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O balanço de etanol é apertado para a safra 21/22

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O clima desfavorável em alguns dos principais países como Tailândia, Rússia e UE deve manter a oferta global de açúcar limitada ao longo do próximo ano safra, o que combinado com o crescimento do consumo do adoçante tende a deixar o balanço global mais apertado.

O resultado disso é que as cotações em Nova York têm se sustentado em patamares acima de USD 12,0/lp desde o final de julho (atualmente os preços estão oscilando ao redor de cUSD 14,0/lp).

Esse nível de preço combinado com o câmbio desvalorizado atraiu as usinas a fixarem volumes robustos de açúcar entre BRL 1.500,00 a 1.800,00/tonpara a próxima safra (21/22).

Com o avanço das fixações do adoçante e a projeção de preços futuros ainda atraentes, podemos esperar um certo grau de rigidez na possibilidade de alternância do mix em direção ao etanol ao longo da próxima safra.

Além disso, uma possível redução da moagem de cana no Brasil na esteira da queda da produtividade do canavial devido ao período seco durante o terceiro trimestre e ao aumento de áreas que sofreram incêndios também devem contribuir para limitar a oferta de etanol no ano seguinte.

Diante disso, uma das questões que vem à tona diz respeito ao balanço do etanol no próximo ano caso seja observado um aumento mais robusto no consumo de combustíveis de ciclo Otto no Brasil.

A retomada do consumo e a oferta do biocombustível

Para ajudar a dar luz a essa questão, o banco realizou uma análise de sensibilidade do excesso/falta de etanol no Brasil na safra 21//22, combinando o cenário de mix de açúcar e o crescimento de consumo do biocombustível.

Para tanto, o relatório usou as premissas abaixo:

  •  Estoque inicial de etanol:1,38 bilhão de litros
  • Estoque finais de etanol:1,48 bilhão de litros
  • Exportação de etanol:1,0 bi litros,
  • 50% sobre a safra 20/21
  • Produção de etanol de milho: 3,4 bi litros, 35% sobre a safra 20/21
  • Moagem total: 586 mm toneladas
  • ATR médio:138 Kg de ATR/ton de cana
  • Redução do consumo de etanol total em 10% em 2020 frente 2019
  • Produção de etanol do Nordeste 2,1 bilhões de litros

Segundo o banco, a flexibilização das quarentenas e uma provável retomada econômica podem alavancar o consumo dos combustíveis leves (gasolina C e etanol hidratado) ao longo de 2021.

Nos últimos 4 anos, em média, o consumo do Ciclo Otto cresceu 0,4% a.a., enquanto o etanol hidratado, no mesmo período, aumentou em média 8,4% a.a., sendo que em alguns anos alcançou crescimento de dois dígitos.

E no próximo ano, a preferência pelo biocombustível pode ganhar força em um cenário em que as famílias tendem a seguir apresentando restrições orçamentárias – apesar do crescimento esperado do PIB – e, provavelmente, em busca da opção de combustível mais baratas.

Além disso, afirma o relatório do banco, paridades na bomba entre etanol e gasolina ao redor de 65% nos principais estados consumidores tendem a dar estímulo adicional ao consumo do hidratado.

Nas nossas estimativas, um mix ao redor de 45% para açúcar atrelado à um aumento acima de 8% do consumo de etanol já traria pressão para o balanço local com necessidade de importação do biocombustível superior à 1 bilhão de litros.

Caso o crescimento da demanda seja superior a 10% e/ou mix se manter nos patamares atuais a necessidade de compras no exterior poderá ser bastante relevante. Até que pontos os preços podem subir com a demanda aquecida?

De acordo com o banco, em um cenário de balanço apertado as cotações do hidratado, possivelmente, poderão subir até alcançar os tetos de 70% dos preços da gasolina nos postos de combustíveis, tornando o biocombustível menos competitivo na bomba aos olhos do consumidor e freando a demanda.

“Assim, se assumirmos uma paridade de 70% no valor do etanol em relação à gasolina na bomba e projetarmos o preço do combustível fóssil com base nas cotações atuais do Brent e da taxa de câmbio, chegamos a um preço estimado do hidratado nas usinas em níveis acima dos BRL 2,00/L ao longo de 2021”, afirma o documento.

Pode ser argumentado que as importações do etanol americano também estabelecem um teto para os preços do biocombustível no Brasil. Entretanto, a recuperação dos preços do etanol nos Estados Unidos e a desvalorização cambial implica em um valor estimado de paridade de importação do produto em patamares superiores às cotações projetadas para o biocombustível no Brasil partindo dos preços do petróleo.

É válido destacar que as nossas projeções futuras para os preços da gasolina e do etanol importado levam em consideração o cenário de câmbio desvalorizado. Caso haja uma apreciação do Real essas paridades estimadas tendem a ser revisadas para baixo e, portanto, afetar os preços domésticos.

Todavia, apesar dos riscos cambiais, o cenário se desenha positivamente para a próxima safra tanto para o mercado de açúcar quanto para o do etanol dada a perspectiva de balanço apertado, o que deve possibilitar bons níveis de margens para as empresas do setor.

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