Os preços do etanol hidratado para as usinas da região Centro-Sul registraram a maior queda diária dos últimos dois anos na última quarta-feira (4), pressionados pelo início da safra 2018/19.
A S&P Global Platts avaliou o etanol hidratado (sem o ICMS) em R$ 2,03 por litro, 4,2% mais baixo do que na terça-feira (R$ 2,12). Segundo a companhia, o valor estava abaixo das ofertas pré-fixadas de longo prazo, de R$ 2,05 por litro.
A avaliação foi a menor desde 8 de novembro de 2017. Já a queda, em porcentagem, foi a maior desde o início de abril de 2016, no começo da safra 2016/17.
Uma fonte em um grande produtor de etanol citada pela S&P Global Platts afirmou que sua produção semanal foi vendida na segunda-feira com o valor entre R$ 2,130 e R$ 2,180 por litro. “Graças a Deus eu fiz a venda dois dias atrás”, afirmou o comerciante.
Os valores atuais contrastam com os do mês passado. Entre os dias 13 e 16 de março, o etanol hidratado atingiu o recorde de R$ 2,320 por litro, o maior valor desde que a Platts lançou suas avaliações, em abril de 2014.
A mudança de safra tem grande influência nos preços entre março e abril, especialmente porque as usinas iniciaram a safra 2018/19 antes do encerramento oficial da temporada, em 31 de março. Assim, há uma nova oferta do biocombustível, pressionando os preços.
Conforme pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), a maior liquidez do etanol e a necessidade de capital de giro de usinas com baixo nível de capitalização também influenciaram as quedas no início da safra.
Segundo os números da instituição, o preço do etanol hidratado nas usinas paulistas (sem ICMS e PIS/Cofins) recuou 8,44% na primeira semana se abril, indo de R$ 1,8020 o litro para R$ 1,6499 o litro.
Mix alcooleiro
Devido à alta demanda por etanol nos postos, ao excedente global de açúcar e a questões técnicas, os produtores estão direcionando a maior parte possível da cana moída desta safra para a produção de etanol.
O mix da produção de cana-de-açúcar no Centro-Sul na safra 2018/19 deve atingir 58,8% para o etanol, de acordo com a mais recente pesquisa da S&P Global Platts.
Este seria o maior mix desde 2015/16, quando 59,36% da produção foi destinada para o etanol. Além disso, ele também é 5% maior do que a estimativa final da S&P Global Platts para a safra 2017/18.
Considerando a concentração de açúcar total recuperável no caule da planta no início da safra, tradicionalmente, a safra começa mais alcooleira, o que amplia a oferta do biocombustível. Além disso, a demanda por etanol nos postos segue alta, incentivando a produção.
Influência climática
“O clima tem auxiliado na evolução da safra”, afirma um corretor da Platts. As usinas precisam do clima seco no período, condição considerada a ideal para colher e processar a cana-de-açúcar com suficientes concentrações de açúcar.
Considerando este cenário, o mercado espera que o fornecimento doméstico aumente rapidamente nos próximos dias. “Os produtores querem vender antes que o abastecimento aumente ainda mais”, disse outro corretor da companhia.
Fonte: Global Platts