Se durante o mês de junho a maior parte dos movimentos das cotações de açúcar foram influenciados por fatores macroeconômicos, na última semana, dois eventos intrínsecos ao setor ganharam relevância.
Segundo análise do Itaú BBA, o primeiro foi a expiração da tela de junho, que aconteceu dentro das expectativas do mercado com baixos volumes entregues na bolsa, e o segundo foram as baixas temperaturas que causaram geadas em algumas regiões canavieiras.
“Com o canavial já apresentando queda de produtividade causada pelo período seco, a notícia da geada causou um forte aumento nas cotações do VHP, fechando o mês de junho e iniciando o mês de julho em cUSD 18,15/lp, um aumento de 4,7% se comparado com o fechamento de maio de 2020”, afirmam os especialistas.
Impactos das geadas e produtividade
Com as atenções do mercado voltadas para a safra na região Centro-Sul, dois principais fatores estão sendo acompanhados de perto, a questão da produtividade e os possíveis impactos causados pelas geadas que atingiram os canaviais em junho.
Segundo análise do Itaú BBA, a produtividade da cana impacta diretamente no volume final disponível para moagem, e caso seja menor do que as estimativas atuais, irá influenciar diretamente na quantidade de açúcar.
Com o balanço de oferta e demanda global 2020/21, que termina no final de setembro deste ano em déficit, a redução de açúcar pode impactar os preços. Por outro lado, o ATR mais elevado pode minimizar a redução do volume de cana na produção dos produtos finais.
Da mesma forma em relação à geada, os danos causados dependem de diversos fatores, sendo os principais: o tempo e a intensidade da exposição da planta à baixa temperatura.
“A quantificação das perdas será percebida nos próximos meses, e os danos podem ser tanto para a próxima safra caso tenha ocorrido queima da gema apical da cana que estava em brotação, quanto para a safra atual se houve congelamento do suco celular e ruptura das células dos tecidos”, afirmam os analistas do Itaú BBA.
No curto prazo, segundo os analistas, a tela de outubro de 21 tende a corrigir a alta causada pelas notícias de geada.
“Por fim, é válida a atenção para os preços em reais por tonelada para a safra 2022/23, que com a última subida da cotação em NY e a valorização do dólar acabaram ficando acima de BRL 2.000/t”, afirmam.
Natália Cherubin com informações do Itaú BBA