Alisson Henrique
Natália Cherubin
UM PÉ DENTRO DO 4.0
“Acho que estamos com um pé, mas temos que entrar com tudo. Estamos começando a interagir com as novas tecnologias e estamos muito empolgados com a implementação de algumas delas. Acredito que, antes de tudo, temos que quebrar paradigmas e primeiramente acreditar no uso de inovações na indústria. As tecnologias disruptivas, na minha opinião, vão ser a automação e a otimização em tempo real. Paralelamente a isso, na produção de etanol, teremos avanços em biotecnologias e novos microorganismos que devem melhorar o rendimento da fermentação e aumentar a produtividade com a mesma quantidade de insumos.”
Daniel Fernandes, engenheiro de Processos da Atvos, unidade Conquista do Pontal
ENGATINHANDO
“Penso que ainda não. Comparado a diversos outros segmentos industriais, o setor sucroenergético ainda tem muito a se desenvolver. Estamos começando a engatinhar na modernização, automação e controle, mas ainda há muito o que fazer. Para o setor sucroenergético o mais importante a evoluir é em relação ao controle e automação de processos. Vejo que na maioria das unidades muitos processos ainda são realizados manualmente, dependendo muito de análises e envolvimento de muitas pessoas. Enquanto não tivermos como fazer de forma mais automatizada e sem depender tanto dessa mão de obra, que hoje não é especializada, continuaremos engatinhando.”
Aristeu Soares Divindade Filho, encarregado de Laboratório da Tereos, unidade Severínia
DANDO INÍCIO
“Creio que estamos iniciando esse movimento no setor sucroenergético. Apesar de termos diversos componentes como hardwares e softwares sofisticados para adentrarmos na tecnologia, precisamos integrar as instalações e maximizar sua utilização, explorando os potenciais existentes. Hoje, utilizamos automação de alto nível no setor. Porém, ainda utilizamos as mesmas instalações e softwares para monitorar e controlar os processos como ilhas. Precisamos ir além e passar a enxergar a planta como um organismo complexo, onde uma variável exerce influência sobre as demais, muito além do equipamento que controla, transcendendo para outras áreas.”
Cezar Faiad Neto, diretor Geral da Otimiza Consultoria em Gestão Empresarial
DISPONIBILIDADE DE TECNOLOGIAS
“Em termos de disponibilidade de tecnologia, sim, temos a Indústria ٤.٠ para a automação de processos. Algumas poucas empresas tem implantado estas tecnologias e colhido os benefícios, outras tem implantado parcialmente e ainda não estão adequadamente preparadas para extrair seus benefícios. Uma particularidade do setor de automação é a aglutinação de usuários e fornecedores para o estabelecimento de padrões que possibilitem cada vez mais a introdução de soluções abertas, com alta conectividade e que permitam diminuir a dependência do usuário com um fornecedor específico. Como resultado, o mercado já tem disponível vários padrões consolidados com reconhecimento mundial como o protocolo Hart, o Fieldbus Foundation, o Profibus, os blocos funcionais, o DDL, o FDT/DTM, o FDI, o OPC e o OPC-UA.”
Libânio Carlos de Souza, diretor-presidente da Nova Smar
FALTA ADOÇÃO EM MASSA
“A era 4.0, representada pela transformação digital e a Internet das Coisas, viabiliza a automação de processos antes conduzidos por pessoas ou até então não gerenciados no setor. Pode-se dizer que houve sim a iniciação desse novo capítulo da história tecnológica sucroenergética, mas ainda falta uma adoção em massa, que seja representativa para estabelecer um novo marco no setor. A indústria precisa evoluir na sua percepção de valor frente a um investimento em infraestrutura para prover conectividade rural em larga escala e viabilizar a era 4.0 em toda a cadeia: dentro e fora da porteira. Sem isso, os mesmos desafios de falta de controle dos processos continuarão existindo.”
Frederico Correia, consultor do segmento Agronegócio da Logicalis
HÁ AVANÇOS
“Particularmente para o segmento da agroindústria sucroenergética, também estão presentes inúmeros avanços sob a forma como lidamos com as plataformas digitais e seus dados. As fazendas, não somente cada vez mais conectadas, porém principalmente integradas a estas plataformas digitais, podem ser monitoradas a distância, graças ao uso de sensores e atuadores (dispositivos que executam uma atividade automatizada como, por exemplo, irrigação). Desde a prospecção de novas áreas, com uso de dispositivos móveis e imagens de satélite, seguindo pelo planejamento agrícola com interfaces touch e gráficas, bem como os demais passos de plantio, trato e manejo, colheita, logística e processamento, a tecnologia 4.0 tem revolucionado o campo e a indústria de maneira positiva, promovendo maior agilidade, integração e gestão de processos e dados. A agroindústria tem se beneficiado de tecnologias como Big Data, Robótica e Inteligência Artificial, elevando o nível da tradicional automação industrial.”
Fábio Girardi, diretor do Segmento de Agroindústria da TOTVS
EM TRANSIÇÃO
“Não. A indústria sucroenergética está em transição. Assim como todos os setores industriais, a digitalização da indústria é um processo de transformação da produção e levará tempo para que ocorra. Para que haja transformação digital o mais importante é a educação. Sem formar pessoas para um mundo 4.0, dificilmente conseguiremos obter os benefícios da mudança tecnológica. Este é o ponto principal.”
Márcio Venturelli, engenheiro de soluções da Westcon Redes e Conectividade Industrial e professor de Automação e Gestão Industrial