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Usinas na nuvem: é presente, é futuro
É uma realidade. Muito em breve, empresas sucroenergéticas que possuem sistemas de ERP – sejam dos maiores e mais complexos até os mais simples e adequados ao negócio de cada unidade – vão ter que pensar em como migrar toda sua operação para a nuvem.
O mercado de migração de ERP para a nuvem está estimado em US$ 78 bilhões no mundo. Só para se ter uma ideia, uma das maiores empresas de ERPs do mercado, a SAP, anunciou que, até 2025, vai focar 100% no SAP Hana e descontinuar o ECC. Com isso, todas as empresas que usam seus sistemas precisarão migrar para a nuvem.
Enquanto algumas usinas e produtores de cana acreditam que a conexão de internet é o principal “dificultador” para o processo de migração para a nuvem, já que muitas unidades estão localizadas em regiões onde o sinal de internet ainda é ruim, duas unidades estão na vanguarda dessa tecnologia.
É o caso da Malosso Bioenergia, que mói cerca de 900 mil t por ano em Itápolis, SP, e que desde janeiro deste ano iniciou o processo de migração do seu ERP local para a nuvem.
Segundo Vicente Nigro Viana, assessor de TI da unidade, além da eliminação quase por completo da preocupação com hardware, servidores locais e possíveis ataques de hackers, a facilidade de acesso, a mobilidade, já que se tem acesso ao ERP via APP pelo celular de qualquer lugar, e a redução de custos, foram os pontos que motivaram a empresa a migrar.
O processo ainda está em andamento, mas já é possível afirmar que a usina teve uma redução de custos em torno de 50%. “Em infraestrutura reduzimos dois servidores locais, dois VMs de backup e um nobreak de alta capacidade. Mas, posteriormente, acreditamos que teremos outras economias com mão de obra, energia, geradores, nobreaks e papel”, afirma o assessor em TI.
Segundo Viana, o processo de migração envolve todas as áreas da empresa, dependendo do que precisa ser migrado para a nuvem.
“Não conseguimos estimar a data final da migração, mas posso dizer que compensa muito. Logo no início eliminamos muitas preocupações. Além disso, se o ERP já for adaptado para a migração, como é o nosso caso, demoraremos menos tempo. A empresa CHBSUCRO está sendo nossa maior parceira, toda a consultoria nos foi dada por eles. Facilitou muito”, destaca o assessor em Ti da Malosso.
ERP WEB facilitou migração
A CRV Industrial, grupo com duas unidades sucroenergéticas, tem uma de suas usinas, localizada em Goiás, já operando 100% na nuvem graças ao fato do sistema ERP desta unidade ser WEB.
Alexandrino Serafim da Silva Neto, gerente de TI da CRV Industrial, diz que a busca pela migração ocorreu porque percebeu-se que os investimentos em infraestrutura não atendiam as expectativas da usina. Inclusive, incidentes ocorriam safra após safra.
Depois de fazer um levantamento dos investimentos e ao fazer um comparativo, concluiu-se que o ideal era manter uma infraestrutura em nuvem, mesmo que representasse maior desembolso, já que os recursos ofertados apresentavam um melhor custo/benefício.
“Assim, avançamos com o projeto. Fizemos visitas, verificamos cases de sucesso, trabalhamos com arquitetos experientes, contratamos cursos para a equipe e implantamos a nuvem da AWS por entender que seria a melhor opção para nós”, revela Neto.
Hoje, os ganhos mais visíveis com os sistemas têm sido na mudança cultural, considerando a forma como as operações eram feitas e como são realizadas atualmente.
“Buscamos continuamente tornar os nossos processos mais ágeis, sem perder o controle. As palavras-chave são agilidade e controle. É possível atingirmos esses pontos com parcerias que têm bagagem em nossa área. A CRV Industrial utiliza um ERP Sucroenergético que usa tecnologia WEB hospedado em nuvem. Esse sistema abrange praticamente todas as áreas do nosso negócio”, explica Neto.
O facilitador para a migração para nuvem foi justamente o fato do sistema ERP da CRV ser WEB. “Ao redor do ERP temos diversas outras tecnologias que enviam dados para o sistema ou extrai dados do mesmo, todos estes também são mantidos na nuvem”, adiciona o gerente de TI da CRV Industrial.
As unidades também têm sistemas de logística voltados principalmente para a entrega dos produtos aos clientes, que otimizam o processo de expedição. Além disso, contam com softwares voltados para o controle de processo industrial, de certificados de qualidade, de gestão eletrônica de documentos, Business Performance, Analytics e de digitalização de processos de negócio.
“Para manter esses serviços, especializamos a TI por processo de negócio, no qual foram criadas as coordenações de infraestrutura, projetos e de suporte que respondem imediatamente à gerência de TI”, afirma Neto.
Hoje, o Departamento de TI da CRV Industrial conta com uma equipe de 12 colaboradores, desses, quatro se referem ao suporte dedicado ao ERP e demais sistemas.
“Com a nuvem podemos implantar serviços de forma mais ágil e aproveitar inúmeros benefícios desta tecnologia. Antes, tínhamos dificuldades em dimensionar melhor nossa necessidade e os investimentos na infraestrutura poderiam gerar gargalos ou largura demasiada, hoje, qualquer serviço pode ser imediatamente iniciado ou pausado pontualmente. A estrutura pode ser perfeitamente dimensionada”, destaca o gerente de TI da CRV Industrial.
Ainda de acordo com o especialista, com o sistema em nuvem, é possível simplificar a estrutura física, pois há maior condição de gestão e isso reflete na otimização do orçamento.
“O potencial para expansão dos serviços há tempos não tem sido tão facilitado. As possibilidades têm sido inúmeras, considerando um exemplo em que a contabilidade precisa analisar cenários para aperfeiçoamento da tributação, podemos rapidamente subir um serviço que lhes permita testar alguns possíveis casos e, posteriormente, o resultado dessa análise se refletir em um projeto que possa trazer retornos milionários em longo prazo”, afirma Neto.
Ainda de acordo com ele a área de Tecnologia da Informação, a diretoria e cada uma das áreas de negócio da CRV nunca estiveram tão satisfeitos com os serviços como têm estado ultimamente.
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