somatória das ações. Temos canaviais mais nutridos, menos maltratados e variedades mais responsivas e saudáveis”, completam.

A Cerradinho Bio, localizada em Chapadão do Céu, GO, e segunda do ranking CTC, conseguiu manter, nas últimas quatro safras, uma média de três dígitos. Na safra 2014/15 atingiu um TCH de 103,7, aumentando para 107,7 na safra seguinte, mantendo os 103,3 na safra 2016/17 e caindo para 97,9 na safra 2017/18.

Para manter uma ótima média, a unidade tem feito o refinamento cada vez maior no manejo de tratos culturais, com utilização, em 100% das áreas, de recomendações personalizadas para cada tipo ambiente e situação encontrada. Além disso, tem realizado trabalhos preventivos no intuito de evitar os danos, ou seja, não ter a praga, doença ou planta daninha. “Também realizamos programas internos cujo objetivo principal é estimular a melhoria contínua, inovações e sustentabilidade do negócio”, afirma Murilo Naves Ferreira, gerente Agrícola da Cerradinho Bio .

 A usina fechou o último ano com um rendimento de colhedora de 941 t/máquina/dia, número que vem crescendo a cada ano. As ações são muitas e em diversas frentes de atuação, e até mesmo nos trabalhos de campo realizados de forma individual em cada frente de colheita.

Ao longo do ano é realizado um evento na colheita chamado “Dia D”, que visa extrair o máximo de rendimento possível da colhedora de cana e tudo ao seu entorno como tratores, caminhões, estruturas de abastecimentos, transporte de pessoas, entre outros. Esta atividade é realizada em várias frentes de colheita e leva a um olhar mais crítico do que é possível ainda conquistar em cada área, respeitando todos aspectos de segurança, qualidade e a própria conservação das máquinas.

“No plantio estão sendo realizados muitos trabalhos para diminuição de falhas e aumento dos rendimentos. Com o auxílio de vants e drones temos mapas temáticos para cada área pós-plantio, no sentido de mensurar qualidade e possíveis pontos de falhas, proporcionando uma atuação mais direcionada em cada parte do talhão, gerando aprendizado em todas as etapas deste processo”, explica Ferreira.

A unidade também vem tentando realizar mudanças de variedades, porém, ainda em escala menor. “Temos trabalhos de desenvolvimento com as principais instituições de pesquisas do país e um banco de novos materiais. Em todas as safras acompanhamos aquelas variedades que avançaram, as que estabilizaram e aquelas que serão retiradas do ‘book’. O importante é uma avaliação muito criteriosa e de médio a longo prazo”, adiciona.

 O segredo do sucesso passa, segundo Ferreira, por todas as áreas da Agrícola e ter um bom planejamento de todas as etapas é fundamental no processo. A relação custo-benefício em cada implantação é muito importante, inclusive utilizando indicadores de medições como o EVA ou Ebitda. “As principais contribuições passam pelo conhecimento adquirido de cada membro da equipe ao longo do tempo e a garantia que a partir de cada etapa de trabalho o aprendizado seja concretizado, transferido e que tenha perenidade”, destaca.

A Safra 2018/19 deve ser muito parecida com a anterior para a unidade. Isto porque a Cerradinho Bio ainda está recuperando uma parte do volume de cana que sofreu grande impacto das geadas de 2016. “Nosso canavial está mais jovem na idade de colheita (em meses) e nosso plano para plena recuperação ocorre principalmente a partir da safra 2019/20. Hoje temos uma idade média no canavial de 4,3 anos e temos convicção que estamos no caminho certo e que a aptidão para novas tecnologias e envolvimento total das equipes no processo devem sempre fazer parte do nosso modelo de trabalho”, conclui.

A Usina Santo Ângelo, localizada em Pirajuba, MG, está em quarto lugar no ranking CTC quando o assunto é TCH. Seu histórico de produtividade nas últimas três safras mostra que a unidade manteve certo equilíbrio. Na safra 2015/16 o seu TCH era de 96,43 com um canavial de idade média de 3,99. Na safra 2016/17, atingiu um TCH de 93,71 em um canavial de idade média de 3,94 e em 2017/18 retomou a produtividade, atingindo 97,1 t/ha com um canavial de idade média de 4,03.

De acordo com Camila Martinez Guidi, engenheira Agrônoma da Santo Ângelo, as estratégias adotadas pela unidade envolvem recursos, equipe, custos, tecnologia de informação, inovação e preocupação com os fornecedores. “Nossa diretoria nos coloca regras claras de estratégia e fazem com que não falte nada para execução das operações no momento certo. Outro detalhe é a formação de equipe, que deve ter empenho, treinamento, metas de produção, remuneração variável, organograma bem definido e plano de carreira”, afirma Camila.

Toda operação agrícola da Santo Ângelo é monitorada pelos sistemas de telemetria, e juntamente com o custo, auxilia a equipe na tomada de decisões em tempo real. Além disso, toda as operações da unidade são realizadas no “time” correto.

“Em todas as áreas de reforma são feitas rotação de cultura, no qual plantamos soja. O preparo é profundo, o plantio é de meiosi e mecânico, os tratos culturais, a compostagem, a fertirrigação e principalmente o plantio, são feitos no momento certo. Destacamos a compostagem, tecnologias de geoprocessamento com a utilização de veículos aéreos não tripulados, telemetria de todos os equipamentos, fungicidas, microrganismos e melhoria de stand no canavial”, acrescenta.

A produtividade da empresa é composta por toda área de produção, inclusive os fornecedores, no qual são vistos com prioridade nos processos. “A nossa expectativa de produtividade esse ano de 2018 é manter as 97,1 t/ha e aumentar nossa idade média para 4,4”, revela Camila.

Os produtores de cana não estão listados no ranking do CTC, mas muitos têm conseguido manter ótimas produtividades e chegar a canaviais de três dígitos graças a investimentos em tecnologias.

O produtor de cana Ismael Perina Júnior, da região de Jaboticabal, SP, afirma que a busca por melhores produtividades é constante e revela que todas as ferramentas disponíveis e invenções próprias têm sido bem-vindas para melhorar o TCH.

“O setor ficou parado muito tempo com falta de investimentos e isso prejudicou bastante. Ainda não temos lucratividade suficiente para investimentos, mas temos algumas tarefinhas que são muito importantes para reiniciar o processo de busca de melhoria de produtividade. A principal delas, a partir de ontem, passa a ser usar mudas com característica de muda e não como era antes. O cuidado com formação de viveiros e com o plantio de materiais com sanidade deve ser a meta de agora”, salienta.

Segundo ele, outra série de inovações e tecnologias que já estão disponíveis ao produtor também devem ser exploradas, principalmente em máquinas e equipamentos. “Temos que eliminar o trânsito em cima das soqueiras e já temos tecnologias para isso. Apesar do investimento ser um pouco mais alto, temos que começar a fazer, a partir de hoje, todo o plantio de forma georreferenciada, para que as máquinas envolvidas no processo não pisoteiem mais a cultura. Acredito que é isso que vai elevar a produtividade, a vida útil dos canaviais e dar maior longevidade, reduzindo ainda os custos.”

O produtor tem conseguido aumentar os anos de vida do canavial com produtividades médias de 100 t/ha. “Temos ficado em torno de 105 a 108 t/ha na média de 5 cortes. Isso é importante porque reduz custos. A partir daí nossa meta é, em um curto prazo, mesmo aumentando a idade média, buscar atingir 120 t/ha. Um MPB bem produzido e conduzido vai ser um grande incremento e veículo para aumentar a produtividade”, exalta Perina Júnior.

Paulo de Araújo Rodrigues, produtor e diretor do Condomínio Agrícola Santa Izabel, localizado também na região de Jaboticabal, acredita que na safra 2018/19 poderá atingir a média de 100 t/ha. De acordo com ele, isso tem sido possível graças as tecnologias disponíveis e que vêm sendo aplicadas em seus canaviais.

“Fazemos a aplicação de corretivos em taxa variada; uso de piloto automático nas operações de subsolagem e eliminação de soqueira; uso de um subsolador com tecnologia que permite manter o equipamento no mesmo grau de ataque; maior precisão na distribuição de mudas realizando um plantio semi-mecanizado e uso de MPB em cantosi. Além disso, utilizamos drones para levantamento de falhas.”

Na colheita, além do uso intensivo do piloto automático, Rodrigues conta que fez algumas adaptações nos divisores de linha das colhedoras de duas linhas e a adequação de 100% da frota com bitolas de 3 metros, ações que permitiram uma redução da compactação de solos de 70% para 30%. “A adoção da metodologia do terceiro eixo na colheita, o manejo integrado de pragas e controle de ervas daninhas e ainda o plantio de crotalária nas soqueiras, hoje realizado em 400 ha da propriedade, são outras ações que têm nos dado bons resultados”, acrescenta.

Luiz Carlos Dalben, produtor e diretor da Agrícola Rio Claro, localizada na região de Lençóis Paulista, SP, afirma que sua produtividade ao longo dos últimos anos se mantem na faixa de 84,6 t/ha.

“Estamos em torno de 15% acima do potencial que a nossa área pode produzir. Fazemos o uso de tecnologias, principalmente piloto automático e GPS, para não pisotear o solo, procurando fazer todas as operações, desde o plantio até a colheita, sempre no momento exato. Ou seja, não faço adubação se não tiver humidade, não coloco herbicida se as condições climáticas não forem favoráveis. Exploramos o máximo da tecnologia e dos produtos disponíveis no mercado.”

EM BUSCA DA PRODUTIVIDADE PERDIDA

Para recuperar a produtividade média dos canaviais será preciso ter uma nova gestão. Com melhor manejo de variedades, plantio na hora certa e o uso de todas as tecnologias existentes, Pádua acredita que em quatro ou cinco anos o setor viverá um outro cenário.

“Não vamos conseguir mudar de um ano para o outro. É difícil imaginarmos que teremos uma reforma acima de 17%, 18%. Então, para termos um canavial bom no futuro, temos que começar a acreditar no RenovaBio. Se tivermos esse ciclo completo iniciando agora, teremos um novo canavial, com variedades melhores e mais produtividade. Esse ano o pessoal tentou plantar um pouco mais, mas grande parte ainda não está fazendo plantio e cultivo adequado, muito por conta dos problemas financeiros. Com o RenovaBio iniciando, as unidades terão que ter bons índices e terão que investir não só em seus próprios canaviais, como também auxiliar seus fornecedores.”

Para Landell, as condições climáticas, como os déficits hídricos acentuados no Centro-Sul do Brasil, promovem maturações excelentes como em poucos lugares do mundo. Estas mesmas condições são responsáveis pela restrição da produção de biomassa da cana-de-açúcar. Portanto, deve ser dada uma atenção especial aos modelos de mitigação deste déficit que leve a um acúmulo maior de TCH, como aquele preconizado pelo IAC (Terceiro Eixo da Matriz).

“O aumento do TCH naturalmente vai deslocar a produtividade de açúcar por hectare para patamares competitivos. Uma produtividade agrícola de 75 t/ha nos leva invariavelmente a produtividades agroindustriais próximas de 10 a 10,5 t de açúcar/ha. Produtividades de 100 t/ha resultarão em 13 a 13,5 t de açúcar/ha, o que modifica drasticamente a competitividade do nosso negócio. Imaginamos, no entanto, que ações integradas de adoção de variedades de maior potencial biológico, mais adaptadas a nichos regionais, sob manejo avançado, com conceitos de ambiência (integração de diversas técnicas nutricionais associadas as de proteção), poderão elevar, em um futuro próximo, a produtividade acima de 15 t de açúcar/ha”, conclui.

Cadastre-se e receba nossa newsletter
Continue Reading