Os preços do etanol nos postos de combustíveis deverão começar a diminuir a partir de março com a chegada da nova safra, que já está sendo antecipada. Por outro lado, o novo mercado de bioenergia em formação no Brasil — com o Renovabio — passará a dar previsibilidade na oferta e demanda para as usinas. Em consequência, as empresas poderão ter condições de manter estoques e fornecimento também durante a entressafra, equilibrando os preços.
Essa antevisão de mercado foi antecipada pelo conselheiro da Única, Luiz Carlos Carvalho (diretor do grupo Monte Alegre, detentor de 5 usinas de cana de açúcar em SP e Paraná), em entrevista ao Notícias Agrícolas, esclarecendo os motivos de as usinas do Centro-Sul se posicionarem contra a venda direta de etanol (que passariam a ter o direito de também distribuírem o seu produto aos postos).
— “Haveriam poucas vantagens e muita confusão”, sintetizou Caio Carvalho. Primeiro, porque os benefícios dessas mudanças de relação produção/distribuição atingiria pequena parte da sociedade. “Quando muito 5% de todo o mercado consumidor do País. Ou seja, somente quem mora ao lado de uma usina hipoteticamente teria benefícios de um preço menor. Quem reside em grandes centros, longe das usinas, por exemplo, continuaria pagando pelo combustível o preço da distribuição e os impostos correlatos”.
Caio Carvalho citou as possíveis consequências negativas de concorrência desleal e de evasão de divisas como inibidor dessa proposta (pleiteada pelas usinas o Nordeste) para mostrar que existem alternativa mais adequada como forma de eliminar a instabilidade dos preços do etanol durante a entressafra, que é o Renovabio (que começou a existir ainda em fase embrionária).
— Com o Renovabio as usinas lançarão títulos (os CBios) que, ao serem adquiridos pelo mercado financeiro, darão previsibilidade econômica para as usinas. A partir daí toda a relação produção/distribuição/preços ao consumidor passará a ter nova realidade”, diz Caio Carvalho.