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Financiamento de estocagem é essencial, mas queda na oferta de etanol pode trazer equilíbrio

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Por Natália Cherubin

As medida paliativas que vem sendo pleiteadas pelo setor sucroenergético por meio do Ministério de Minas e Energia e Ministério da Agricultura  – Cide, corte do Pis/Cofins e financiamento de estoques – são essenciais neste momento, no entanto, a redução da oferta de etanol, projetada em 5 bilhões de l, poderá trazer mais equilíbrio ao segmento.

Antonio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar), em entrevista à RPAnews disse que quem está conduzindo o pleito a respeito da Cide e Pis/Cofins é o Ministério de Minas Energia.

“O pleito do setor é de um aumento de R$ 0,40 centavos por litro na gasolina A, ou seja, passando dos atuais R$ 0,10 centavos para R$ 0,50 centavos. Quanto a desoneração do pis/cofins na cadeia de comercialização do etanol hidratado, temos R$ 0,13 centavos na produção e R$ 0,11 centavos na distribuição”, explica.

Ao Ministério da Agricultura cabe o pleito de um financiamento para 6 bilhões de litros, valorados em R$ 9 bilhões de reais, distribuídos entre as empresas usando como base a produção de etanol na safra 2019/20, em que o produto é a garantia do financiamento, com segurança total ao financiador com a lacração dos tanques financiados e acompanhamento por empresas credenciadas.

“Todas as medidas são essenciais para a manutenção da atividade próximo de sua normalidade, mas o financiamento de estocagem no curto prazo é o principal pleito”, afirmou Rodrigues.

O setor inicia uma safra com abertura de estoques bem superiores ao do início da safra passada, pois se preparou para um nível de demanda que se desenhava até janeiro, com uma frustração enorme de demanda já a partir de fevereiro, com o cenário da queda de preço por conta da disputa entre a Arábia Saudita e a Rússia num primeiro momento e, em seguida, o anúncio da pandemia pela OMS com um nova queda de demanda do petróleo em nível mundial, o que resultou em uma nova queda de preços e excesso de oferta no mercado, refletindo no Brasil com uma queda expressiva de demanda de combustível do ciclo otto.

“Boa parte do setor continua com uma fragilidade financeira, sem capital de giro, e temos como característica desembolsar 70% de nosso faturamento no período de colheita”, disse.

Se algumas usinas sucroenergéticas poderão ter um ano um pouco mais difícil, unidades que produzem apenas etanol podem sofrer mais. Hoje o setor conta com 78 unidades na região Centro-Sul que produzem somente etanol. Destas, três são dedicadas a produção de etanol de milho, o que representa 20% de toda cana processada, com uma produção de 10,7 bilhões de litros, ou seja, um terço da produção total de etanol tem como origem unidades que somente produzem etanol.

Cana Bis e usinas paradas

Quanto a disponibilidade de cana no campo, os números da Unica indicam uma maior oferta em relação à safra passada, com a mesma área da colheita na região Centro-Sul, porém com um canavial um pouco mais jovem, por uma proporção de colheita de cana de primeiro corte de 18%.

“Há muitas safras cana de primeiro corte está em torno de 15%. Isso demonstra que o setor vem investimento em tecnologia e reforma de canavial em busca de maior produtividade e redução de custos, resultado das empresas acreditarem no programa Renovabio e do novo produto que é o CBIO cuja comercialização inicia nessa safra 2020/21”, afirmou o diretor técnico da Unica.

Leia também: Se políticas forem implementadas, setor sucroenergético sai do sufoco

Quanto ao andamento da safra, quanto de cana será processada, quantas unidades vão parar no meio do caminho, quanto teremos de cana bisada? Essas perguntas, segundo ele, não podem ser respondidas. “É muito prematuro quantificar, mas existe sim o risco disso acontecer. Vamos acompanhar quinzenalmente o andamento da safra e, aí sim, dar uma resposta correta”, afirmou Rodrigues à RPAnews.

Queda na oferta pode chegar a 5 bilhões de l

Da mesma forma que haverá uma queda de demanda de combustíveis, também haverá uma queda na oferta. Isso ocorrerá por dois motivos, de acordo com Rodrigues, primeiro porque haverá um incremento na produção de açúcar, que pode reduzir a oferta de etanol em até 5,0 bilhões de litros; e segundo, a produção de etanol de milho cuja expectativa era de chegar em até 2,8 bilhões, deve produzir um pouco mais de 1,6 bilhão, que foi o realizado na última safra.

“As importações de etanol devem ser muito reduzidas, enquanto que as exportações devem continuar mesmo havendo alguma redução. Portando, pode haver um cenário de um certo equilíbrio entre a oferta e demanda, dependendo da reação do mercado de combustível”, afirmou.

Capacidade de estocagem do setor é a maior do agro

Você sabia que de todas as atividades do agronegócio, a que tem a maior capacidade de estocagem é o setor sucroalcooleiro? Dada a característica de uma produção sazonal – entre março e novembro – com responsabilidade de atender toda a demanda do ano safra, a capacidade de estocagem de etanol do setor sucroenergético supera 12 bilhões de litros.

De acordo com o diretor-técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar), essa capacidade foi aumentada nos últimos dois anos, dado que muitas empresas fizeram investimentos em capacidade de destilação e de tancagem, já se preparando para cumprir as metas do Renovabio.

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