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Bioenergia

Etanol: câmbio arrefeceu importações

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Etanol

Mesmo com a prorrogação da cota de importação do etanol norte-americano sem tarifas para os próximos três meses, a variável chave para importação do biocombustível é o câmbio. De acordo com um estudo do Pecege, o pico das importações de etanol norte-americano se deu em meados de 2018, quando o Brasil chegou a importar mais de 250 milhões de l.

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“Quando olhamos 2011 até 2016 tivemos um volume pequeno. Em 2018 dá um pico muito forte e depois começa a suavizar, mas com um volume ainda expressivo”, explica Haroldo Torres, economista e gerente de projetos do Pecege.

Mas, por que esse volume começou a arrefecer? A variável chave é a taxa de câmbio, de acordo com o economista. As empresas que são importadoras do etanol anidro americano, na prática, fazem arbitragem, ou seja, trazem o etanol anidro e ganham com esse diferencial de preço da comercialização no mercado. Ou seja, o preço do produto no mercado doméstico, quando importado, acabava chegando a um custo menor do que efetivamente o preço do anidro em Alagoas, por exemplo.

Neste momento, segundo Torres, o câmbio está encarecendo a importação, ou seja, em um curto prazo, está ocorrendo uma redução de ganho nessa arbitragem.

“Quando importo o produto com essa taxa de câmbio, o etanol importado chega ao mercado brasileiro com um custo muito similar ao preço de venda do etanol produzido no Brasil, reduzindo o ganho da operação de importação e da operação de arbitragem”, acrescenta.

Se a taxa de câmbio continuar desvalorizando o Real, provavelmente a isenção de taxa de importação para o etanol norte-americano não vai impactar fortemente o setor, porque perde a competividade e reduz o ganho trazido pela arbitragem, reduz o ganho da importação.

“O câmbio tira a competitividade que existia lá atrás. Então, a curto prazo não afeta tanto. Por outro lado, se houver uma valorização do Real, esse cenário pode inverter. E esse cenário invertido, com inundação do mercado com produto importado, causa uma pressão negativa de preços, prejudicando principalmente os produtores de etanol do Nordeste”, afirma.

Entressafra positiva

O cenário montado pelos especialistas do Pecege continua bastante positivo para a entressafra brasileira. Segundo Torres, a entressafra canavieira vai coincidir com outro vetor, que é o de retomada da economia brasileira.

“Não havendo uma segunda onda de Covi-19, esperamos que a entressafra vai coincidir com o aumento de aceleração da retomada economia no Brasil e consequentemente o aumento de consumo de combustíveis de ciclo otto, aumentando a demanda e, consequentemente, seguindo numa pressão positiva de preços para o etanol”, afirma o economista.

A mesma coisa vale para o açúcar. Muitas usinas já têm açúcar fixado para a próxima e até mesmo para duas safras seguintes. Diante disso, os preços deverão ser bastante positivos, mesmo que ainda sejam inferiores aos preços vistos na última safra.

“Basta ver o Brent. Chegamos a ver custar US$ 64 o barril e agora estamos na casa dos US$ 41-42 o barril. Uma queda de preços natural trazida pelos choques do início do ano”, pontua Torres.

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