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Venda de etanol despenca e preço do combustível nas bombas recua

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Etanol

Após atingir o patamar de R$ 5,499 por litro no mês passado, o preço do etanol começou a recuar nos postos de combustíveis de Rio Preto. O valor elevado nas bombas provocou uma queda na competitividade do biocombustível frente à gasolina — que passou a ser preferência de grande parte dos motoristas na hora de abastecer. Consequentemente, a menor demanda pelo produto puxou os preços para baixo.

Levantamento da Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural (ANP) apontou que o preço mais caro do etanol em Rio Preto é de R$ 4,999. O valor, no entanto, ainda está defasado em relação aos atuais valores praticados no mercado, já que a última cotação disponível é relativa à semana de 27 de novembro a 4 de dezembro. Desde o início da semana, os motoristas encontravam o litro do etanol sendo vendido a R$ 4,749 — uma queda de R$ 0,75, ou de 13%, em comparação com o preço máximo registrado no mês passado.

“Esse resultado é fruto de uma mudança na oferta e demanda”, afirma Antônio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Ele explica que as usinas estavam com a oferta de etanol restrita, incompatível com a procura. “Com a queda na demanda nos meses de outubro e novembro, a equação se inverteu e fez com que os estoques ficassem maiores do que a demanda atual. Por isso, foi possível ver nos últimos 30 dias uma queda de 11% tanto no etanol hidratado quanto no anidro“.

No final da última semana, o litro do etanol hidratado na média do Estado de São Paulo era cotado nas usinas por R$ 3,459 (valor sem frete e impostos), segundo o Cepea. No final de outubro, o litro era cotado em R$ 3,828. Já o etanol anidro foi cotado a R$ 4,000 por litro no final da semana passada, ante pico de R$ 4,5353 por litro no início de novembro.

Essa condição pode favorecer também uma queda no preço da gasolina, já que o combustível fóssil utiliza 27% de etanol anidro em sua composição. “A queda de 11% no preço do etanol anidro ainda não refletiu no preço da gasolina como também ainda não chegou no etanol hidratado, mas em algum momento provavelmente deve chegar. No produtor já aconteceu a queda, agora o mercado é livre tanto para distribuição quanto para revenda”, reforça Rodrigues.

Tendência de queda

O economista da Faculdade de Administração e Economia (FEA) da USP, Luciano Nakabashi, reforça que a gasolina é preferência dos motoristas quando o preço do biocombustível fica acima da margem de 70% em comparação com o combustível fóssil. “Hoje, na maior parte dos lugares o preço do etanol está mais caro do que 70% do preço da gasolina”.

Segundo o especialista, após atingir o pico, a tendência é de que o preço dos combustíveis continue em queda no próximo ano. “Pode ser que os preços continuem em patamares altos, mas subir mais do que está acho bastante difícil”, afirma. Ainda segundo Nakabashi, a nova variante do coronavírus pode provocar efeito sobre a economia mundial. “Se houver esse efeito, ele será de redução do preço do petróleo”.

Segundo o pesquisador, como o petróleo está ligado ao mercado internacional, ele influência na variação de preço dos outros combustíveis, como é o caso do biocombustível. “A gasolina afeta o preço do etanol, muito mais do que o contrário”.

Comissão aprova projeto

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira, 7, projeto de lei que cria um programa de estabilização do valor do petróleo e de derivados no Brasil e força uma alteração na política de preços da Petrobras. A proposta foi apresentada no contexto de reclamações sobre os aumentos do preço dos combustíveis. O texto segue para votação do plenário. Se aprovado, precisará ser apreciado pela Câmara dos Deputados.

A proposta tem o condão de alterar a política de preços de reajustes da Petrobras, que considera as variações dos preços do barril de petróleo no mercado internacional e do câmbio. Pelo PL, os preços internos praticados por produtores e importadores de derivados do petróleo deverão ter como referência as cotações médias do mercado internacional, os custos internos de produção e os custos de importação, “desde que aplicáveis”.

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