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Raízen está vendendo etanol celulósico com prêmios de 70%

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A Raízen tem conseguido vender seu etanol celulósico, ou de segunda geração (E2G), com prêmios de 70% em relação aos preços pagos pelo biocombustível convencional, afirmou Ricardo Mussa, presidente da companhia, em apresentação nesta segunda-feira durante a 21ª Conferência Internacional Datagro de Açúcar e Etanol.

Esse patamar de prêmios foi alcançado nas vendas para o mercado americano de 2018 até maio deste ano — com a comercialização de RINs associados ao biocombustível, afirmou o executivo. Os RINs, mandatados às refinarias americanas, estão vinculados ao tipo de tecnologia de produção do combustível, e valem mais quanto mais limpo é o processo de produção do biocombustível. Os biocombustíveis celulósicos são considerados avançados no programa dos EUA.

Ao mesmo tempo, o etanol celulósico está, neste momento, com um custo de produção até menor que o do etanol convencional, de primeira geração (E1G), por causa do “efeito Consecana”.

Pela regra do conselho, a alta dos preços do açúcar e do etanol que a usina vende é repassada para o custo de arrendamento de terras e de compra da matéria-prima, o que, no momento, eleva o custo de produção do etanol de primeira geração. Já o custo de produção do E2G está relacionado ao custo industrial, descolado da dinâmica do Consecana.

Embora os custos de produção do E2G sejam estruturalmente mais elevados que do E1G, a disparada dos preços do etanol no mercado acabaram invertendo a situação no momento, segundo Mussa.

Viabilidade financeira

Segundo o executivo, para que a produção de etanol celulósico seja financeiramente viável, é preciso que a indústria tenha acesso abundante à biomassa, detenha a tecnologia de processamento e esteja integrada à produção de etanol de primeira geração.

Mussa disse que o diferencial da Raízen, que hoje possui uma usina de E2G em Piracicaba e está começando a construção de uma segunda planta em Araraquara, também no interior paulista, é o acesso à grande quantidade de biomassa, o que lhe permite selecionar as de melhor qualidade para processamento na indústria.

“Quando chega biomassa de pior qualidade, você a direciona para a caldeira de alta pressão para cogerar [energia elétrica], onde não precisa de qualidade muito boa”. Ele afirmou que outras usinas na Europa, por exemplo, que não têm biomassa própria abundante, não conseguem garantir “uniformidade” nessa matéria-prima.

Outro fator, segundo ele, é a detenção de tecnologia proprietária para garantir todas as etapas anteriores à da destilação (pré-tratamento, hidrólise e cofermentação). Segundo ele, a Raízen já investiu cerca de R$ 500 milhões em tecnologias próprias para a produção do E2G.

O terceiro fator de competitividade, observou, é a integração com a produção tradicional de etanol, que pode reduzir o custo de produção. Mussa lembrou que a produção do E2G também gera a vinhaça como resíduo, assim como o etanol de primeira geração. Por isso, uma usina de E2G independente demanda investimento em uma unidade de tratamento da vinhaça que uma usina de E1G já possui.

Potencial de produção

O E2G foi um dos três pilares de produção de crescimento que a Raízen apresentou no exterior para atrair investidores ao IPO que fez recentemente na B3.

A produção de E2G anexada a uma usina tradicional pode ampliar a oferta de etanol de uma unidade em 50%. A Raízen, portanto, poderia acrescentar 2 bilhões de litros à sua capacidade atual, de 4 bilhões de litros anuais, e sem aumento nenhum de área plantada, destacou Mussa.

Além disso, a geração de vinhaça como resíduo desse etanol adicional — muito semelhante à vinhaça do etanol convencional — também pode ser aproveitada para fertirrigação ou para a produção de biogás através de processos de biodigestão. Com isso, a Raízen poderia ampliar sua oferta de biometano equivalente a mais 1 bilhão de litros de diesel, também sem aumentar a área plantada.

“Risco Brasil”

Apesar do plano de negócios considerado robusto, Mussa disse que o principal desafio que enfrentou no roadshow com investidores internacionais foi convencê-los a tomar o “risco Brasil”.

“Boa parte do meu tempo era explicar que a plantação de cana era longe da Amazônia”, afirmou o executivo. “Se tivesse o mesmo setor em outra região, seria muito mais fácil”. Mussa disse que, ainda, há uma “questão de desconhecimento do nosso segmento que atrapalha”. “A gente [Brasil] se vende mal.”

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