Alisson Henrique
ESCOLHA EQUILIBRADA
“A safra 2019/20 continuará com o mesmo problema das últimas safras, isto é, margem apertada. Por este motivo, devemos manter o foco em custos extremamente baixos, operações agrícolas e industriais eficientes, atenção às oportunidades pontuais de venda/fixação e boa liquidez financeira. Nosso mix projetado está 51% açúcar VHP e 49% etanol hidratado. A decisão pode ser exemplificada em três fatores. O primeiro é a fixação: estamos com 70% do nosso açúcar fixado, sendo que este percentual é sobre todo o volume que iremos produzir, isto é, os 30% que faltam serem fixados, trata-se da parcela que temos contra o Consecana. O segundo é em relação a eficiência Industrial. Por questões de processos industriais, quando temos um mix voltado ao etanol, a eficiência industrial cai, fazendo com que essa queda não justifique o retorno financeiro. Portanto, entendemos ser mais rentável haver um equilíbrio de mix. O último fator é a rentabilidade do etanol versus o açúcar. No atual cenário de preços, o etanol leva uma grande vantagem em relação ao açúcar e, segundo os analistas de mercado, tal tendência deve se manter na safra. Portanto, caso ocorra algo que mude os preços, iremos trabalhar nosso mix respeitando sempre a equação rentabilidade x eficiência x custo.”
Leonardo Freitas Perossi, gerente Administrativo e Financeiro da Usina Diana
DE OLHO NAS OPORTUNIDADES
“Estamos com expectativa de entrarmos em um novo ciclo de déficit no balanço de oferta/demanda global de açúcar para os próximos dois anos, reflexo da maximização de etanol pelas usinas do Brasil, aliado a expectativa de safras menores no Hemisfério Norte e crescimento do consumo global a taxas moderadas. No caso do mercado de etanol, vemos os fundamentos mais sólidos, esperando recuo na produção em um ano, onde o açúcar deve exigir uma parcela maior do mix de produção, aliado a uma retomada da atividade econômica mais robusta, o que deve se refletir diretamente no consumo de combustível. Contudo, o mercado internacional de energia/gasolina impacta indiretamente o preço de etanol, o que pode trazer volatilidade. Por motivos estratégicos da companhia, as unidades do MS terão nesta safra uma produção mais alcooleira, enquanto as usinas de SP e MG ficarão mais focadas no açúcar. Nessa entressafra fizemos uma série de investimentos para a virada do mix ao longo do ano, como o aumento da capacidade de estoque de melaço, que pode ser convertido em etanol em momentos oportunos, flexibilizando o mix de produção conforme estratégia da companhia. Em 2019, a balança tem se invertido novamente, com o açúcar ganhando força frente ao etanol. Para garantir o melhor desempenho operacional da empresa e seguir em nosso objetivo de geração de caixa, dividimos o foco em nossas unidades, capturando assim as melhores oportunidades de mercado.”
Juan José Blanchard, presidente da Biosev
MIX É ALCOOLEIRO, MAS PREÇO DO PETRÓLEO PODE FAZER O JOGO MUDAR
“Acredito que teremos um mix alcooleiro mais uma vez, tanto no Nordeste, como principalmente no Centro-Sul. Em relação ao desempenho do açúcar, por sua vez, devemos ter uma recuperação no final deste ano. Mas a definição dependerá dos futuros preços internacionais do petróleo, que interferem diretamente nos preços do etanol e, consequentemente, no de açúcar e, por sua vez, na definição do mix das usinas, que optam pelo mais lucrativo, claro. Torceremos para que o petróleo mantenha os preços atuais. Caso isso ocorra, o mix das usinas deve ser manter em 60% para o etanol. A safra 2019/20 nos trará alguns desafios. A manutenção da taxação do etanol de milho dos EUA é o nosso principal. Atualmente, todo o setor está unido em torno dessa pauta junto ao governo federal que, caso ocorra, balizará o preço do açúcar e do etanol, principalmente na região Nordeste, que é a que mais sofre com a competitividade do etanol estrangeiro subsidiado pelo governo americano. Cerca de 80% dele é comercializado no NE, mas isso também afeta o Centro-Sul brasileiro, uma vez que é a região que abastece o Nordeste quando não entra o etanol norte-americano.”
Alexandre Andrade Lima, presidente da Feplana
COM BAIXA DO AÇÚCAR, ETANOL PREDOMINA
“Em se tratando de desafios para a safra 2019/20, podemos elencar uma série de fatores. Dentre eles, destaco a necessidade de aumentar o aproveitamento de disponibilidade industrial. Além disso, vale lembrar também da importância de se encontrar meios para diminuir o custo da manutenção industrial e redução das perdas indeterminadas, o que, consequentemente, acabará elevando eficiência industrial. Outro desafio tem a ver com o mercado, que tende a continuar com os baixos preços na venda de açúcar. Visto isso, a usina Bevap optará por um mix mais alcooleiro na safra 2019/20. Calculamos que este número chegará a 68% para o combustível, enquanto os 32% restante será destinado ao açúcar.”
Gilmar Galon, gerente de divisão Industrial da Bevap Bioenergia
LEVE MIGRAÇÃO DO ETANOL PARA O AÇÚCAR
“Considerando-se a redução dos preços do Petróleo no mercado internacional e a política de precificação da gasolina adotada pela Petrobrás no mercado doméstico, espera-se uma redução da competitividade do etanol hidratado frente à gasolina. Desta forma, as usinas brasileiras migrarão uma parcela maior de cana para a produção de açúcar, comparativamente à safra anterior. Mesmo nesse cenário, ainda será uma safra mais alcooleira, embora num nível menor do que a 2018/19. Os custos agrícolas são o principal desafio do setor, afinal o rendimento do canavial, em toneladas de ATR/ha está abaixo do potencial e da própria média histórica do setor. Apesar da condição financeira difícil, o setor produtivo precisa manter os esforços para a redução de custos e ampliação da eficiência produtiva.”
Haroldo Silva, economista e gestor de Projetos do Pecege/Esalq-USP
MIX ALCOOLEIRO E APOSTA NA SUSTENTABILIDADE
“A safra 2019/20 terá como desafio melhorar a produtividade agrícola do canavial utilizando novas técnicas e novas tecnologias. Além disso, vale destacar a busca pela melhora na eficiência industrial da planta. Somado a isto, a usina Delta Sucroenergia vai investir em segurança para chegar em acidentes zero, em pessoas, em qualificação da mão de obra e ainda trabalhar junto às entidades governamentais para combater as concorrências desleais no mercado internacional de açúcar. Nesta safra, devemos trabalhar forte no marketing da cana-de-açúcar, mostrando que temos produtos ecologicamente sustentáveis como o etanol e a geração de energia através do bagaço da cana. Nesta temporada, partiremos da safra com mix de etanol, que hoje remunera mais, além de ser um produto ecologicamente sustentável.”
Virginia Soriano Lyra Leão, vice-presidente da Delta Sucroenergia