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Centro-Sul deve moer 605 milhões de toneladas de cana, segundo hEDGEpoint

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Apesar das preocupações com a queda da produtividade, analista acredita ser “prematuro” prever um volume de cana abaixo de 600 milhões de toneladas

O principal motivo de suporte aos preços internacionais do açúcar continua sendo o viés de baixa que a produção da região Centro Sul enfrenta. “A precipitação de fevereiro, aliada ao clima desfavorável na primeira quinzena de março, diminuiu o otimismo e nos levou a reavaliar nossas projeções de volume de cana”, diz a analista de açúcar e etanol da hEDGEpoint Global Markets, Lívea Coda.

De acordo com ela, embora a umidade do solo e a precipitação acumulada indiquem um possível declínio na produtividade, os efeitos da seca não foram uniformes em toda a região Centro Sul. “A parte norte foi significativamente mais afetada do que a parte sul. Além disso, de outubro a dezembro, os níveis de precipitação e umidade do solo permaneceram mais altos do que em 2020, antes da quebra da safra 2021/22”, relata.

Por conta disso, Coda avalia que seria “prematuro” prever um volume de cana abaixo de 600 milhões de toneladas, projetando uma moagem de 605 milhões de toneladas. A analista ainda aponta que, apesar da reversão para uma produtividade “mais típica”, seria improvável que a temporada 2024/25 tenha uma grande quebra, permanecendo dentro da faixa mais alta de produção de cana e açúcar observada nos anos anteriores.

“Embora a cana esteja envelhecendo um pouco devido às interrupções no plantio de 18 meses causadas pelas chuvas, prevemos um aumento na área de pelo menos 1,25%”, afirma e segue: “Essa expansão pode compensar alguns dos impactos do envelhecimento da cana, garantindo um bom volume de matéria-prima. Espera-se que a idade média da cana aumente de 3,2 para cerca de 3,4 anos, um pouco abaixo da média de 3,5 anos observada entre as safras 2020/21 e 2021/22”.

Ao analisar regiões considerando os padrões de chuva, a consultoria estima que aproximadamente 30% da produção de cana-de-açúcar do Centro Sul recebeu chuvas médias, enquanto 23% tiveram níveis abaixo da média e cerca de 47% registraram níveis mínimos. O modelo estatístico, que leva em conta os dias perdidos e a umidade média do solo de dezembro a fevereiro, sugere um impacto mais brando, relata, de modo que segue sendo importante considerar tendências de dados históricos e previsões de mercado.

“Levando todos os fatores em consideração, a região Centro-Sul poderia registrar uma queda de 8,4% na produção, voltando a um índice de produtividade mais típico, de quase 79 t/ha, e cerca de 605,8 milhões de toneladas de cana”, destaca Coda.

Para analisar o impacto global dessa produção, a analista propõe um exercício. Ela examinou três possíveis números de produção de cana: a estimativa anterior, de 615 milhões de toneladas; a estimativa revisada, de 605 milhões de toneladas; e o pior cenário, de 595 milhões de toneladas. “Fica evidente que o resultado depende significativamente do mix de açúcar. Com as usinas investindo pesadamente na capacidade de cristalização, o índice poderia aumentar de 51% para 52,5%”, pontua.

Segundo Coda, valores reportados pelas usinas sugerem que o direcionamento de matéria-prima para o adoçante deve ser próximo de 52%. Assim, os números ajustados de produção de cana pela hEDGEpoint esperam uma mudança de quase 42 milhões de toneladas de açúcar para 41,7 milhões de toneladas.

Ainda de acordo com ela, no cenário atualizado, o déficit do fluxo comercial entre o primeiro trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025 aumentaria de 119 mil toneladas para 346 mil toneladas. Portanto, Coda acredita que o mercado permaneceria relativamente equilibrado.

“Em termos de oferta e demanda global, o principal impacto seria um aprofundamento do déficit previsto para 2024/25 (outubro a setembro), de 2,3 milhões de toneladas para 2,7 milhões”, afirma, mas pondera: “No entanto, é importante observar que é bastante difícil fornecer uma estimativa confiável para a safra 2024/25, pois as expectativas para o Hemisfério Norte podem melhorar se o efeito La Niña for menos severo”.

Também de acordo com a analista, mesmo se a moagem de cana do Centro-Sul cair para 595 milhões de toneladas, o maior direcionamento da cana para o açúcar ainda garantiria uma produção robusta. Ela calcula que, com quase 41 milhões de toneladas, a região manteria os fluxos comerciais com um déficit reduzido de 1,1 milhão de toneladas.

“Esse cenário é mais suportivo [aos preços] do que nossa estimativa atual, mas não implica um retorno às negociações a 28 centavos de dólar por libra-peso. De fato, a menos que ocorra uma falha imprevista na região ou uma deterioração na safra do Hemisfério Norte, poderemos experimentar um momento comercial bastante monótono”, projeta.

De acordo com Coda, os fundos não teriam interesse em participar do mercado no curto prazo, já que outras commodities leves oferecem ganhos potencialmente mais altos e com maior volatilidade, como o cacau. “Portanto, enquanto aguardamos novos desenvolvimentos no clima, os fundamentos de curto prazo parecem estar razoavelmente precificados”, completa.

Segundo a analista, o mercado deve acompanhar negociações entre 20 e 22 centavos de dólar por libra-peso, com potencial de alta para 23 centavos de dólar por libra-peso. “Depende de como o mercado interpretar o início da safra 2024/25 do Centro Sul do Brasil”, conclui.

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