O que esperar dos preços da gasolina no Brasil e também do valor possível no etanol importado, já que em última instância tais cotações poderiam estabelecer um teto para o valor do biocombustível negociado domesticamente?
De acordo com o cenário base projetado pelo Itaú BBA, considerando que os preços da gasolina no Brasil deverão seguir os preços da gasolina no mercado internacional, aponta para pouco espaço para quedas relevantes do valor do combustível fóssil em relação aos patamares atuais.
“Essa nossa visão se apoia na internalização dos preços internacionais com base nas curvas futuras de petróleo e de câmbio. Como pode ser observado na figura 1, os preços da gasolina na bomba tendem a oscilar em patamares acima de R$ 5,30/l ao longo de toda a safra, o que implicaria em uma cotação na usina ao redor de R$ 2,90/l”, afirmaram os especialistas.
O risco para esse cenário está atrelado à uma nova onda pandêmica, o que ainda não pode ser descartado e poderia reduzir as cotações do petróleo, ou uma valorização mais abrupta do real.
Importação de etanol dos EUA
No final de junho foi noticiada a possibilidade do governo dos Estados Unidos diminuir a mistura de etanol à gasolina e de biodiesel ao diesel. A noticia, que ainda não foi confirmada, já trouxe impactos nas cotações de soja e milho, e caso este fato se torne realidade, os efeitos podem ser direcionados ao etanol e para exportação para o Brasil.
Atualmente, as importações de etanol pelo Brasil provenientes dos EUA têm tarifa de 20%. A paridade de importação dos Estados Unidos para o Brasil encontra-se fechada, em função dos altos preços do etanol americano, da tarifa de importação e do câmbio.
Entretanto, a análise de cenários do Itaú BBA mostra que preços de etanol abaixo de USD 1,770/galão e taxa de câmbio inferior a R$ 4,55/USD poderia abrir arbitragem de importação para o Centro-Sul considerando os preços atuais do etanol anidro em SP de R$ 3,25/l. Entretanto, a curva futura de etanol, por exemplo, aponta preços superiores à esse patamar ao longo da safra.
Por Natália Cherubin, com dados do Itaú BBA – julho/2021