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Edição 207Editorial

Excessos e gargalos

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Ricardo Pinto

Aquele engenheiro recém-formado estava sendo entrevistado para um emprego na usina:

– E quais são suas pretensões salariais? – perguntou o entrevistador, após ouvir um longo discurso sobre a capacidade que o candidato tinha de assumir responsabilidades e ultrapassar metas.

– Aproximadamente uns R$ 10 mil, mais benefícios – disse o candidato todo cheio de si, que continuou: “Quais os benefícios que sua empresa oferece?”

– Bem, normalmente oferecemos férias de seis semanas por ano, fundo de pensão para complementar a aposentadoria, um carro novo a cada dois anos, cartão de crédito com limite de R$ 6 mil, título do melhor clube da cidade, plano de saúde integral para todos os dependentes e uma viagem para o exterior por ano.

– O senhor está brincando? – questionou o candidato.

– E claro! Mas foi você quem começou.

Esta história nos mostra como podemos nos deparar constantemente com “excessos”, principalmente nas nossas empresas. Aliás, sobre este tema, em 1994, Eliyahu Goldratt provocou uma grande revolução no meio empresarial mundial ao lançar seu livro “A Meta”, onde apresentava a Teoria das Restrições. De forma simples e recheado de bom senso, o compêndio do físico israelense mostrou que todas as empresas possuem excesso de capacidade e que o que define ou limita sua capacidade de produção final são seus gargalos distribuídos ao longo de um ou poucos processos. Assim, trabalhar ou investir para “ganhar” produtividade e eficiência num processo que não é gargalo é um desperdício ou, como o próprio autor chama, uma miragem.

Na nova concepção de Análise Negocial proposta por Goldratt, o gestor deve, num primeiro momento, identificar seu gargalo (passo 1). Posteriormente, deve explorar ao máximo seu gargalo (passo 2). Daí, então, deve subordinar toda a empresa a trabalhar para e conforme seu gargalo (passo 3). Num passo seguinte, tem de buscar elevar a produção do gargalo para aumentar a produção da empresa como um todo (passo 4). Finalmente, é necessário voltar ao início (ao passo 1), identificando novo gargalo, num processo contínuo.

Agindo desta forma, o gestor irá fazer com que sua empresa diminua o tempo de produção (e, portanto, possa vender mais) ou diminua seus estoques (principalmente de produtos em processo) ou diminua suas despesas operacionais ou as três situações em conjunto. Trata-se do caminho para levar a empresa a atingir sua meta, que é ganhar mais dinheiro.

Complicado? De jeito nenhum! É até muito simples e coerente, aliás trata-se de um mero método dedutivo. Mas onde estão os gargalos de nossas empresas? E os gargalos de nossos trabalhadores? E, mais importante ainda, quais são os gargalos que nos limitam ou impedem de atingirmos nossas metas pessoais? E quais são nossas metas pessoais? Mãos à obra, pois há muito trabalho a fazer!

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