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Venda de etanol na Índia poderá abrir mercados para o Brasil

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O setor sucroenergético só tem a ganhar com a liberação da comercialização do etanol puro (E100) na Índia, anunciada pelo Ministro de Petróleo, Gás Natural e Aço do país, na última quinta-feira, 25.

O etanol combustível não é algo novo na Índia, já que o mesmo Ministério, ainda em 2003, propôs a mistura de 5% do etanol na gasolina, aumentando depois 10%.

“Em 2008, com a intenção de reduzir a pegada de carbono e os impactos ambientais na Índia, o Ministério de Energia do país, criou uma política aumentando a meta da mistura para 20% de etanol até 2030”, explica o economista e gestor de projetos do Pecege, Haroldo Torres.

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Embora exista a meta até 2030, Torres afirma que o programa indiano vinha caminhando em ritmo lento e que a atitude tomada pelo governo acelera o mercado indiano a mudar.

“A mistura não saía da casa dos 5%. Agora, com a nova regra, vai ser um novo impulso, principalmente para os fabricantes de açúcar do país. Abrimos um caminho para que sejam comercializados veículos flex na índia.”

A partir de agora, a Índia poderá desenvolver um programa de produção e uso do etanol de cana e de outros produtos como grãos deteriorados e celulose, o que vai abrir para o Brasil um grande mercado de transferência de tecnologia, inclusive tecnologia automotiva do Brasil.

“O Brasil terá uma colaboração muito grande neste processo, podendo fazer uma transferência de tecnologia, inclusive tecnologia automotiva, já que temos os flex desde 2003. Por isso, vejo que teremos um estreitamento das relações entre Brasil e índia, principalmente do ponto de vista e transferência de tecnologia”, adiciona Torres.

A intenção do governo indiano é ter o etanol como uma alternativa com vistas a questão da sustentabilidade, mercado de carbono e redução da dependência do mercado de petróleo.

Hoje, de acordo com Arnaldo Luiz Corrêa, diretor analista de mercado na Archer Consulting, a Índia é um país extremamente dependente de petróleo e gás natural, importando ao redor de 75% de sua necessidade.

“Juntamente com a China e o Irã, a Índia está entre os cinco países cujo consumo nominal de petróleo mais se acelerou nos últimos anos. Em volume absoluto, o país é o 3º do mundo em consumo de energia primária (petróleo, gás natural, carvão, energias nuclear, hidrelétrica e renováveis) atrás apenas da China e dos EUA, mas cresce a uma taxa de 5,2% ao ano, acima dos dois primeiros”, afirma Correa.

Além disso, o consumo de energia per capita na Índia cresce a uma taxa anual de 4,0%, enquanto a média mundial é de 0,4%. O país praticamente importa 10% de todo o petróleo negociado no mercado internacional.

“Não é por outra razão que o a Índia deve aumentar a participação do etanol carburante. Economizar dólares na importação de petróleo e compensar parte do subsídio que dá ao açúcar são os benefícios mais visíveis além da redução de emissão de CO2 e os efeitos na saúde pública”, adiciona Corrêa.

Reflexos no mercado brasileiro

Os efeitos da nova política indiana de venda de etanol não vão ser observados imediatamente, porque o Brasil precisará aguardar a inserção dos carros flex na matriz de transportes da Índia, segundo Torres.

O economista vê para o Brasil dois pontos positivos. De acordo com ele, se esse programa avançar, haverá uma redução dos excedentes de açúcar no mercado internacional oriundos do excesso de produção da Índia, o que pode favorecer positivamente os preços do açúcar no mercado internacional, beneficiando o Brasil.

O segundo ponto é justamente o Brasil ganhar mercado por conta da transferência de tecnologias, seja em tecnologias de produção ou automotiva.

“Se Índia decide aumentar sua infraestrutura em produção de etanol, o Brasil entrar mais uma vez como um fornecedor de tecnologia”, conclui o economista do Pecege.

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